Uma figura controversa, mas conseguiu uma proeza que certamente trará benefícios futuros ao país dele: praticamente acabou com o analfabetismo!
A Venezuela é o pior lugar onde já fui até hoje: infraestrutura obsoleta, decadente, estrangulada.
Carros, motos, ônibus e caminhões se empurrando e trocando buzinaços nas estradas e áreas urbanas; favelas despencando pelos morros, chegando ao asfalto; serviços públicos e privados que conseguem ser piores que no Brasil e uma violência espantosa.
E incrível: país rico, um dos grandes exportadores de petróleo do planeta.
E mais incrível ainda: quem diminuiu um pouco a miséria do povo foi exatamente Hugo Chávez, que pôs fim ao revezamento no poder entre alguns dos políticos mais corruptos da história da América Latina, tendo Carlos Andrés Perez, como o mais conhecido por nossas bandas.
Estive lá durante a Copa América de 2007.
Andei bastante pelo país, permanecendo um tempo maior em Puerto La Cruz, onde a seleção brasileira jogou a primeira fase.
Cidade bonita, porém assustadora; uma das mais violentas do mundo. O hotel onde eu estava hospedado ficava a um quarteirão da praia mais badalada; há três quarteirões de um enorme cassino/restaurante.
Combinei com o Maurílio Costa, da Itatiaia, que estava em outro hotel, mais distante, de nos encontrarmos neste cassino às 20 horas. Na minha saída do hotel a recepcionista “sugeriu” que eu pegasse um táxi, pois era perigoso naquele horário, caminhar até lá. Menos de três quarteirões!
Alertou também que eu tivesse muito cuidado neste lugar, pois era comum extorquirem clientes, especialmente estrangeiros.
Telefonei pro Maurílio e disse que não iria mais. Preferi ficar no hotel.
No dia seguinte ele contou que foi e voltou, em segurança, porém, bateu boca com garçons e gerente, pois inventaram tantos acréscimos na conta que ele só não chamou a polícia porque foi avisado que ela fazia parte do esquema de extorsão.
Todas as manhãs eu fazia minha caminhada na orla, passando perto do porto de onde saem os barcos turísticos para a Isla Marguerita, sempre por volta das 7 da manhã.
Até o dia em que passei uns 200 metros da entrada principal do porto, movimentadíssimo, e escutei uns estampidos, parecidos com traques e foguetes de São João.
Como todos que caminhavam em sentido contrário ao meu, pararam com cara de assustados, também parei, olhei para trás e vi um corpo ensanguentado, já sendo carregado por sujeitos que seguramente não eram da polícia.
Imediatamente tudo voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido. Aumentei o volume do radinho de ouvido, aumentei também o ritmo da caminhada e quase uma hora depois, quando voltei pelo mesmo caminho, lá estavam dois carros da polícia e policiais fazendo perguntas a ambulantes que trabalham no local todos os dias.
Como Caracas não estava no roteiro da seleção e a final seria em Maracaibo, a 520 Km, reservei meus três últimos dias para ficar lá, a fim de conhecê-la.
Mais medonha ainda, com um tráfego infernal e muita sujeira nas ruas. Por questões de segurança, comércio e até hotéis fechavam as portas cedo, no máximo até 20 horas.
Depois de um dia andando e conversando com as pessoas, e convivendo com grades espessas com enormes cadeados na portaria do hotel e apartamento, joguei a toalha.
Tão logo a primeira agência de viagem abriu as suas portas, consegui antecipar a minha volta ao Brasil para o fim daquela mesma tarde.
Nenhuma saudade!
E quase 100% dos venezuelanos com quem conversei, disseram que o país melhorou muito a partir de Hugo Chávez no poder!
Ou seja: os antecessores deixaram o país arrasado, sairam milionários do poder e deram motivos de sobra para o ex-Coronel radicalizar o discurso e entrar para a história dividindo opiniões, como entrou.
Essa charge do Duke, hoje, no Super Notícia, trata a morte dele de forma bem humorada, sem ofendê-lo.
Já este jornal carioca fez feio.
Seguramente Chávez não merece tratamento como este, da capa do jornal Meia-Hora, do Rio, de hoje.
Isso não é jornalismo!
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