- Faço minhas as palavras do Fernando Rocha, cujo trecho da coluna no Diário do Aço, de Ipatinga, transcrevo aqui. Acrescento que há muitos anos não via nada tão ridículo e de mau gosto, que essa campanha idiota do governo federal chamando o “povo” para a Copa das Confederações e incentivar a seleção. E ainda usa o bordão ultrapassado e fora de contexto “a pátria de chuteiras”.
Frase do período fascista do grande Nelson Rodrigues (sim, o Nelson também cometeu graves pecados; era da Direita inflamanda e apoiou o regime golpista até quando seu próprio filho foi preso e torturado por agir contra a ditadura).
A frase virou título deste ótimo livro de crônicas sobre futebol do Nelson, que vale a pena ler.
Mas, usada agora, faz lembrar as campanhas ufanistas da ditadura militar, na base do “Brasil; ame-o ou deixe-o”, ou “Este é um país que vai pra frente”.
Vamos à coluna do Fernando, que sairá nesta terça-feira:
- “A elitização do público no futebol se consolida cada vez mais com as reformas dos estádios para a Copa de 2014 aqui no Brasil. O preço médio do ingresso no Maracanã, por ocasião da sua reabertura semana passada, no amistoso da Seleção Brasileira com a Inglaterra foi de R$ 150,00.
- Em Porto Alegre, anteontem, Brasil e França na novíssima “Arena do Grêmio” com o preço médio do bilhete atingindo R$ 32,00. A grande humorista Fabiana Carla, poderia usar aí o seu bordão para a maioria dosw torcedores assalariados, o povão, agora longe dos estádios por conta dos preços inacessíveis dos ingressos: – Isso não te pertence mais”, diria a humorista.
- Locutores ufanistas do rádio e da TV, no afã de levantar a bola da Seleção de Felipão, fazem questão de destacar que passamos à frente da França na estatística do confronto direto, o que de fato é verdade: seis vitórias contra cinco deles nos 15 jogos já disputados em toda a história deste confronto.
- Mas, tem um porém: nestas seis vitórias, só uma valeu de verdade, na semifinal da Copa do Mundo da Suécia, em 1958, quando a Seleção de Pelé e Garrincha venceu de 5 a 2. As outras cinco foram em jogos amistosos como este do último domingo em Porto Alegre.
- Por outro lado, as cinco vitórias da França tiveram um peso descomunal: duas em Copas do Mundo e outra na Copa das Confederações, além de um dos empates ter sido decidido nos pênaltis e eliminado a Seleção dirigida por Telê Santana na Copa de 1986, no México. Fácil constatar que o saldo dos franceses com a gente continua muito maior em se tratando da importância dos jogos.”
· “As razões são muitas, mas o fato é que a seleção se divorciou do povo. Não é mais o Brasil. Reduziu-se a uma legião estrangeira que, mecanicamente, canta o hino antes do jogo…” Ruy Castro,escritor, na “Folha de São Paulo”.
Por Fernando Rocha
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