André Corrêa disse:

Foi como você disse: ganhar do Cruzeiro naquele dia significaria rebaixar os caras à segunda divisão. Pior do que não vencer foi tomar a maior goleada que a nossa geração viu. Essa vergonha foi a gota d’água na vida do Atleticano. Vocês talvez não façam idéia do tanto que aquilo doeu no ego.

Dali em diante tudo no Atlético foi feito pra tentar apagar o que ficou daquele jogo. Em 2012 o time chegou muito forte no Brasileirão. O problema é que o Fluminense pagou a conta na CBF antes… Deu no que deu. Vice-campeão com campanha melhor que a dos últimos três campeões nacionais.

A raiva do 1×6, somada à dos roubos dos quais fomos vítimas em 2012, criou um monstro na Cidade do Galo. Os caras ficaram doidos, querendo vencer de toda e qualquer maneira. Nesse momento entrou em cena o espírito de Ronaldinho Gaúcho. Foi ele o responsável por controlar os nervos do pessoal e colocar a cabeça de todos no lugar. Direcionou tanto gás pra dentro do campo. E usou sua alma de vencedor pra ensinar o caminho da vitória,que ele conhece tão bem.

Era isso que faltava. O Galo virou o melhor time do Brasil, ganhou a Libertadores jogando o futebol mais bonito dos últimos anos e tornou realidade um pesadelo que o cruzeirense jamais imaginou que um dia se materializaria. Ganhou um título de enorme expressão, nasceu o mito do Horto e fez sumir a cabeça de burro que afligiu o clube durante mais de 40 anos.

Daí em diante veio a Recopa, veio a brilhante Copa do Brasil – com direito a tirar do caminho Corinthians e Flamengo, dois dos nossos maiores algozes, com duas goleadas acachapantes. E hoje estamos aí, com um grupo interessante, apontado por muitos como favorito à Tríplice Coroa. Ficou a alma de vencedor, a camisa aprendeu o caminho da vitória.

De quebra, desde aquela goleada o Cruzeiro nunca mais ganhou um clássico importante. Desde 2011 o Atlético perdeu três clássicos em 2013 – e a massa saiu rindo da cara do cruzeirense nas três derrotas. De quebra o Galo ainda escorraçou o outro time na final da Copa do Brasil, no único mata-mata fácil que jogamos nesses anos de vitória.

O 1×6 transformou o Atlético-MG no maior vencedor do futebol brasileiro nos últimos anos. Sem aquela goleada nada disso teria acontecido. Aquilo lá virou uma página na história do clube. Eu, particularmente, sou muito grato ao Cruzeiro. Sem vocês essa fase vitoriosa não existiria.

E os bobos continuam lá. Toda vez que aparece uma lente na frente deles, fazem questão de nos lembrar de como tudo isso começou. Eu agradeço. E morro de rir dos recibos de otários que continuam passando.

O 1×6 saiu caro demais pra vocês. Não caíram, mas passaram muita raiva com o Galo depois daquilo…