A inversão de valores chegou a um ponto em que o ser humano é o que menos importa. Nem falo da violência absurda que toma conta do planeta, aqui, principalmente, mas do dia a dia, daquilo que deveria ser o óbvio, o normal. Não existe mais respeito ao senso comum, ao que a maioria da população pensa. Àquilo que antigamente era chamado de “opinião pública”. Agora, a pública e a publicada nada valem.
Os governos não tomam conhecimento se a vida do cidadão vai melhorar ou piorar se ele não tomar certas medidas ou deixar a coisa desandar. Esta greve dos caminhoneiros, por exemplo. É questão de sobrevivência. Como o camarada vai conseguir tocar a vida dele, pagando para trabalhar? Se o preço do diesel e da gasolina foi represado durante anos, erradamente, também não poderia subir quase toda semana no ritmo alucinado adotado pelos atuais ocupantes do poder. Questão de raciocínio lógico.
Aí entramos em nossa seara, o futebol. Com o país quase parado, por falta de combustíveis, a CBF mantém a rodada do Brasileiro. Idiotamente alega que as companhias aéreas garantem os vôos das delegações. Mas e o que deveria ser o principal? A razão de ser deste esporte que é o torcedor, o “besta”, que paga toda a conta!
Estes dirigentes imbecis não tomam conhecimento se haverá transporte para aquele que quer ir ver o espetáculo.
Atlético e Flamengo, por exemplo, não é uma pelada de amigos do Bairro Horto, para atrair apenas a vizinhança, que pode ir a pé. Os bairros distantes da capital mineira, milhares de pessoas do interior de Minas, do Rio e outros estados não contam? Sem falar naqueles que precisam trabalhar no jogo: imprensa de várias cidades distantes, segurança, polícias, serviços médicos e etecetera e tal.
Os dias atuais são de racionamento geral de combustíveis, para garantir os serviços básicos da população, que precisa ter a coleta de lixo, ônibus, táxis, aplicativos, ambulâncias, rabecões, carros fúnebres, e por aí vai.
A CBF e os clubes não estão nem aí para a presença de torcidas nos estádios porque acredita que só o dinheiro da TV basta para pagar a conta toda. Se esquecem que este desprezo pelo torcedor de raiz provoca um paulatino desânimo em torno do produto, que vai se enfraquecendo. O futebol enfrenta atualmente a concorrência de outros incontáveis atrativos para crianças, jovens, adultos e mais velhos, que vão dividindo este bolo. A audiência de um jogo de futebol na TV vem caindo, apesar de ser, ainda, o melhor filet.
A cartolagem também não leva em conta que a qualidade técnica do Campeonato Brasileiro está muito baixa em relação ao internacional. Na tarde de hoje teremos a final da Champions, cheia de craques de verdade. Mais tarde o torcedor liga a TV pra assistir partidas da segunda, terceira e quarta divisões do futebol mundial.
Pra complicar mais ainda, Atlético e Flamengo jogam no pior dia e horário possíveis para quem gosta de futebol. É pra espantar mesmo até os mais apaixonados.