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O pré-jogo!

Não fez o frio que se esperava em Rosário e também nenhum problema para se chegar ao estádio, que fica dentro de um parque florestal, quase no centro da cidade.

Com o hotel no centro, fui a pé, em quase meia hora. Na movimentada avenida Pellegrini, de comércio intenso, mesas de bares espalhadas pelas largas calçadas, cheias de torcedores do Newell’s, animados e amistosos.

Eram 19h30 e já dava para ouvir os primeiros refrões da apaixonada torcida rubro-negra. No mesmo instante em que chegavam os atleticanos, de ônibus, táxi e a pé, também cantando e agitando as bandeiras do Galo, sem problemas.

CAMTORCIDA

Grande número de policiais dando cobertura e revista rigorosa na entrada do estádio.

Educação e boa informação totais dos funcionários do NOB. Os companheiros de rádio, que sempre chegam mais cedo, por volta de 15h30, para testar linhas de transmissão e equipamentos, reclamaram, que só bem tarde chegou a companhia telefônica para dar assistência. E mesmo assim, só um, para atender a um monte de emissoras.

Outra reclamação é que a internet à disposição da imprensa não funcionava nas tribunas, obrigando a todos a se virar, saindo da área de visão do jogo para procurar algum canto coberto pelo Wi-Fi.

Grande parte da imprensa fica espremida num canto, na linha de um dos gols, com visão da pior qualidade. Mas justiça seja feita: para brasileiros e argentinos, nenhuma sacanagem planejada contra nós.

Tirando isso, nada mais a reclamar, Argentinos gentis, desejando “suerte, pero no mucha” e se oferecendo para ajudar no que fosse preciso. Torcedores, idem!

Aliás, futebol como nos nossos estádios antigos, que não faz muito tempo: arquibancadas de cimento, gente saindo pelo ladrão, e tudo dava certo.

Mais prazeroso ainda é ver famílias inteiras no estádio. Pais, mães, filhos e netos, juntos, respeitando e sendo respeitados, sem medo de ser felizes.

FAMILIA

Por dentro, o Marcelo Bielsa (ex-zagueiro e treinador do clube, nome escolhido pelos sócios em votação) é acanhado e não chega a ser um caldeirão, desses que assustam os adversários.

Perguntei ao Thiago Reis, Pequitito e Roberto Abras, se seria um “Independência” antes da reconstrução, e eles unânimes: “não; é um Castor Cifuentes melhorado”.

Pois é! O Villa Nova merecia um estádio assim! Capacidade para 40 mil, mas se colocassem cadeiras, cairia para no máximo 15 mil.

No horário do almoço, em um programa de esportes da TV local de Rosário, os cinco debatedores eram unânimes no levantamento das vantagens de se fazer o segundo jogo em casa, principalmente fora das quatro linhas. Diziam que a diretoria do Newell’s Old Boys errou ao dificultar o treino do Atlético na noite anterior. Só liberou metade da iluminação do estádio Marcelo Bielsa, que estava sem marcação, sem redes nos gols, sem água e vestiários trancados. Os comentaristas alertaram também que os “leprosos” (apelido dos torcedores do NOB) deviam tratar bem aos atleticanos, fáceis de ser reconhecidos nas ruas de Rosário, por causa de suas camisas, para que tivessem reciprocidade de tratamento em Belo Horizonte.

Reclamavam do horário do jogo 21h50 e um dos membros da bancada ironizou: “no Brasil quem manda são as novelas da Rede Globo, e nada acontece de importante no país antes do fim da novela, que é neste horário”.

Por outro lado os comentaristas rosarinos lembravam que fazer o primeiro jogo em casa é uma grande vantagem quando se conquista uma vitória com placar dilatado, que obriga o adversário a ir para o “tudo ou nada” no jogo de volta, desde o primeiro minuto, com os nervos à flor da pele.

Um dos comentaristas explicou o que significa a frase “Caiu no Horto, tá morto”, impressa em camisas, chaveiros e canetas de atleticanos que trocaram brindes com torcedores do Rosário Central e até do “NOB”, no clima amistoso das ruas da cidade durante o dia. No que um membro da mesa lembrou: “por isso é fundamental pressionar desde o começo e marcar muitos gols, porque a chance do Newell’s é hoje; no Horto não vai dar”.

TORCIDACAM

Espaço reservado às torcidas visitantes parece um viveiro, cercado por telas de proteção até no teto.


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Comentários:
1
  • Anderson Palestra disse:

    Chico, eu estive na final contra o Estudiantes, na Argentina, e, tirando os policiais que queriam toda hora multar o nosso carro (queriam uma graninha) o resto foi muito bom. O povo argentino é muito educado e fui muito bem recebido. Andei com minha camisa do Cruzeiro em frente a um monte de pincharratas e ninguém fez ameaças ou deu um grito provocativo de longe sequer.

    Nessas horas eu me pergunto “O que o Galvão Bueno, com aquele ufanismo demagogo, tanto incita provocações?”.