Escrevi este post na sala de imprensa do Le Gran Stade Marrakech, depois percorrê-lo por fora e por dentro. Uma beleza de obra, que custou R$ 290 milhões, R$ 36 milhões mais barato que a reforma da Arena da Baixada, em Curitiba, o estádio que está levando menos dinheiro público nos preparativos para a Copa de 2014.
É revoltante a comparação de uma obra dessas aqui no Marrocos com os absurdos gastos nos palcos dos jogos do Mundial ano que vem, que superaram, em volume, os investimentos em estradas, aeroportos, portos e mobilidade urbana, que seriam o grande “legado” para a população brasileira.
Os motivos da diferença de custos ficam claros na simplicidade do projeto, nos materiais empregados na construção e acabamento. Nada de luxo, mas tudo muito confortável e prático, oferecendo as melhores condições para jogadores, público, dirigentes e imprensa.
A Arena Pantanal-MT, está custando R$ 570 milhões, mesmo depois do Ministério Público do Mato Grosso brecar a compra superfaturada das cadeiras: a unidade lá estava custando R$ 436,8 enquanto o governo de Brasilia pagava R$ 175 pelo mesmo produto, do mesmo fornecedor.
O MP só agiu porque viu a denúncia em um jornal paulista, e há sérios questionamentos ao valor dessa mesma cadeira, pago pelo suspeito governo do Distrito Federal, que está gastando R$ 1,4 bilhão com o novo Mané Garrincha.
Vale lembrar que o estádio de Cuiabá é sério concorrente ao de Manaus (R$ 666,5 milhões) e ao de Natal (R$ 400 milhões) a maior elefante franco do pós-Copa.
Este estádio de Marrakech tem tribunas e sala de imprensa “padrão Fifa”, porém muito melhores e mais práticas que as do Mineirão, por exemplo. O “nosso” estádio custou R$ 695 milhões, “apenas” R$ 405 milhões a mais que o dos marroquinos.
Os vestiários são enormes, elogiados pelos jogadores do Paris Saint-Germain e Olympique de Marselha, que jogaram aqui na inauguração, em janeiro de 2011.
E nem por isso o estádio custou o R$ 1,05 bilhão, do Maracanã.
Quando a bola rolar na final do Mundial de Clubes, dia 21, no Le Gran Stade Marrakech, duvido que algum torcedor, jornalista, jogador ou autoridade reclame de qualquer item dessa simples, bonita e enorme obra.
E que custou menos que os R$ 820 milhões do Itaquerão; R$ 689,4 mi da Fonte Nova; R$ 532,6 mi da Arena Pernambuco; R$ 518,6 mi do Castelão e nem os R$ 330 milhões do novo Beira-Rio.
Levou sete anos para ficar pronto. Obra iniciada em 2003, ficou pronta em 2010 e inaugurada em janeiro de 2011, em um torneio que envolveu o Paris Saint-Germain, Olympique de Marselha, o Wydad Casablanca e o Kawkab Marrakech.
A capacidade é para 45.240 pessoas em ótimas cadeiras.
O acesso ao Le Gran Stade é fácil, por largas avenidas e fica a 11 quilômetros do centro de Marrakech, saindo pela estrada que leva a Casablanca. De táxi, preço devidamente combinado antes com o motorista, custa 100 Dhirans ou R$ 32,00.
Ao lado do estádio, quatro campos de treinamento: dois menores e um de tamanho oficial, onde o Atlético está treinando.
O acesso às instalações de imprensa é fácil, e há fotos e painéis do Rei Mohammed VI, o poderoso comandante do país, por todos os lados.
Ele tem 53 anos de idade e assumiu o poder em 1999, com a morte do pai, Hassan II.
Na fachada, além da foto do Rei, dos escudos dos clubes participantes do Mundial, a bandeira do Marrocos dando boas vindas.
Ano que vem o Mundial de Clubes será aqui novamente e estar de volta.
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