Do Globoesporte.com:

* “Ex-Conmebol explica subornos: “Tinha uma lista e um milhão de dólares”

Funcionário era utilizado como mula por Nicolás Leoz e hoje identifica-se somente como “Confidente X”. Propina era entregue a dirigentes em quartos de hotéis

Um ex-funcionário da Conmebol pode se tornar peça-chave nas investigações do “Fifa Gate”. Morando com a família na Espanha, e protegido pela polícia, ele se identificou apenas como “Confidente X”, e relatou ao jornal “As” que servia de “mula” para os subornos da instituição. Depois de ser fonte de uma reportagem publicada na última sexta, o ex-funcionário voltou a estar no centro de uma denúncia do diário espanhol neste sábado e contou detalhes sobre subornos físicos e de como era utilizado como garoto de entrega pelo ex-presidente Nicolás Leoz, que renunciou ao cargo ao ser indiciado.

Confidente X alega ser o responsável por fazer a distribuição do dinheiro de propina a dirigentes durante congressos da Conmebol, que têm como objetivo modificar o estatuto, resolver questões entre as afiliadas, eleger membros do comitê executivo, representantes na FIFA e o presidente da comissão de finanças.

– Me deram US$ 1 milhão (R$ 3 milhões) em dinheiro vivo e uma lista com as iniciais e quantidade. Fui ao hotel Yatch&Golf Club de Assunção, e comecei a fazer a repartição do dinheiro entre os membros que comandavam a Conmebol. Entreguei a Julio Grondona (que também foi presidente financeiro da Fifa), Rafael Esquivel (detido na Suíça), Romer Osuna (ex-tesoureiro), Eduardo De Luca (ex-secretário geral)… – conta Confidente X ao jornal “As”.

Na última sexta o ele havia revelado que é testemunha de transferências bancárias entre contas de membros da Conmebol, e que a entidade teria recebido US$ 1,2 milhões (R$ 3,71 milhões) do Japão para distribuir entre membros que elegeram a candidatura de Japão e Coreia do Sul para a Copa de 2002 – a publicação traz documentos da operação.

– Eu chamava na porta dos quartos, e lhes entregava o envelope que tinha preparado com a quantidade designada. Alguns contavam o dinheiro, outros nem olhavam nos meus olhos. Eles fechavam a porta e eu ia para o próximo quarto, seguindo a ordem da lista. Nem todos cobravam o mesmo. Haviam subornos mais grossos e outros com menos dólares – revela, com riqueza de detalhes.

O delator afirma que se sentia em perigo caminhando com milhões de dólares por Assunção, mas se sentiu mais ameaçado quando pediu para que o trocassem de função. Segundo ele, a “mecânica do suborno” era institucionalizada na Conmebol e assumida por todos.

– Algumas vezes cheguei a pensar em pegar o dinheiro, ir até o aeroporto e sumir. Mas não sou como eles – afirma.

Em suas declarações ao ÁS, Confidente X também lembrou de quando Leoz comprou a sede do Banco do Brasil em Assunção, em 1998, por US$ 953 mil (R$ 2,9 milhões).

– É um dos melhores edifícios da cidade, e a quantidade não significou muito para ele, manejava milhões” – recorda, e resslalta que as contas do ex-presidente da Conmebol, da entidade, e diretores no Paraguai, estão no do Banco do Brasil.

Nicolás Leoz segue em prisão domiciliar, em sua casa de Luque, no Paraguai. A vigilância na residência do ex-presidente da Conmebol se intensificou nos últimos dias e o governo do país já iniciou os trâmites para a extradição do ex-número dois da Fifa para os Estados Unidos.

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