A coluna do Marcos Caldeira, d’O Trem Itabirano:
*”(A Eurocopa do Mundo vista do meu sofá)”
A TRAVE DA COPA É FEITA DE MINÉRIO, DIZ VALE.
VOU ALÉM: HÁ UM PEDACINHO DE ITABIRA NÃO SÓ
NA RÚSSIA, MAS EM CADA CIDADE DO MUNDO
Recebi da empresa Vale um vídeo institucional no qual lembra a presença de produtos trabalhados pela companhia nos estádios da Copa do Mundo, construídos com estruturas metálicas, e, sobretudo, na parte que mais gera emoção no futebol: as traves. Para ficar em torno do próprio umbigo, a mineradora economizou na análise. Dá para escavar um pouco mais o assunto e dizer que há pedacinhos de Itabira não apenas nos estádios da copa, mas em praticamente todas as cidades do mundo. O minério extraído no solo itabirano há 76 anos se transforma em utilidades para povos de todos os países: pregos, tesouras, camas hospitalares, talheres, ferragens de prédios, peças de automóveis, de computadores e de navios, alfinetes, armas e outras dezenas de milhares de produtos fabricados com ferro. No extinto bar Cinédia, os mais ébrios lembravam, ufanisticamente, que há pedaços de Itabira até na Lua, em restos de foguetes lá deixados por astronautas. Impossível mencionar essa grandeza sem evocar a épica dívida social e ambiental da Vale com Itabira, sua cidade-berço. Mineração é atividade destruidora demais, estraçalha tudo. Polui violentamente o ar, jogando veneno nos pulmões de todos; causa assoreamento de córregos; esgarça culturas ao apagar bairros inteiros em desocupações de áreas a minerar ou perto de minas em atividade; provoca migração desordenada, criando favelização e pressionando os serviços públicos; esteriliza solos; cria risco de catástrofes épicas, como a que desgraçou Mariana, aquela avant-première do apocalipse vista em 2016; estupra a paisagem, prejudicando a autoestima de um povo; suga a água mais fácil, obrigando o município a captar o líquido em lugares mais difíceis, o que encarece o produto ao consumidor, entre outros problemas graves e gravíssimos. Então, é melhor não minerar, perder os empregos, deixar a população sem os benefícios da atividade e fazer traves de pau? Claro que não! Não se defende a paralisação do setor, mas que os municípios minerados sejam recompensados com justiça. Estudos do Banco Mundial e da Comissão Econômica para a América Latina são unânimes neste ponto: a tributação sobre a mineração no Brasil é muito baixa, se comparada com a de outros países. Na Austrália, o royaltie do minério é de 7%; no Canadá, 9%. No Brasil, era de 2% sobre o faturamento líquido e só este ano passou para 3,5% sobre a arrecadação bruta.
CROÁCIA: OS QUADRICULADOS ALVIRRUBROS
QUEREM ENTRAR PARA O CLUBE DOS OITO (mais…)