
Zagueiro Fabrício Bruno em foto do Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Imediatamente após todo mau resultado ou fracasso, dirigentes, treinadores e jogadores que exercem papel de liderança costumam exagerar nas tintas e falar mais do que deviam.
Na ânsia de preservar o grupo e juntar os cacos, depois da eliminação pelo América, o zagueiro Fabrício Bruno soltou essa:
– Vou ser muito sincero, transparente e direto como sempre fui em toda minha carreira. Talvez eu nunca tenha pego um elenco tão bom quanto esse.
Cê besta! Ele veio simplesmente do Flamengo, que, do goleiro ao ponta esquerda, mais o banco de reservas é o melhor do país e do continente.
Ainda bem que o Fabrício usou a palavra “talvez”, uma ressalva que serve pra resguardá-lo das óbvias cobranças que ele enfrentaria ao falar isso.
O elenco do Cruzeiro não é ruim, mas muito longe de ser o melhor do país. É um dos mais caros, mas aí é outra história. O próprio Fabrício Bruno foi um dos investimentos mais altos feitos pela Raposa para esta temporada: R$ 44 milhões, fora as premiações. De acordo com levantamento da Rádio Itatiaia, publicado também pela CNN, “A contratação de Fabrício Bruno supera os valores negociados até mesmo do lateral-esquerdo Sorín, que corrigido pelo IPCA, foi negociado em 2000 por R$ 43,24 milhões. Outro reforço badalado para a zaga que foi ‘deixado para trás’ foi Dedé. Em 2013, a Raposa contratou o ‘Mito’ por R$ 14 milhões, o equivalente a R$ 21,70 milhões em 2025…”
O grande problema neste início de temporada é que o time está enfrentando as consequências dos erros que começaram com a demissão do Fernando Seabra, absolutamente fora de hora e desnecessária.
Depois, outro erro: a contratação de Fernando Diniz, maior produto inventado pela imprensa do Rio e São Paulo, que foi colocado em enorme parte do imaginário nacional com o um treinador “revolucionário”, “avançado”, “acima da média”. Uma conversa fiada que foi comprada por dirigentes que não conhecem a fundo o futebol, inclusive os da CBF, que o levaram ao comando da seleção brasileira. E ele fracassou lá, assim como fracassou no Cruzeiro.
Pra completar a sequência de equívocos, quando a saída dele era dada como certa no fim do Brasileiro, a diretoria o mantém. Ele, fragilizado no cargo, aceita que o time viaje para os Estados Unidos para jogos fora de hora e sem propósito, quando deveria estar concentrado numa pré-temporada de verdade e producente, nas ótimas instalações da Toca da Raposa.
Tardiamente a diretoria o demitiu sem ter alguém pra substitui-lo imediatamente. Depois do interinato do Wesley Carvalho, chega o português Leonardo Jardim para tentar consertar tudo e recomeçar, às vésperas do Campeonato Brasileiro.
Se vai dar certo, só o tempo dirá.
Alexandre Matos, como o chefe do futebol cruzeirense, deu entrevista assumindo a culpa, obviamente preservando o dono, Pedrinho, e o emprego. Pois quem conhece o Pedrinho sabe que, se tem uma coisa que ele não abre mão, é de mandar, e de participar diretamente de tudo.
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