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Levir, Muricy, Zezé Moreira, Minelli, passado e presente; treinador: uma decisão difícil de se tomar

Quando Felício Brandi contratou Zezé Moreira nove em 10 torcedores e seis em 10 jornalistas foram contra e diziam que o presidente do Cruzeiro estava cometendo um erro absurdo, que poderia custar muito caro. O veterano treinador estava com 68 anos de idade, já tinha comandado inúmeros clubes, dirigiu a seleção brasileira de 1952 a 1955, e se preparava para aposentar. “Decadente” era a palavra que mais se ouvia para se referir a ele. Pois o “velho” chegou, foi campeão mineiro, vice-brasileiro naquele ano e conduziu a Raposa ao primeiro título da Libertadores da América em 1976. Ranzinza, temperamento difícil, linha dura, mas profundo conhecedor de futebol. Soube cativar quem precisava: os jogadores, numa época de transição, em que jovens como Joãozinho e Palhinha surgiam, numa mistura que deu certo com gigantes da bola e em caráter, como Piazza, Dirceu Lopes, Nelinho, Raul, Zé Carlos e Jairzinho o “Furacão” da Copa de 1970, perto de encerrar a carreira, mas estratégico para o esquema de Zezé Moreira naquela temporada.

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Zezé Moreira comanda treino na Toca da Raposa – foto do site http://www.paixaocruzeirense.com.br/

Felício Brandi e seus pares de comando calaram a todos, mas não ouviram nenhum torcedor ou comentarista dar a mão à palmatória.

Técnico não entra em campo, mas ganha e perde jogos, dependendo da competência ou não para montar um grupo, treinar a equipe no dia a dia, escalar os 11 e os suplentes a cada jogo, estudar os adversários, conhecer e dominar os ambientes interno e externo, além das estratégias antes, durante e após os jogos. A escolha de uma diretoria do nome certo é vital. Decisões como essas não são fáceis e há histórias mil no futebol, de grandes acertos e verdadeiras catástrofes para um time. O interesse pela sequência do campeonato ainda não acabou para o Atlético, que luta pelo vice-campeonato que lhe renderá R$ 2 milhões a mais de premiação. Porém o assunto dominante, há quase um mês, é se Levir Culpi fica ou não fica. De alguns dias para cá se Muricy Ramalho ou o argentino Alejandro Sabella será o substituto dele em 2016.

Este é um momento extremamente delicado para o clube, especialmente para o presidente Daniel Nepomuceno, que vem cumprindo muito bom mandato neste primeiro ano como sucessor de Alexandre Kalil. A decisão dele quanto ao treinador da próxima temporada será um passo decisivo para o futuro próximo do Galo e da própria imagem dele perante a torcida e ao futebol brasileiro como mandatário maior atleticano.

Vem aí uma temporada cheia, com Torneio na Flórida, Copa Sul/Minas/Rio, Mineiro, Libertadores, Copa do Brasil e Libertadores. Clube grande, de massa, quando começa mal, dificilmente se arruma na sequência. É muita onda, muita pressão! O treinador é o chefe da comissão técnica. O presidente manda no clube, mas no departamento de futebol e time quem manda é ele. O presidente contrata e demite, mas o detentor do cargo tem o poder pleno, enquanto está lá. Demitir no meio do caminho é outro problemão.

Levir é ótimo treinador e não merece tantas e tão pesadas críticas, principalmente nestes momentos que podem ser os seus últimos no Atlético, depois de mais uma período de grande sucesso comandando o time. A soma de acertos é infinitamente superior à dos erros. O clima geral entre diretoria e torcida com ele não está mais legal como antes por uma série de fatores, mas caso ele saia realmente, tem que ser com todas as honras que merece. Pela porta da frente e com homenagens, por tudo que ele e o Galo viveram juntos e fizeram um pelo outro.

O futebol é assim. Muricy nem foi confirmado, e já recebo comentários em meu blog do tipo: “está decadente”, “é rico, já ganhou tudo e não tem mais motivação”, “está doente e não tem mais fôlego”. Bobagens ao vento, mas que se tornarão verdades caso ele assuma e o time não comece logo a ganhar os seus jogos.

MINELLI

Em 1984 Rubens Francisco Minelli (foto) era o que o Tite é hoje: unanimidade, o nome certo para a seleção brasileira. Curiculum invejável: bi-campeão consecutivo com o Internacional (1975/1976) e no ano seguinte, tri, com o São Paulo. Contratado pelo Atlético, que tinha, reconhecidamente pela imprensa nacional, o melhor elenco do Brasil, chegou botando banca, dizendo que queria ver o time treinar para depois opinar sobre a qualidade do grupo. É claro que João Leite, Nelinho, Luizinho, Valença, Heleno, Reinaldo, Éder e demais colegas não gostaram de ouvir aquilo. Além do mais, Minelli gostava de um carteado e se entusiasmou com as ótimas rodas de jogo de Belo Horizonte. O time, que voava em campo, empacou e só voltou a correr e ganhar os jogos depois que o treinador foi demitido menos de três meses depois de chegar. Aliás, o carteado continua forte em Beagá, e derrubando treinadores, já que anos depois a história se repetiu com gente igualmente famosa e pouco habilidosa com as palavras. Inclusive este ano.


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Comentários:
7
  • Thais disse:

    Tão esperando o marcelo cair no palmeiras e vai chama-lo.

  • Marcão de Varginha disse:

    Independente de qual seja o futuro treinador do genuinamente mineiro e o eterno maior clube das alterosas, que nos dê mais títulos e alegrias!
    – Obrigado, grande Levir, e sucessos ao futuro técnico!

  • Silvio Torres disse:

    Ótima ideia: diretoria, jogadores e torcida fazem uma grande festa homenagem/despedida para o Levir na partida contra a Chapecoense no dia 06. O time vence, garante o vice (já que vai tomar de quatro ou mais do Grêmio, como acontece há várias rodadas sempre que joga fora de casa) e fatura sua grana a mais. Obrigado Levir e bola prá frente que 2016 vai ser puxadíssimo dom tantas competições.

  • Marlon Viana disse:

    O Galo precisa de um técnico moderno, que possa implantar variações táticas no time, não vejo hoje no mercado brasileiro quem poderia ser este técnico, há muitos de “grife” que já não dão resultados mais e há os emergentes que são verdadeiras apostas e que acho que para o momento atual do clube e para as competições que teremos ano que vem não seriam os mais indicados, eu gostaria de técnicos como “El Loco” Bielsa, Simeone ou Sampaoli para o Galo mais ai já é sonho. Acho que também é necessário fazer mudanças no elenco (mudar o “DNA” do time não adianta trazer um novo técnico e manter o mesmo grupo de jogadores) e trazer reforços de características diferentes dos que já se encontram aqui.

  • Alexandre Luiz disse:

    Entre Muricy e Levir, prefiro o Levir. Muricy não tem a cara do Atlético. Só trocaria pelo Cuca.

  • Tonho ( Mineiro ) disse:

    Sei nao, acho que ta na hora de mudar, Perdemos tudo este ano pela cabeça dura do Levi, colocou o time voando no primeiro turno depois começou a fazer loucuras como o Patrick na frente. Ta na hora de ir, que venha um treinador de fora do Brasil.

  • Igor disse:

    Levir é muito mais técnico, que o Muricy! Mas se este último vier vou torcer para que dê certo!