Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

SAFs no Brasil: esperança de profissionalização dos clubes ou risco para investidores?

No fim dos anos 1990, Alexandre Freire era diretor regional do SENAC, Regional Sete Lagoas, que cobre vários municípios de Minas. Em 1999 convidou Dario para apresentar o livro autobiográfico escrito pelo artilheiro, numa palestra direcionado aos participantes do Projeto Cidadania, criado por ele para atender adolescentes em situação de risco ou com necessidades especiais, como surdos, mudos e cadeirantes. Foi um grande sucesso.

Agradeço a ele, que a nosso pedido, escreveu o que pensa sobre a lei que criou a SAF e do andamento das primeiras experiências no futebol brasileiro.

“SAFs no Brasil: esperança de profissionalização dos clubes ou risco para investidores?”

* Por Alexandre Freire

Não é de hoje que a insegurança jurídica nesse país atrapalha negócios e afasta investidores, principalmente os estrangeiros.

Tendo participado de inúmeras transações de M&A (fusões e aquisições) ao longo de minha vida, sendo várias delas no exterior, nada mais perigoso para um ambiente de negocios quando estamos diante de uma negociação com insegurança jurídica.

Respeito as regras é conceito fundamental para uma economia livre e fator crítico de sucesso para tomada de decisão de qualquer investidor.

Mudanças abruptas nas leis no meio do caminho é histórico em nosso país.  Presenciei situações constrangedoras onde alguns milhões de dólares em investimentos foram transferidos para outro país por única e exclusivamente essa razão.

Colocando em termos metafóricos, seria como se no meio do Campeonato Brasileiro a CBF mudasse o regulamento sobre quem seria considerado campeão, quem iria para a libertadores do ano seguinte, quem seria rebaixado ou mudanças na premiação dos clubes.

No ano seguinte, clubes investiriam menos, possível fuga de patrocinadores, diminuição de espaço nas grades das TVs, menos torcedores nos estádios, só para elencar algumas consequências.

Investidor aceita risco inerente ao negócio, mas abomina o risco gerado pela insegurança jurídica.  John Textor, investidor da SAF do Botafogo já demonstra preocupação e não o culpo por isso.

Como ele vai justificar um aporte maior no clube se as regras da lei da SAF poderão ter sua espinha dorsal quebrada por interpretações da justiça trabalhista?

Em um processo de M&A, o fluxo de caixa é planejado com a lei e regras vigentes.  Uma mudança estrutural e impactante pode desestabilizar por completo o projeto de qualquer SAF no país.  Tanto os vigentes como os potenciais futuros que estão por vir.

Não me venham com essa balela de que a SAF pode quebrar os clubes.

O futebol brasileiro está em processo falimentar há alguns anos.  Os clubes estão endividados porque a gestão foi amadora e irresponsável, servindo como rota rápida e facil para a riqueza pessoal de muitos que já passaram.

O torcedor acha que o clube é da torcida.  Nunca foi!  O clube é dos associados e representado pelo Conselho.  Aliás, como pode um Conselho ser útil e prático com 400 membros?

A lei da SAF, pode até não ser a melhor, mas carrega consigo uma esperança de profissionalização da gestão e organização das finanças dos clubes brasileiros.

E sim…  Dependemos do capital externo para isso.

* Alexandre Freire foi professor da Fundação Getúlio Vargas e Fundação Dom Cabral. É dono do canal do youtube – A vida como ela é!

https://www.youtube.com/@avidacomoelae1

Contato: Alexfreire01@gmail.com


» Comentar

Comentários:
15
  • Pablo de Oliveira disse:

