No papel, time por time, banco por banco, o Galo é melhor. Mas o São Paulo está subindo de produção e tem o empate a seu favor, além da perspectiva de marcar um gol fora de casa. A imprensa paulista aposta no técnico argentino Edgardo Bauza para fazer diferença. Vejo este jogo como divisor de águas na carreira de Diego Aguirre: se classifica e se consagra ou perde o emprego. Também pode ser o dia de afirmação do Robinho, que ainda está devendo uma exibição de gala, dessas de entrar para a história e justificar o investimento.
Repasso às senhores e senhores a opinião de dois colegas paulistas, a quem respeito muito. Juca Kfouri e Paulo Vinícius Coelho, publicadas na Folha de S. Paulo.
Primeiro o Juca:
* “Que no Horto vejamos muito mais do que vimos no Morumbi e que os professores Diego Aguirre, uruguaio, e Edgardo Bauza, argentino, não se esqueçam de que só ganhar é pouco.
Mais: o futebol brasileiro não precisa de ninguém que lhe ensine a dar pontapés, até porque já sabe.
Na bola, pela experiência de Bauza e pela vantagem que obteve, o Tricolor pinta como semifinalista.”
***
Esta do PVC, deveria ser mostrada ao Diego Aguirre:
* “A vitória dos reservas do São Paulo sobre o Botafogo foi a primeira fora de casa sob o comando de Edgardo Bauza. Antes, oito empates e cinco derrotas como visitante serviam como um ponto de desconfiança, antes da viagem para Belo Horizonte para as quartas de final da Libertadores.
O São Paulo está melhor. Não porque venceu o vice-campeão carioca com os reservas. A medida é o crescimento nas apresentações contra Trujillanos, River Plate e Toluca. A pior das atuações no Morumbi pela Libertadores foi contra o Atlético.
Contra o Trujillanos, sem aparente base para análise pela fragilidade do rival, o São Paulo deu o primeiro sinal de melhora tática, com triangulações pelos dois lados do campo. Um trio com Mena, Michel Bastos e o apoio de Ganso pela esquerda, outro com Bruno, Kelvin e a chegada de Hudson ou Calleri na direita.
O time não está pronto, tem problemas na cobertura dos laterais, sofreu oito dos nove gols da Libertadores em cruzamentos e pode até ser eliminado na próxima quarta-feira, no estádio Independência. Mas está diferente.
O diagnóstico da mudança foi passado pela primeira vez por uma pessoa que frequenta o vestiário dois dias antes da goleada sobre o Toluca. “Mudou!” A frase referia-se ao ambiente transformado nos quarenta dias que se seguiram à derrota para o Strongest.
Naquele dia, no Pacaembu, Michel Bastos fazia parte de um grupo em greve de silêncio como protesto contra os direitos de imagem em atraso. Lugano, Calleri e Alan Kardec discordaram dele e deram declarações.
A crise se ampliou com a derrota para o São Bernardo, em março. Três dias depois, o diretor executivo, Gustavo Oliveira, improvisou uma entrevista coletiva e falou sobre a falta de vontade do elenco. Não era isso.
“Internamente estamos cuidando de tudo o que está faltando”, disse ele, na época.
Nos dias seguintes, uma sequência de reuniões serviu para deixar claro aos jogadores que se alguma coisa tivesse de mudar seria o elenco. Mudar o técnico era considerada uma estratégia fracassada, pelas trocas de Muricy por Osorio, Osorio por Doriva e Doriva por Milton Cruz no ano passado.
A percepção era de que Edgardo Bauza estava sendo testado pelo time e quinze reuniões individuais foram feitas para comprometer os jogadores. Não houve só cobrança, mas compromissos assumidos. A direção prometeu que não haveria mais atrasos salariais depois da assinatura do novo contrato de TV.
Também deu atenção especial a Dênis e Michel Bastos. O primeiro pela dificuldade de ser o substituto de Rogério Ceni. O segundo pela relação tumultuada com a torcida. Nem Inter nem Palmeiras nem Santos. O São Paulo fez questão de dizer a Michel Bastos que desejava sua sequência no Morumbi.
É impossível dizer se esta história levará às semifinais. É certo que se nada disto tivesse acontecido a chance de já estar fora da Libertadores seria muito maior.
O Atlético tem dificuldade para fazer a bola passar pelo meio-campo. A entrada de Cazares pode atenuar o problema.
Se isto acontecer, pode ser mais difícil para o São Paulo. Os titulares não venceram nenhuma vez como visitantes neste ano. Só os reservas salvaram. Mas não se esqueça que o empate levará às semifinais.”
* PVC
» Comentar