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Quando os paulistas aderirem à Primeira Liga estará decretado o fim do poder supremo da CBF e demais atravessadores que exploram os clubes

ATRAVESSADOR

Thiago Schubert, comentarista do blog, a quem agradeço, pergunta o que penso do embate da Primeira Liga com a CBF. Vejo como o começo de uma longa novela que terminará com final feliz a favor dos clubes. Não por interesse ou boa vontade da CBF e federações, mas porque elas serão arrastadas a ficar ao lado do movimento que é o embrião de uma nova ordem no futebol brasileiro.

Os clubes mineiros, gaúchos, catarinenses e cariocas que fundaram essa liga estão conscientes do que estão fazendo. Têm as leis a favor deles e se aproveitam também do momento delicado pelo qual passa a CBF e a própria Fifa, cujos comandantes estão mais preocupados em salvar os próprios pescoços. Não foi à toa que puseram Alexandre Kalil para comandar a Liga neste primeiro momento. É dos poucos dirigentes brasileiros sem rabo preso com empresários, jogadores ou outros cartolas do futebol brasileiro, sul-americano e mundial. Quando Kalil compra uma briga ele se informa de todas as consequências e possibilidades de sucesso. Cerca-se juridicamente e de argumentos difíceis de ser refutados. Essa briga, por enquanto, está sem os clubes paulistas no mesmo barco. Eles estão na espreita, atentos aos resultados iniciais das primeiras “escaramuças”. Quando entrarem estará decretado o fim do poder supremo da CBF e aliados, aproveitadores seculares das tetas dos clubes, que são a razão de ser de tudo. São os clubes que movimentam milhões de pessoas fomentam bilhões na economia formal e informal. Mas, desunidos e desorganizados que são, ficam nas mãos de atravessadores e oportunistas. Para organizar uma competição, tabela de jogos, quadro de arbitragens e estabelecer regras e eventuais punições os clubes não precisam da CBF. Eles mesmos podem fazê-lo. Entidades como ela e as federações têm interesse apenas nos milhões que arrecadam com as taxas de inscrição de jogadores, recursais e a mina de dinheiro que é a negociação com as redes de televisão dos direitos de transmissão. É isso o que está em jogo. Os clubes, que investem fortunas para sustentar um departamento de futebol, ficam com migalhas em relação ao que fica com a CBF e federações. Elas não têm um jogador ou treinador sequer em suas folhas de pagamento, mas ficam com a parte do leão nessa história.

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A CBF tem helicóptero, jatinho, sede suntuosa e paga salários de executivos internacionais para seus dirigentes e funcionários graduados. Paga também consultorias absurdas a apaniguados e cúmplices, tipo Ricardo Teixeira que recebe mais de R$ 100 mil mensais. E os clubes endividados, de pires na mão. Claro que fizeram mil besteiras e tiveram e têm dirigentes incompetentes e ou ladrões, porém, a onda está mudando e os aproveitadores estão sendo postos para fora ou se excluindo, como vimos na recente saída do presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar. Eurico Miranda voltou ao Vasco, mas com seus velhos métodos, tem sido um fracasso e o barco está afundando.

Apesar da demora, mudanças profundas estão acontecendo no Brasil. Alguns dos maiores empresários e políticos do país estão na cadeia; fato inimaginável tempos atrás. Só faltam agora dois pilares terem alguns de seus maiores representantes também presos: banqueiros e dirigentes de futebol. Quem sabe está chegando a hora da turma da bola? Banqueiros, acredito, ainda demoraremos a ver atrás das grades.


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Comentários:
10
  • Alex Souza disse:

    Olá Chico Maia. Até hoje não entendi o que os clubes ganham com a presença de Federações Estaduais e da Confederação na gestão dos torneiros: Campeonatos Estaduais, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro (A, B, C e D).
    1 – A premiação por conquistas costuma ser ridícula.
    2 – As taxas são altíssimas e praticamente sem contraprestação.
    3 – Os custos operacionais são bancados pelos clubes.
    4 – A Justiça Desportiva e a Arbitragem são dois grandes exemplos de fracasso.
    5 – O registro dos contratos não é auditado e os clubes acabam punidos por quem deveria levantar o problema antes do registro antes de permitir atleta de ir a campo.
    6 – O controle dos cartões e das suspensões recai só sobre os clubes ao invés de, antes das partidas, sair uma lista dos atletas impedidos de ir ao jogo.
    7 – A tal vistoria nos estádios se limita a itens de prevenção de incêndio e anti-pânico (Corpo de Bambeiros) e nenhuma exigência é feita sobre condições de vestiários, dimensões de gramado, tipo de grama, estrutura básica de telecomunicações, cabines de imprensa.
    8 – A questão de posicionamento de torcidas, cotas do mandante e do visitante, espaços de isolamento nas divisões nunca é feita com antecedência e acaba sendo acertada na base do “olhometro”e de última hora.
    9 – A recepção de caravanas de times visitantes é tratada basicamente como assunto policial e não há a menor preocupação em participar da gestão deste aspecto, de modo a minimizar conflitos (venda de ingressos a visitantes, antecipação da abertura de portões, bares e banheiros no setor visitante (preferem ver o corre-corre nas imediações do estádio).
    10 – Não há um trabalho de comunicação permanente com o torcedor sobre o que pode e o que não pode ser levado ao estádio (tá tudo escrito no Estatuto do Torcedor), deixando o assunto para ser tratado exclusivamente como questão policial ao invés de divulgar os esclarecimentos na mídia e na internet.