    Tomara que o futebol do Galo 2023 salve a péssima gestão financeira dessa diretoria. Em 2021 o futebol salvou e mesmo assim a dívida aumentou, em 2022 o futebol fracassou e a dívida ficou gigantesca. Se esse ano o futebol fracassar só não quebra pois vai se escorar na SAF, mas temos que saber separar Futebol x Financeiro. O futebol dessa gestão tá ok montou um time competitivo ganhou títulos de expressão mas qual foi o preço disso??? Não tem transparência nenhuma, a dívida mais que dobrou, o custo do estádio mais que dobrou, até com o projeto manto da massa conseguiram ficar devendo, salários ainda estão atrasados, processos do Andre Cury penhorando receitas, o clube tá muito ruim financeiramente vendendo o almoço pra comprar a janta fruto de UMA PÉSSIMA GESTÃO FINANCEIRA. QUE O FUTEBOL DO TIME 2023 CONSIGA NOS SALVAR SE DER RUIM VAI SER UMA TRAGÉDIA!!! FALARAM MUITO E TRASPARÊNCIA ZERO….

    • Jerônimo disse:

      Xiiii….fala baixo…. não pode dizer essas coisas aqui não!!!
      Daqui a 5 minutos brotarão, aos montes, os defensores dos 4 bilionários.
      Os oligarcas alvinegros não erram…eles são perfeitos, magnânimos, únicos e detém toda expertise de gestão e administração do mundo.

      Tudo o que fazem dá certo, confia….
      O fato do patrimônio do Galo ter diminuído e as dívidas aumentado é um mero detalhe.

  • Pedro Vitor disse:

    Cruzeiro saneado kkkkkkkkk

    Esses caras bebe muito

    Não demora o Ronalducho, vende mais 20% por mais 100 milhões, já já, ao invés de colocar 400 milhões, põe no bolso e sai de fininho kkkk

    Investiu 50 e já recuperou

    Quem não tem dinheiro conta história

  • Jesum Luciano da Silva disse:

    Não pode esquecer de quem o dono do time da Marias era amigo na época da reforma do Mineirão quando fizeram esta PPP com a Minas Arena, agora fica reclamando e fazendo lobby pra ver se consegue algo, mas pelo contrato tem que pagar a rescisão.vai chorar na cama que é lugar quente

  • Valmar Azevedo disse:

    Ainda a pouco ouvi um comentarista dizer que o cru cru está saneado. Quanta mentira! Manchete de anos atrás: o cru cru quita a dívida do Arrascaeta… Mentira, tomaram emprestado e não pagaram até hoje! Tem um monte de credores querendo receber a mais de 10 anos. A dívida do Pyramids não foi paga e tá todo mundo calado. O Mineirão nunca foi do cru cru… Novidade nenhuma. É uma herança maldita… Como o cara compra um bem e não sabia de suas dívidas?? Está tomando empréstimos para pagar salários… Cadê o investimento do comprador da SAF??

  • Teobaldo disse:

    A LEI DA SAF se sustenta em 4 pilares: Isenção Fiscal, Estelionato Esportivo, Patrimônio das Associações como Garantia do Investidor; Institucionalização do Calote. Já propus esse debate em diversos canais e a diversos interlocutores que conhecem o assunto e nenhum deles se dispôs a contrariar a minha tese. Agora é curioso que alguém ainda defenda que as SAF’s não são sucessoras das Associações nos débitos. As SAF’s ficaram com os títulos, as glórias, as cores, a identificação visual, os torcedores, o patrimônio e o lugar nas divisões do futebol brasileiro. Porque não querem ficar com as dívidas? É a própria capitalização do lucro e a socialização da desgraça como bem fazem TODOS os empresários brasileiros. E quando corre o risco de algo dar errado correm para o colo do Governo (todas as instâncias) procurando benesses. Abraços!

  • Juliano Salvador disse:

    Quando o Wallison veio para o Crucru no início do ano, a imprensa baba ovo ($$$) soltou inúmeras manchetes com o atleta dizendo que era um sonho estar na Toca, é um Crucru desde criança, recusou propostas maiores, etc. Agora o cara abandona o treino e diz que quer sair, tem 3 propostas pra ganhar o dobro do que ganha. Fica vermelha cara sem vergonha!

  • Claudio disse:

    Não entendo quase nada de leis, mas uma parte do texto concordo 100%: a torcida não é dona de nada.
    Os donos são os conselheiros e associados.

