Governos, empresas e sindicatos da Europa vivem momentos de pressão e intensas negociações em função da crise econômica, que afeta mais ou menos algum país em determinado período nos últimos anos.
Aparentemente quem não vive aqui e está apenas de passagem não percebe este momento financeiro difícil, a não ser que algum serviço público seja interrompido. É o que está acontecendo nos últimos dias, com greve dos funcionários do famoso trem francês, TGV, que deixou milhares de passageiros sem viajar, e que terminou na manhã de hoje.
Fui um destes que ficaram na mão, só podendo seguir hoje de Roma a Paris. E quase dancei de novo porque também hoje começou greve dos transportes públicos metropolitanos da capital italiana, com a paralisação dos ferroviários do metrô e motoristas dos ônibus, a partir das 8h30, quando já tinha dado tempo de eu utilizar o metrô e pegar o trem das 8 na Estação Termini, com primeira parada em Milão.
Conversando com brasileiros que moram aqui, eles contam que quem mais sofre com a crise são os jovens, que não têm perspectivas de emprego nas áreas para as quais estão se graduando e especializando.
Acabam sendo obrigados a aceitar sub empregos, fazendo bicos em dois e até três lugares, para ganhar em média 300 euros mensais em cada, 10% do que deveriam receber em condições normais, em um emprego só.
Rafael Vasconcelos é de Ipatinga, Engenheiro Agrônomo pela UFMG, estudou também em Piracicaba e faz Doutorado em Turim. Tem um colega italiano recém formado; segundo ele, competentíssimo, que entretanto, está fazendo um bico como operador de call-center de uma seguradora.
Daniel está concluindo o Doutorado, retornará por estes dias ao Brasil, mas a sua intenção é voltar para a Europa, Turim; preferencialmente. E entendo que ele tem razão.
Histórias semelhantes às relatadas pelo Daniel, são contadas aqui pelo Luiz André Ribeiro (Misão), que cursa Engenharia Civil, Heitor Gonçalves, Desenho Industrial, e André Séptimo, Engenharia de Produção, todos de Belo Horizonte.
Até quando vai durar esta situação, ninguém sabe, e raramente encontramos algum europeu otimista (como nós, brasileiros), desses que acham que a crise é passageira e já já tudo se resolverá.
O mais triste, para nós, é que todos estes brasileiros com quem conversei por aqui, fazem a mesma observação: os europeus vivem uma crise e essa situação é anormal para eles; diferente do Brasil, onde vivemos essa realidade histórica, geração pós-geração.
Como diria o grande locutor e gente boa Milton Naves: aqui estou, fazendo o que gosto; andando de trem e lendo jornais, para contar o que acho mais interessante para vossas excelências!
Interessante é que eles nos perguntam como foi esse “fenômeno” ocorrido no Brasil que de uma hora para outra deixou de ser um país de miseráveis para se tornar uma das economias “mais pujantes do planeta”. Eu, hein!?
E duvidam quando digo que isso não é uma “verdade absolutamente verdadeira”, que a nossa situação também é complicada.
Impressionante como o Lula foi ótimo de marketing também no exterior. Em 2011, durante a Copa América, na Argentina, nossos “hermanos” suspiravam quando nos perguntavam por ele e diziam que sonhavam com um “Lula lá”, que depois de consertar o país pusesse uma Dilma no lugar!
Durante a Copa da África do Sul, fazendo propaganda para a nossa de 2014, ele arrancou aplausos e até lágrimas de emoção em um auditório lotado na Mandela Square, em Johanesburgo, numa platéia de 80% de jornalistas; eu inclusive.
Vi a mesma coisa em Copenhague em 2011, quando ele foi arrematar a lábia do Carlos Nuzman, João Havelange e Cia., e convencer a maioria dos membros do Comitê Olímpico Internacional a indicar o Rio como sede da Olimpíada de 2016. O ex “Sapo Barbudo”, como diria o Brizola, é danado!
O Ministro dos Esportes era aquele Orlando Silva, lembram?, que caiu do cargo no governo da D. Dilma, com a fama nada boa.
Outro motivo para ter uma inveja danada dos europeus: trens de altíssima qualidade, a bom preço, ligando tudo a todo lugar no continente.
Este é um “binário” (plataforma de saída de trem) da estação Porta Nuova, de Turim!
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