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Os 105 anos do Pai do Galo, da Raposa, do Coelho, do Jacaré, do Leão…

O criador, o pai, aquele que foi responsável pelo Atlético ter um galo como mascote símbolo, o Cruzeiro uma raposa, o América um coelho, o Democrata de Sete Lagoas um jacaré, o Villa Nova um leão, completaria hoje 105 anos de vida. Foi o chargista e professor Fernando Pieruccetti, mais conhecido pelo seu apelido “Mangabeira”, quem teve a sacada genial de adotar diferentes bichos para representar os clubes de Minas Gerais e do Brasil nas suas sempre provocativas charges. A fábula futebolística nasceu em meados dos anos 40 quando ainda não existiam mascotes definidos para a maioria dos clubes brasileiros. Mangabeira teve suas primeiras charges publicadas no extinto jornal Folha de Minas e, devido a grande repercussão, os bichos foram parar no Estado de Minas já no ano seguinte, sendo seu autor contratado a peso de ouro pelo jornal.

Daí em diante o sucesso foi tamanho que rapidamente a imprensa e os torcedores começaram a se referir aos clubes pelos nomes dos animais. Com o Atlético a coisa foi além, se tornando praticamente o nome “oficial”, uma vez que a menção do nome Galo se tornou muito mais frequente que o próprio nome do clube. Nunca mais a torcida gritaria “Atlético! Atlético!” em campo. Talvez por uma questão de dicção, os cruzeirenses não tiveram a mesma sorte em entoar também o grito do seu mascote nos estádios. Mas, de qualquer forma, a raposa caiu como uma luva para o time celeste.

Fernando Pieruccetti, o Mangabeira

Fernando Pieruccetti, o Mangabeira

O que pouca gente sabe é que o primeiro mascote criado para o América por Mangabeira – que era americano –, foi o Pato Donald. Isso mesmo, o personagem da Disney dividiu aventuras com a Raposa e o Galo por um curto tempo. Mas foi a contra gosto do Mangabeira essa escolha pois ele fora convencido pelo então diretor do jornal Folha de Minas a adotar o mau humorado pato como representação do América, que na época era conhecido por ser um clube brigão nos bastidores. Como o pato não caiu no gosto dos americanos, Mangabeira não teve dúvida, e meses depois de seu lançamento, fez uma charge do Pato cometendo suicídio onde, ao fundo, um Coelho observava a cena com ar de ironia. A partir de então, o Coelho se tornou oficialmente o mascote do América.

A razão pela escolha da Raposa se deve ao fato do Cruzeiro, já naquela época, ter uma diretoria ágil, esperta, que sempre atravessava qualquer negociação que o Atlético estava fazendo e conseguia as contratações antes do rival. A tal astúcia da raposa inspirou o chargista a representar o Cruzeiro dessa forma. Curioso é perceber como essa característica atravessou o século!

Já o Galo, também curiosamente desde aquela época, era conhecido como um time de raça que vendia caro a derrota e lutava até a morte, tal qual um galo de rinha. Além disso, as cores preta e branca do galo carijó ajudaram ao Mangabeira compor o personagem.

Inauguração Mineirão

Charge de Mangabeira para a então inauguração do Mineirão com toda a fauna reunida

Além da paternidade dos mascotes da capital, ele também criou o Canarinho da Seleção, o Leão do Villa Nova, o Zebu do Uberaba, o Ganso do Araxá, entre outros mais de 60 personagens. Fora de Minas Gerais, Mangabeira também criou mascotes para clubes cariocas, paulistas, e outros estados. Como a circulação do Estado de Minas não chegava por aquelas bandas, quase nenhum pegou. O Flamengo ganhou um lobo como mascote, o Vasco um bigodudo leão marinho, o São Paulo um leopardo e o Palmeiras um papagaio (muito próximo ao hoje oficial, o periquito).

Tentativas de mascote

Mascotes anteriores aos do Mangabeira: o Atlético tinha como representante um índio gorducho, ao Cruzeiro coube o antigo personagem de quadrinhos Brucutu como tentativa de mascote, já para o América, nada mais “original”, o Super-homem

Falecido em 2004, Mangabeira deixou um valioso legado para o futebol mineiro dando grande contribuição na formação da identidade dos clubes e na relação dos torcedores com os times.

Quem quiser saber mais sobre as charges e outras curiosidades a respeito dos mascotes e sua história, pode acompanhar a página do Facebook dedicada à obra do artista. Uma homenagem mais que justa. Parabéns, Mangabeira!


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Comentários:
22
  • Leonardo Gomes disse:

    Olá Chico Maia, sou jornalista e pesquisador de mascotes e tenho um canal no youtube chamado Mundo dos Mascotes ( youtube.com/mundodosmascotes ). Ótima matéria, faço apenas um complemento e uma correção: Os primeiros mascotes do Mangabeira foram criados em 1945, mais especificamente. No entanto, mesmo ano dos mascotes do Aroeira do jornal “O Diário Esportivo”, exibidos nesta reportagem, mas que não pegaram. No entanto, os mascotes do Mangabeira vieram primeiro: são de agosto de 1945, enquanto as charges de Aroeira iniciaram em outubro de 1945.

  • MARCOS disse:

    Essa raposa aí me lembra muito uma raposa trapaceira no desenho do Pinóquio, chamado João Honesto…. Será que as semelhanças de atitude e caricata, são mera coincidência.