  • Paulo Cesar disse:

    Risco para o investidor, na minha opinião, Chico. Já é um negócio em tese, que não se paga. Margem apertada. Se entenderem que a SAF precisa ser solidária às dívidas trabalhistas (não estou entrando no mérito de ser certo ou errado; apenas, fazendo contas), o negócio ficará inviável, e os investidores provavelmente não aportarão valores que valham a pena. Basta perguntar: quem aqui, se tivesse condições de investir grandes recursos no seu clube, o faria, com as condições atuais? Você deixaria de investir seu dinheiro em opções menos arriscadas para botar dinheiro no seu clube? Dinheiro GRANDE?

  • Marcio Borges disse:

    Chico, posso estar enganado mas acho que irão decidir pelo não pagamento das SAF’s. Eu, particularmente, acho um absurdo o cara entrar em um negocio falido e nao ter responsabilidade pelas dívidas, mas, estamos falando em Brasil. Vao ajeitar as coisas pra que os clubes ou SAF’s, sejam blindadas contra as dividas da associação que continua quebrada. É certo? Eu acredito que não mas vao dar um jeitinho como sempre…..

  • Pedro Vítor disse:

    A verdade, absoluta e verdadeira, como dizia, Raul Seixas, é que o Atlético, tem que olhar tudo agora mesmo, checar tudo, e pensar, repensar, uma ou duas vezes, se precisar, essa questão de SAF, porque é um caminho sem voltas

    Um amigo meu fala isso, e eu, concordo.

    Pode dar certo, ou pode dar errado;

    Se conseguir pagar as dívidas, e o Menin, e os quatro erris, transferir os empréstimos, em % na SAF.

    Restará apenas pro Atlético, as dívidas no Profut, e as dividas com elenco e funcionários, empresários do meio de futebol, e aí, não precisará de plano de recupeção fiscal.

    Pode fazer a SAF, igual ao América, com o estádio a disposição, em 10 anos, o Atlético conseguirá ajeitar a casa.

    A Saf tem algumas coisas boas, pois não deixa dirigente, roubar o clube!

    A situação de Cruzeiro, Vasco, Botafogo e Bahia, é pior do que antes, e das maricotas é a pior dos quatro, já que o Ronalducho, só tem papo, não põe seu dinheiro, de jeito nenhum, pois sabe, que se der essa colher de chá, vai quebrar junto!

  • Germano Brás disse:

    O que eu estou vendo até agora em Minas; é que um é obrigado a pagar suas dívidas, o outro só calote desde 2019.

  • Marcelo de Andrade disse:

    Bom dia. Trago as palavras do advogado Jarbas Lacerda, do twitter dele:
    https://twitter.com/Jarbaslacerda

    “Imaginava o Ronaldo seria + preparado: Desconhecia a solidariedade empresarial, tese consolidada na justiça há + de 20 anos. 2) Desconhece a lei de concessões públicas, desconhece contrato da PPP Mineirão, ainda não sabe que a lei veda concessão a título precário (Sem licitação)!
    SAF sendo utilizada para generalizar o calote, devedor propondo na recuperação (Vide processo do clube na justiça) 75% de desconto, prazo de três anos para começar a pagar e + 10 anos para liquidar? Absurdo são esses oportunistas (Ronaldo, John e etc) usarem essa falácia!
    Quando da promulgação da lei alertamos para o fato da solidariedade empresarial que preserva justamente os contratos anteriores (Segurança jurídica), para não se permitir instituir o calote nestas situações!
    O problema é insegurança jurídica @joaovitorxavier? Negativo. A Justiça do trabalho consolidou a tese da solidariedade empresarial há mais de vinte anos! Eu mesmo publiquei análise aqui quando se promulgou a lei da SAF alertando neste sentido.
    E a turma imaginando (Setorista da Itatiaia então) que o Pedrinho seria sócio da SAF. A SAF tomou empréstimo de 70 milhões, deu em garantia percentuais da própria SAF. E o dinheiro? Para pagar salários (Em atraso e futuros 2023)! E a imprensa puxa-saco está como?”