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Em busca da audiência a qualquer custo, esta prática de contratar aposentados da bola foi iniciada pelo saudoso Luciano do Vale nos anos 1980, quando ele criou o “Canal do Esporte”, na Bandeirantes. Na verdade, ele se inspirou no que o Gil Costa fez com o Reinaldo, quando a Rádio Capital estava se instalando em Minas Gerais. Gil mirava o primeiro lugar no Ibope e sua fixação era bater a Itatiaia. Buscou lá o Vilibaldo Alves, que era como o Mário Henrique Caixa nos tempos de hoje; Paulo Roberto Pinto Coelho o “repórter que sabia de tudo”; Marco Antônio Bruck, que na época já era o plantão mais eficiente do nosso rádio e outros profissionais de renome da Inconfidência e Guarani. Mesclou com desconhecidos e novatos, como eu, Kleyton Borges, Garcia Junior e vários outros. A fórmula deu certo. Mas a Itatiaia continuava líder, com folga. Aí o Gil resolveu apelar para a popularidade do Reinaldo, que estava se recuperando de mais uma grave cirurgia no joelho, depois da Copa da Argentina em 1978. Quase um ano parado. O Rei topou ser comentarista da Capital enquanto estivesse no “estaleiro”. Foi um sucesso. Alavancou mais ainda a audiência da rádio, que, entretanto, continuou em segundo lugar. Mas quase chegou lá!
Pouco tempo depois o Luciano do Vale montou a ótima equipe que conquistou o Brasil nas transmissões da Rede Bandeirantes e repetiu a fórmula, contratando ex-atletas de qualquer modalidade e ex-árbitros de futebol. Quanto mais famosos e polêmicos, melhor pra audiência. A Globo viu que estava perdendo espaço e aderiu à formula. E as demais emissoras, jornais e rádios seguiram a onda.
Só que a porteira ficou aberta demais e passou a valer só a fama. Não importava e não importa se o sujeito tem conteúdo ou estatura moral para ocupar um microfone ou um espaço qualquer nas mídias. Há ex-jogadores e ex-árbitros que são ótimos comentaristas, mas, outros que não acrescentam nada. Uns duram muito, outros nem esquentam o lugar.
Juninho Pernambucano durou pouquíssimo. Começou cair em descrédito quando, semanas atrás acusou o Flamengo e a sua torcida de “preconceituosos”. O quê? Flamengo preconceituoso?
Disse ele num comentário: “Falta comando. É a torcida que escala o Vinicius Junior. A torcida tirou o Renê… porque o Vinicius Junior tem que jogar e o Renê é ruim. Mas como o Renê é ruim se chegou no Flamengo? Cada um tem sua característica. O Renê é feio, é nordestino e não é amigo de ninguém. Essa é a realidade. O Brasil é preconceituoso. O brasileiro é preconceituoso. E a torcida da massa é preconceituosa…”.
Agora Juninho generalizou e foi covarde contra os repórteres que cobrem os clubes, com ataques tipo: ““Os setoristas são muito piores hoje em dia”, disse. “Eu sei que eles ganham mal, mas cada um tem o caráter que tem. Se eu sou setorista, o que eu ia fazer? Ia tentar fazer um ótimo trabalho para tentar ir para outra etapa, subir. (…) Entre quem cobre o futebol, a prostituição está muito grande. Isso é muito perigoso…”
“… o cara do UOL escreveu que os jogadores exigiram a troca de ônibus do Flamengo porque quicava. Mentira. Exige a troca porque ninguém quer sair com a bandeira do clube. Você é louco de sair com a bandeira e correr o risco de levar uma pedrada? Aí o cara irresponsavelmente, porque tem relação com o dirigente, setorista, vai e põe uma pilha dessa…”
O SporTV divulgou nota oficial: “O SporTV não concorda com a opinião e nem com a generalização. Há bons e maus profissionais. Temos mais de 30 setoristas trabalhando no grupo Globo e a eles toda a solidariedade”.
Assim como na imprensa, há incontáveis cabeças cozidas e desonestos em todas as atividades profissionais. Que o Juninho vá curtir a vida com a grana que ganhou com o talento que tinha como jogador de futebol.