No primeiro turno o palco das maldades foi o Independência, neste domingo, Mineirão
Já joguei a toalha há muitos anos em relação às tolices que os dirigentes dos nossos dois maiores clubes fazem com os torcedores de um e outro. E infelizmente há muitos torcedores, de ambos, movidos pelo fanatismo que acham correto todo tipo de maldade contra a torcida adversária quando o mando de campo lhe pertence.
Que ninguém venha me dizer que isso faz parte da rivalidade, pois se trata de outra coisa: bobagem! Está dentro dos minutos de asneira que todo mundo tem durante o dia. Não importa se é “troco”, “retaliação” ou o que os dois lados argumentam. O certo é que um dia deveria aparecer um mandatário de um lado ou do outro que desse um basta nisso. Ganharia o respeito geral.
Mas, acho que nem eu e nem os senhores e senhoras que nos fazem companhia aqui, verá isso acontecendo.
O companheiro Fernando Rocha, também fala sobre esta situação na coluna dele que circulará domingo, no Diário do Aço, de Ipatinga:
* “Polêmicas desnecessárias”
Hoje tem mais um clássico Cruzeiro x Atlético pelo Campeonato Brasileiro, cercado de expectativa e, envolto sobretudo de polêmicas desnecessárias, provincianismo, o mais do mesmo que se repete entra ano sai ano, toda vez que os dois maiores rivais aqui dos nossos grotões se encontram.
Cartolas, aspones e aparícios em geral dos dois lados, aproveitam o espaço aberto pela mídia, ávida por audiência, para conseguir um minuto de fama, às custas do sacrifício, boa fé e paixão dos torcedores, criando empecilhos, sacaneando ao máximo, como se isto os leve a ganhar algum troféu.
Foi assim no 1º turno, onde o mando de campo era do Atlético, no Independência, local totalmente inapropriado para sediar um jogo dessa grandeza, que aumentou abusivamente para R$120 o valor do ingresso para os cruzeirenses.
Agora foi a vez da diretoria do Cruzeiro dar o troco, muito além da mesma moeda, com um grau de sarcasmo e sacanagem acima de qualquer expectativa, ao fixar o preço do bilhete para os atleticanos em R$240, cerca de duas vezes e meia o valor médio cobrado dos cruzeirenses, além de proibir bandeiras, instrumentos musicais, etc, da torcida adversária.
Bons tempos eram aqueles em que o Mineirão, dividido ao meio, recebia mais de 100 mil torcedores nos clássicos entre os nossos dois maiores rivais, numa das festas do futebol mais bonitas deste planeta. Quem viu, viu, quem não viu… só resta a alternativa do Youtube.
Disse tudo
O personagem da semana passada foi novamente um treinador, – na anterior Cuca, por ter posto o dedo na ferida e mostrado toda a incompetência da administração do próprio clube -, agora Adílson Batista, técnico do América, que falou as verdades para dirigentes e parte da imprensa ouvir, sobre este calendário maluco, com jogos até três vezes por semana em competições diferentes, que arrebenta com os jogadores e não permite que se jogue um futebol de boa qualidade técnica.
Após o péssimo futebol apresentado de América x Ceará, no 0 x 0 sob um sol escaldante das 11hs no Independência, o técnico Adilson Batista disse em tom de desabafo: “Não adianta nós ficarmos reclamando, nós treinadores e atletas, para apresentar um jogo de bom nível. Dava para ter colocado às 17h, você ameniza, dá para tirar as 20 datas de Estadual, que não vale nada, não leva a lugar nenhum, não joga contra ninguém. Só por causa da Federação, recebe R$ 100 mil e fica esses campeonatos estaduais. Aí fica esse futebol que vocês estão vendo: lento, preguiçoso, e eu mostrei para eles. Eu vi Brasil e Estados Unidos, você vê futebol de alto nível, jogadores tops, todos fazem andar rápido. É muita velocidade, muita intensidade. Ninguém fica penteando a bola. Aí você tem que viajar para Uberaba, Uberlândia, tem que ir lá para Ituiutaba, aí vai chegar aqui, meio de agosto e setembro, está cansado. Mas quem comanda o futebol não enxerga isso. Não adianta eu ficar falando, outros treinadores já falaram. Tem 44 finais de semana, tem 88 datas, quarta e domingo para fazer decentemente um Campeonato Brasileiro. Mas não querem. É político, é um reflexo do que estamos vendo aí, só tem ladrão neste país”.
- Pena que a CBF, Federação Mineira e as demais obsoletas entidades iguais à ela, espalhadas de norte a sul do país, a emissora que paga caro e patrocina essa balbúrdia, todos quietinhos e bem acomodados na zona de conforto, não estejam nem aí para o problema do calendário, desnudado inteiramente pelo técnico do América, Adílson Batista, com essas declarações. Como disse o maestro Tom Jobim: “O Brasil não é para amadores”.
- Quanto aos times para o clássico de hoje no Mineirão, o técnico Mano Menezes disse logo após a vitória sobre o Palmeiras, que irá mandar a campo um time todo reserva, pois a prioridade. Na próxima quarta-feira vai à Argentina pegar o Boca Juniores, pelas quartas de final da Libertadores, aí então vai usar a força máxima. Embora sem vencer nas últimas três rodadas, este time “alternativo” do Cruzeiro tem jogadores de boa qualidade, exceção dos laterais Ezequiel e Marcelo Hermes, em condições de vencer o clássico, ainda mais apoiado pela maioria dos torcedores presentes no Mineirão.
- No Galo algumas dúvidas principalmente no meio de campo, onde o técnico Thiago Larghi pode escolher entre Elias ou Galdezani, mas é certo a volta do colombiano Chará, que esteve ausente nos dois últimos jogos por estar servindo a seleção de seu país. O resultado é muito mais importante para o Atlético, que briga na parte de cima da tabela, por isso terá de ser mais ofensivo.
- Continua rendendo polêmica o gol não validado no finzinho da partida, que poderia ter tirado a vitória de 1 x 0 do Cruzeiro sobre o Palmeiras pela Copa do Brasil. Ví o lance dezenas de vezes e continuo achando que não ouve falta do Dracena em Fábio. Isto é fato e o Palmeiras tem razão de reclamar. Mas, acontece que o juizinho fraquinho marcou a falta, um lance interpretativo, portanto, sem direito ao VAR. A jogada seguiu e o gol saiu, mas não deveria valer mesmo. Resumo da ópera: o VAR, ainda mal interpretado neste início de utilização aqui no Brasil, não irá acabar com todos os erros do futebol mas diminuí-los. E o Palmeiras que vá chorar na cama onde é mais quente. (Fecha o pano!)
Por Fernando Rocha – Diário do Aço – Ipatinga