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Morre o jornalista Alécio Cunha

Que tristeza registrar aqui a morte do nosso companheiro do Hoje em Dia, Alécio Cunha, 40 anos de idade, jornalista dos mais brilhantes que conheci, da editoria de cultura.

Semana passada o Clésio Giovani, também do Hoje em Dia, havia me informado que ele estava internado numa UTI há quase um mês, vítima de um Acidente Vascular Cerebral. Custei acreditar, e agora, infelizmente, ouvi na Rádio Itatiaia, que ele morreu esta noite e será enterrado às 16 horas no Cemitério Parque da Colina.

Dois meses atrás encontrei-me casualmente com ele num restaurante de Belo Horizonte, na companhia do André Carvalho e outros amigos. Cobrou-me o lançamento de um livro que ele vinha me incentivando a escrever desde 2003, quando eu ainda estava no Hoje em Dia.

Descanse em paz, meu caro!

 


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Comentários:
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  • Alexandra (Ouro Preto) disse:

    Tive, felizmente, a oportunidade de conhecer Alécio, durante suas participações no evento Forum da Letras, em Ouro Preto, no qual trabalho, desde a segunda edição, no receptivo do autores. Acompanhava seu trabalho no jornal Hoje em Dia e reforço, como todos que dele falam, que a cultura mineira fica de luto, e órfã de uma genialidade. Que descanse em paz, e continue a fazer poesia e colunas brilhantes onde estiver! Sentimentos a sua esposa e filho….

  • Ney disse:

    Perai meu amigo. Dizer que o incompetente do Celso Roth eh o menos culpado? E quando ele escalou dois volantes contra os urubus? E quando ele trocou o Ricardinho pela ameba do Tcho em Curitiba?
    Ele eh pessimo. Escala mal, substitui mal e ainda por cima proteje seus “peixes” como a ingua do Evandro que nao joga nada.

  • Dayanne Timóteo disse:

    Triste partida, a de Alécio Cunha..

    Era domingo e o tempo se revezava entre sol, chuva e calor na capital do País, Brasília. Na sala da minha casa com o corpo despojado no sofá, ato próprio dos dias de domingo eu me revezava entre preparar o almoço e assistir ao filme japonês “A partida” ganhador do Oscar do ano de 2009 como o melhor filme de língua estrangeira. “… Com tantos anos de convivência aprendi que a morte não é o fim que é apenas uma passagem…”. No momento em que o ator principal do filme Masairo Motoki ouviu essa frase lembrou-se de seu pai que o abandonara há muitos anos e a dor da ausência, da distância foi sentida a fina flor de sua pele. Enquanto meus olhos percebiam a cena meu telefone tocou, do outro lado da linha o cantor e compositor Walter Dias de sensibilidade tão aguçada e alma tão sonhadora como a de Motoki. “… não tenho uma notícia boa… e minha voz já angustiada apressou em perguntar o que havia acontecido. Diga-me? O que foi? O Alécio Cunha morreu… respondeu ele.

    Naquele momento fiquei sem reação, meus sentidos se estagnaram diante da televisão enquanto imagens do filme “A Partida” iam se movimentando sem que eu fizesse conexões. Segundos depois criei em minha mente o meu próprio filme e me vi vendendo nos bares de Belo Horizonte durante a noite meu primeiro livro “Dormindo com lágrimas e sonhando com flores”, pude ouvir várias vozes desconhecidas me dizendo que eu precisava conhecer o Alécio… Sim, o Alécio Cunha repórter do Hoje em Dia do caderno de Cultura.

    Me impressionava como todas as pessoas o conheciam, ele era, talvez sem ter tanta certeza, a referência. E curiosa como sou, um dia fui lá bater na porta do jornal e o Alécio desconhecido por mim, se tornou um grande amigo que me apontou inúmeras pessoas que eu precisava conhecer, fez críticas sobre a minha obra, publicou matérias sobre minha história com a literatura e me deu de presente um livro de Manuel Bandeira. Em sua simplicidade não quis escrever uma dedicatória, “… Só dedico as minhas próprias obras”, disse-me recusando a caneta que eu o entregava em sinal de desejo de sua dedicatória… Continuamos o café na Livraria Travessa e de repente ele sacou do bolso uma folha amassada e disse: Até que enfim, terminei de escrever a orelha do seu novo livro “Identidade da Alma” que estava parado na editora a espera apenas daquele texto. Naquele momento, meus olhos verdes brilharam como pedra cintilante a luz do sol e ele me estendeu o papel em sinal de satisfação cumprida. Li e reli silenciosamente aquelas palavras que foram mais, bem mais que simples palavras expostas em uma folha branca a me dizer algo.

    Quando suspendi os olhos e o olhei em sinal de agradecimento, me faltaram palavras e as lágrimas quase dissolveram o papel ali entre os meus dedos, ele então me abraçou e disse: “Sabia que você ia gostar… por isso demorei tanto”. Era o auge dos meus 18 anos e naquele meu momento de desbravar o mundo com toda a força da juventude eu recebi a radiografia mais completa que alguém poderia fazer da minha personalidade, da minha história, do meu mundo. Eu chorei feito o ator principal do filme a partida que anos depois de tanto caminhar sem a presença do pai, figura que nos incentiva diariamente o reencontrou em sua essência, porém já morto mas com sinal de que a vida precisava seguir.

    As palavras escritas na orelha do meu livro tinham o mesmo significado: figurava uma passagem daquela minha caminhada meio introspectiva e solitária, porém já ida… passada… partida… Era preciso seguir. Tudo isso simboliza em minha essência o ato de receber com carinho e incentivar alguém que precisa apenas de oportunidade. E foi mais que isso que ele me proporcionou. Alécio foi e eternamente continuará sendo a figura que não me acusou de mexer em complexo vespeiro, de cutucar a onça com vara curta que deixou grafado que ninguém poderia me acusar de ausência de coragem… Daí eu me pergunto. É possível não se emocionar quando alguém lhe fala isso? …
    Todas essas palavras ficarão em mim como marca registrada de uma temporada que se eternizou e a minha missão eu cumprirei com afinco nesse tempo, entidade mística como ele mesmo me desejou.
    Eterno Alécio desejo que sua partida lhe dê a beleza que era só sua em vida!