  • FREITAS disse:

    Podem colocar tudo faixa pintar muros: Mais uma das maricotas querendo o titulo do galo do mais querido time do povão, na verdade time do povo tem um só, o galão da massa o maior de minas de todos os tempos e não se fala mais nisso!!

  • Thiago Schubert disse:

    Chico,
    Poderia dar uma palhinha sobre os novos capítulos da Primeira Liga da Justiça x CBF.

    Abçs

  • Julio Avila (mariana) disse:

    Lembrando que o raposão foi o primeiro mascote no brasil a apoiar o time dentro e fora de campo,depois veio as imitações!raposão faz varias visitas sociais e promoves muitos eventos beneficentes em minas gerais!

    • Marcão de Varginha disse:

      Ainda bem que contam comk o dito “raposão”, pois, se depender da torcida (ou testemunha), o radicado tá fu…
      – 26/11/2014: eterno (e ainda rende chiliques, desmaios, TPM…)!

  • Jorge Moreira disse:

    Lendo esta bela reportagem me pergunto
    como a imprensa mineira piorou puts,nem
    se compara quando falo de Helio Fraga,
    Fernando Sasso,Maurilio Costa,Osvaldo
    Faria,Ogrande ROberto Drumond, me chamam
    de pre historico tudo bem melhor ter lido,escutado
    estes verdadeiros jornalistas esportivos do que me contentar
    com estes,jornalistas da anitga revista placar

  • José Eduardo Barata disse:

    No caso dos times do Rio , e em tendo sido criado aqui o Pato Donald para o América , não teria
    o Botafogo adotado esse mascote para ele ?
    Me parece ser este o mascote do clube da Estrela Solitária .

  • J.B.CRUZ disse:

    A RAPOSA foi em homenagem a um grande dirigente CRUZEIRENSE da época (MÁRIO GROSSO), ele mesmo dos sapatos San Marino..Quando descobria que o Atlético iria contratar determinado jogador, ele contratava antes..
    É por isso que ao longo do tempo o CRUZEIRO continua com bons dirigentes no comando do clube e tem conquistado mais títulos do que seu arqui-rival que é bem mais velho(13 anos)..
    É a vida…

  • Julio Avila (mariana) disse:

    A raposa astuta reinando em minas a vários anos!
    E parabéns ao Fernando Pieruccetti pelo belo trabalho!

  • Pedro Vítor disse:

    Isso de o nome Galo ser uma identificação ao Atlético, só se tornou possível, porque temos um típico torcedor que encarna a alma do clube, das adversidades, das conquistas, é por isso que Brasil conhecia, hoje a América toma o conhecimento e amanhã o Mundo irá conhecer!

    “Nós nunca nos damos como vencido”

    “A magia não esta na vitória, esta nas quantas vezes você conseguiu se levantar depois de uma porrada na cara”

    O Brasileiro ainda é possível e vamos lutar ate o fim!

  • Luís Cláudio disse:

    É por isso que a impunidade tomou conta do Brasil. Ilícito virou astúcia!

  • Fabio Fernandes disse:

    Olá, Chico! Lembrando que não precisamos diminuir o nome do “nosso” Clube para cantar! Aqui não!
    Aqui canta o ‘bicho’ que canta! Ah, ‘bicho’… Tu é canto! Tu é Galo!
    http://www.euvistoacamisadogalo.com.br

  • Raul Otávio da Silva Pereira disse:

    O “Galo” foi a grande sacada. Apelido forte, de fácil repetição. Incomparável. Em segundo lugar, o “Coelhão”. A “Raposa”, embora tenha explicação lógica, foi uma grande bola fora – e eu sou cruzeirense, diga-se de passagem.

  • Jean disse:

    Muito legal essa Chico! Não sabia a origem dos mascotes. Valeu!
    Agora, essa charge da raposa e galo na maior amizade e o coelho remando ao fundo não entendi!

  • Marcão de Varginha disse:

    Com certeza absoluta, o mais marcante do futebol brasileiro (e mineiro) de todos os tempos é “Galo”, imortal!

  • Thiago Magalhães disse:

    Índio gordo p***, ainda bem que não pegou rsssss
    E o América que moral tinha com a imprensa hein, em 1945 fazia um jejum de 20 anos sem conquistar um Campeonato Mineiro sequer e ainda tentaram empurrar um “Super Man” para eles hahaha

  • Thiago disse:

    Infelizmente as grandes figuras ricas em sabedoria e cultura vão desaparecendo e cada vez mais ficamos sem os exemplos como esse. A sociedade vai embrutecendo, emburrecendo e empobrecendo culturalmente. Só lamentar!

  • Paulo disse:

    Era muito inteligente.
    Criar o Galo Forte vingador foi sua vitória!
    P.s. E a bandidagem azul continua comentendo crimes sem parar e sem restrição.
    Após o jogo do Galo x Sport, integrantes da bandidagem azul se uniram com bandidos da facção organizada do sport e agrediram covardemente torcedores atleticanos que foram encurralados e a PM local não fez nada.
    Até quando a bandiagem azul vai continuar comentendo crimes e barbáries???
    Alô MP FEDERAL já passou da hora de entrar no caso já que as policias e MP estaduais não fazem nada.