    Em suma, quando a coisa explode culpam os clubes e os torcedores, contudo, nada fazem para organizar o espetáculo. Parece que a missão da Confederação e das Federações é só arrecadar uma parte da renda. Mesmo com tantas questões obscuras ainda querem continuar interferindo.

    Se a Liga Sul-Minas-Rio trabalhar sério logo vai adquirir expertise em torno de assuntos que as Federações e a Confederação fecharam os olhos ao longo de muitos anos. Estudos, experiências, práticas, inovações e aplicação de conhecimentos é que vão ajudar a Liga a responder adequadamente às demandas. Os “jericos da caxirola” continuam a postos (doidos para arrumar um troco); todo mundo sabia que aquelas coisas seriam jogadas no gramado (como aconteceu no Campeonato Baiano de 2013). Os gestores da Liga vão precisar de gente que fale não para estes tipos de oportunistas.
    A guerra desta Liga de Clubes está só começando. CBF e Federações, com apoio da CSF (Sulamericana), farão de tudo para manter o controle das vagas para a Copa Libertadores, Copa Sulamericana, Copa do Brasil e dos Acessos e Descenso.

  • Thiago Schubert disse:

    Concordo principalmente no momento de fragilidade da CBF que esta nas cordas e sem força para impor alguma coisa, Del Nero esta com medo de ir ate na padaria. A CBF conta com o apoio somente da Federação carioca, essa que esta rachada, mas tem por traz o Eurico Miranda então todo cuidado é pouco.

    Espero realmente que o Kalil tenha se resguardado em relação aos espertos times cariocas que podem pular de lado facilmente. Vamos ver se ele aprendeu com o Sanches a implodir certos grupinhos.

    Abçs.

    • Pedro Vítor disse:

      Mas o Kalil não manda nada ali, ele é empregado, tem salario, faz o que os clubes mandam fazer.

      Só que ele tem peito pra fazer, não pega microfone pra gaguejar como o Gilvan, e nem cochichar como o Daniel, muito menos pra iludir como faz o Eduardo Bandeira do Flamengo.

  • @cabrito2606 disse:

    O $uce$$o da Liga fica entre aspas, caso a Rede Globo ainda tenha supremacia sobre os direitos de transmissão! 🙁
    Com a Globo fora, o torcedor consumidor vai ganhar, Chico! 🙂

  • Guiguis disse:

    Kátia Rabello, banqueira (banco Rural), presa no mensalão.

  • Lucas Henrique disse:

    Chico, torço muito pelo sucesso da Liga, mas acho que este fator dependerá da continuidade dos processos movidos contra nossos dirigentes nos EUA.
    Falo isto, porque, em outras investidas, os clubes amigos da cbf abandonaram o barco. Muitos deles só vão aderir no último momento e alguns que aí estão, não são confiáveis.
    Quanto ao Kalil, se eu estiver errado me corrija, mas me parece, conforme o noticiário, que na época da cpi da bancada da bola, perdeu ação para o Caixa D’agua, ficando 2 anos sem poder frequentar estádios. Posteriormente, perdeu outra ação, ficando 60 dias sem poder exercer seu mandato. Talvez, não se resguarde tanto assim.
    Deus queira que eu esteja errado, o futebol precisa ser moralizado, mas, em se tratando de Brasil, só acredito vendo.

  • Raul Otávio da Silva Pereira disse:

    Muito boa a iniciativa. Tomara que dê certo.

  • Alexandre Luiz disse:

    Só me vêm a cabeça se aquele vagabundo do Marcelo de Lima Henrique não veio orientado pela FERJ para prejudicar o Atlético naquele jogo contra o Genérico. Afinal, esse movimento está sendo capitaneado pelo Kalil e têm como opositores FERJ e CBF.

  • João Vitor disse:

    Pelo que indica a globo vai comprar (ficar) com o direito de transmitir, até te pergunto Chico será realmente a independência do futebol.
    Estou aguardo os próximos capítulos pra acreditar.

    • Pedro Vítor disse:

      Neste momento, acredito que a Globo tenha realmente vantagem, pois muitos destes clubes, tem cota adiantada a pedidos dos clubes cedidos pela Globo.

      Então de momento, mesmo que a Record, ou outra emissora ofereça mais dinheiro, os clubes estão presos a rede Globo.

      Mas no futuro acredito que haja uma estabilização em questões como estes adiantamentos pra não atrapalhar negociações futuras!