Pedro Vítor disse:

Quem não reage, Rasteja!

Nessa fase mágica que o Atlético vive desde 2012 nunca faltou um bruxo ou mago. Quando Ronaldinho Gaúcho saiu, vencido pelo lado negro da força (ou pela falta dela), a responsabilidade por dar continuidade a esse doce encantamento passou a ser de Maicossuel, que tinha entrado há pouco tempo no grupo alvinegro.

Os dois chegaram a jogar juntos, dividindo os louros pela conquista da Recopa, mas Ronaldinho, ao que parece, não compartilhou todos os segredos com o Mago. Ele virou reserva de luxo, raramente saindo do banco, recentemente ameaçado de voltar á região da Pérsia, de onde surgiu o termo”mago”.

Um possível empréstimo a um time desconhecido dos Emirados Árabes talvez fosse a melhor forma, pensaram os dirigentes do Galo, de o jogador nascido em Cosmópolis se reconectar com suas habilidades superiores. Os magi- ” homens sábios”, em persa tinham pleno domínio da Química, da Física e da Astrologia.

No Atlético, o Mago parecia ter esquecido dos principais fundamentos do ocultismo, não tirando nada além de muita fumaça de seu chapéu. Era a maneira como os magos impressionavam o povo na época, mas estes efeitos, que hoje qualquer ilusionista de quinta é capaz de realizar, não funcionam por muito tempo.

Por jogar de cabeça baixa, perdendo a chance re passar a bola para companheiros em melhor posição e se atrapalhando entre os zagueiros na hora de finalizar, ganhou mais uma letra “O” no apelido: Magoo, o personagem míope dos desenhos animados, conhecido pelo bordão”oh, sim, sim, eu lhe digo.”

Porém, como o careca velhinho, que saía das enrascadas quase sem perceber, Maicossuel mostrou que tem, além da persistência, uma boa estrela. Os melhores alquimistas sabiam transformar metais em ouro e produziam o Elixir da Longa Vida, capaz de curar todas as coisas.

Foi assim que o meia, quase de malas prontas para o exterior, mudou da água para o vinho. Curado, ele defendeu, trocou passes com o Giovanni, e fez dois belos gols. Diante do Sport, exibiu sua sagacidade para escolher o melhor momento de passar e pra quem passar.

Imediatamente liguei esse momento a uma música do planeta Hemp, “O Sagaz Homem Fumaça”, presente no quarto disco da banda brasileira. Apesar de o contexto ser diferente, a certa altura da letra Marcelo D2 assinala:
“Quem não reage, rasteja!” e no refrão, “Tá na hora de acordar e manter a cabeça de pé”

Com o Mago em plena forma, a palavra mais utilizada pelos comentaristas e pelo Levir Culpi é equilíbrio. A equipe tem química, cuja a raiz, por sinal, vem do termo alquimia em árabe, al-khen. E, claro, há um dedo do treinador atleticano nisso tudo, se lembrarmos de Levi, o alquimista.

Entre os grandes escritos de Eliphas Levi estão “Dogma e Ritual da Alta Magia” e “O Livro dos Sábios” . Não há nenhuma menção, evidentemente, a campanha do Atlético nesse Brasileiro, mas algumas características de Levi, como humildade, calma e sabedoria, também fazem parte de Levir, que chegou do Oriente para não deixar o Galo cair nas trevas novamente.

Texto do Colunista do Hoje em Dia, Paulo Henrique Silva.