O mais fácil para qualquer crítico em momentos como este vivido pelo Atlético é promover “caça às bruxas”, com direito a injustiças históricas.
Não entro nessa, mas também não fujo do dever de criticar e apontar erros, que se repetem no dia a dia futebol em todos os clubes.
Cuca é ótimo treinador e certamente tem crédito para voltar a trabalhar no futebol mineiro em qualquer um dos nossos grandes.
Porém errou feio neste Mundial. Não só pela escalação equivocada de um jovem volante, Lucas Cândido, improvisado na lateral esquerda, deixando um experiente especialista no banco, Junior César, que produziria muito mais e controlaria melhor os próprios nervos, além de ajudar a acalmar os companheiros.
Também na opção por Josué, deixando Leandro Donizete, inteiro fisicamente, no banco.
O grande erro do Cuca foi no psicológico, no ambiente do grupo, ao deixar vazar que já estava fora do Atlético, que aqui no Marrocos trata-se apenas de um “treinador no exercício do cargo”. Quando uma notícia desses vaza para a imprensa os jogadores já estão sabendo há muito tempo, e quem conhece os bastidores do futebol profissional sabe que isso influencia e muito no comportamento, dentro e fora de campo, de cada um.
O treinador que está saindo ou caindo vira um “pato manco”, igual a prefeito, governador ou presidente da república em fim de mandato, com o sucessor já eleito.
Marcos Rocha, num ímpeto de raiva, protagonizou aquela cena ridícula de desrespeito ao seu comandante porque sabia que não estará sob as suas ordens em 2014.
Também não pode ser jogado às feras por isso, porque é jovem e o seu comportamento pessoal sempre foi exemplar. Errou, está pagando e ainda pagará mais por isso, mas é um dos melhores laterais do país, com grande potencial para crescer.
Patrimônio valioso do clube, mas humano, que erra dentro e fora das quatro linhas, como qualquer mortal.
No primeiro treino depois da eliminação do Monterrey, perguntado sobre o que sabia do Raja Casablanca, Diego Tardelli, disse que “nada”, mas que segunda-feira os jogadores assistiriam um vídeo deles.
Lembrei-me da tristemente célebre frase do Zagallo, às vésperas da semifinal da Copa de 1974 na Alemanha, quando perguntado pela Holanda e o “Carrossel holandês”. Respondeu que se alguém tinha que se preocupar com alguém eram os holandeses com o Brasil, que tinha três títulos mundiais, e emendou: ” “O time deles é bom, mas os holandeses não têm tradição em Copas e isso pesa. A Holanda não me preocupa. Estou pensando na final com a Alemanha.”
Cuca também deve ter pensado isso do Raja Casablanca, pois o time deles sabia tudo do Atlético, que não conseguiu mandar no jogo em momento algum.
O elenco do Atlético é muito melhor que o do Raja, mas vontade e motivação no futebol são fundamentais.
Isso é papel do treinador, nos treinos, na concentração, na preleção momentos antes de cada jogo. O técnico deles, soube trabalhar isso, Cuca achou que não precisava, pois o Bayern é que importava.
Se tivesse esquecido o Bayern, talvez hoje estaria preparando o time para a final contra ele.
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No post anterior prometi fotos das cenas da volta do estádio nesta madrugada e aqui estão:
Começando por dentro do ônibus . . .
. . . ao ver que seria fotografado, IgorTep da 98 FM, contendo o choro e aguentando a zoação dos seus milhares de seguidores cruzeirenses no twitter . . .
. . . nas ruas, loucura total . . .
. . . dentro e sobre ônibus e carros, torcedores marroquinos comemoravam . . .
. . . símbolo marroquino da degola de um vencido: garoto exibe estandarte do derrotado de cabeça para baixo. . .
. . . apesar de tanta confusão, não vi nenhum incidente.
Tomara que não tenha havido.
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