Este Brasil x Chile vale como experiência tanto dentro como fora do gramado, para todos em Belo Horizonte.
Em campo a última prova do “vestibular” do Felipão para definir o grupo que disputará a Copa das Confederações e base da seleção em 2014.
Fora do estádio o primeiro grande teste para que a cidade volte a receber um jogo de Copa do Mundo depois de 64 anos, quando recebeu a de 1950, onde tudo era diferente, da região, Horto, ao estádio, Independência.
Desde zero hora dessa quarta-feira os moradores e quem passa pela região da Pampulha já sentirão os efeitos dessa partida, com as alterações no trânsito e limitações de áreas de circulação, à pé, de carro ou ônibus.
São medidas até exageradas para um simples jogo de futebol, mas que seguem determinações rigorosas da Fifa, visando a segurança de torcedores, delegações e demais envolvidos no espetáculo. Nada a ver com preocupação de brigas corriqueiras entre torcedores, que não existem na Copa, mas prevenção contra atentados, por se tratar de evento internacional que atrai os olhos da mídia mundial, numa situação propícia para a ação de terroristas.
Brasil x Chile, eliminatórias da Copa de 2010, em Salvador
Inimaginável um perigo destes, também em amistoso entre Brasil e Chile, porém, oportunidade para as forças de segurança treinarem os profissionais e seus equipamentos com vistas à disputa que começa dia 15 de junho e principalmente a Copa de 2014, quando o mundo voltará as atenções para as 12 cidades sedes brasileiras durante um mês.
Com a aproximação da Copa o principal questionamento que era feito antes de o país ser confirmado como palco, volta a ser feito: organizar a competição é positivo para o Brasil? Continuo entendendo que sim, com a mesma ressalva que fiz anos atrás: era preciso conter a roubalheira e abusos de autoridades públicas e empresas aliadas.
Isso não foi possível e o que estamos vendo são absurdos em todas as cidades sedes, com gastos acima do previsto, orçamentos estourados e obras atrasadas.
Perdas e danos
Os erros já começaram com a quantidade de cidades sede: 12, onde 9 bastariam. Natal, Manaus e Cuiabá entraram na fita por questões políticas; Brasília constrói o maior e mais caro estádio, que se tornará também, o maior elefante branco do país; com dinheiro público que deveria ter destino de maior utilidade para a população.
A esperança que eu tinha quando a Fifa confirmou o Brasil é que fôssemos ganhar o que o país precisa: estradas, aeroportos e telecomunicações decentes; metrô e sistema viário condizente com as cidades sedes, como o sonho de todo belorizontino que pena no dia a dia em um dos piores sistemas de transporte de massa do planeta.
Em Minas, o então governador Aécio Neves convenceu seus aliados políticos, Zezé Perrella e Ziza Valadares a desistirem da ideia de construir estádios próprios para Cruzeiro e Atlético, sob a promessa pública que o Mineirão seria deles depois da Copa, como Internazionale e Milan fazem com o San Siro/Giuseppe Meazza, em Milão.
Obedientes e recompensados em seus projetos, os então presidentes dos nossos maiores clubes aceitaram e anos depois, o governo do estado não permitiu que Galo e Raposa sequer participassem da licitação, que teve “concorrente” único, o consórcio formado pelas três empreiteiras que constituem a Minas Arena, que ficou com a parte do leão.
Os clubes levam a torcida, mas a maior parte do lucro fica com os empreiteiros.
No Maracanã, a mesma coisa, onde Eike Batista, o filho do ex-ministro da ditadura militar, Eliezer Batista, está abocanhando o filé.
Os estádios estão ficando ótimos. O Mineirão, por exemplo, lá dentro, faz lembrar o Allianz Arena, de Munique, porém, inacessível ao povão, que não tem condição de pagar preço mínimo de R$ 60,00 por um ingresso para ver seu time.
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