Foto do Vinnicius Silva/Cruzeiro
A história do Robertinho é muito parecida com a de milhões de brasileiros: queria ser jogador de futebol na infância e tentou enquanto deu. Quando sentiu que não daria tratou de pensar em outra ocupação, mas dentro do futebol. Bateu em várias portas e agarrou as oportunidades que obteve. Com força de vontade, humildade e muita criatividade conseguiu ocupar o seu espaço e hoje é um das referência entre os preparadores de goleiros do futebol brasileiro graças aos métodos diferentes, que ele mesmo desenvolveu.
Robertinho concedeu ótima entrevista ao Henrique André, do Hoje em Dia, que vale a pena ler:
“Das ligações a cobrar para Itair ao trabalho-referência no país: a trajetória de Robertinho”
Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
O menino de Coronel Fabriciano, cidade do Vale do Aço, que sonhava em ser goleiro profissional desde a infância, tornou-se referência no Brasil, mesmo sem a camisa 1. Das noites em que se deitava às 19h e ficava até às 22h sonhando com as entrevistas à imprensa e com todo o glamour do mundo da bola ao árduo trabalho como um dos principais treinadores do país, Roberto Barbosa dos Santos, o Robertinho, encarou vários desafios.
Responsável por cuidar dos goleiros da Raposa desde 2010, o treinador de 45 anos recebeu de braços abertos o vice-presidente Itair Machado e fez o papel de revelar suas qualidades para quem não o conhecia quando chegou ao clube. Tudo por gratidão.
Nesta entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, Robertinho conta como iniciou a vida no futebol, relembra das ligações à cobrar para Itair, quando, pelo telefone público, pedia emprego no Ipatinga, fala da experiência com Bruno no Flamengo, diz como é a convivência e os desafios com Fábio, Rafael e demais goleiros do Cruzeiro, e muito mais.
Como começou a sua relação com o futebol?
Eu desde sempre gostei de futebol e sempre como goleiro. Nas peladas eu era sempre o primeiro a ser escolhido; era o melhor e o único que queria ir no gol era eu. Com 12 anos, já jogava bola no meio do adulto. Menino do interior, muito pobre, família bem humilde. Eu tinha um vizinho e, com 13 anos, ele marcou um teste aqui no Cruzeiro. Estava indo até bem, estava treinando e quebrei o dedo. Chegou um goleiro de Ubá, de 1,92m, e eu tinha um metro e meio. Acabei dispensado por causa do tamanho. Fui para o Santa Tereza, onde joguei o campeonato de infantil. No ano seguinte fui para o América, onde joguei o campeonato de juvenil. Fizemos um jogo no Rio de Janeiro e uma pessoa do Bangú me convidou. Peguei minha mala, sem avisar ninguém, e fui pra lá. Joguei por um tempo no Rio, até no profissional. O Palmieri, que foi goleiro lá, me levou para o Botafogo de Ribeirão Preto. Depois recebi um convite para jogar no nordeste e acabei aceitando; para mim, um grande erro da minha carreira, porque deixei um grande centro que é São Paulo e ir para o interior de Alagoas. Fiquei por lá, casei, tive filhos e, como atleta, as condições eram ruins. Com salários atrasados, resolvi não seguir mais a carreira, por causa da responsabilidade com a família. Passou um tempo, eu estava na minha fabriquinha de camisas e escutei na rádio que a comissão do Asa, de Arapiraca, tinha toda ido embora. Resolvi pedir emprego, mesmo contra a vontade da minha mulher, e fui. Bati na porta, sem ninguém me conhecer, aí o Chiquinho, o técnico, me deu uma oportunidade. Foi na época que o Asa tirou o Palmeiras da Copa do Brasil. Eu ganhava 400 reais por mês e nunca recebi um salário integral. Assim foi o início da minha carreira, com muito sofrimento, mas eu acreditava na força do trabalho e no potencial que eu tinha, embora muito jovem. Sabia que com o tempo as coisas iam melhorar pra mim.
Como você chegou ao Ipatinga?
Eu estava na Catuense-BA, e o Ipatinga estava numa fase muito boa, disputando a Série C do Brasileiro e o Estadual. Descobri o telefone do Itair Machado e ligava para ele à cobrar, lá da Bahia, porque não tinha celular e nem nada. Usava o orelhão. E não é que ele me atendia? Lembro disso com muito carinho. Lá no passado, mesmo sem me conhecer, ele não virou as costas pra mim. Ele dizia para eu ir ligando que, assim que surgisse uma oportunidade, ele me dava uma chance. Cansei de lá, peguei minhas coisas e fui para Ipatinga. Chegando, vi o time parado. Acabou que o Itair e o Amarildo me contrataram e fui treinar os goleiros. No ano seguinte (2005) ganhamos o Campeonato Mineiro, que foi um privilégio.
E a ida para o Flamengo, como foi? (mais…)