Questão de saúde e política pública. Nas ruas e em qualquer lugar a prática de todos os esportes possíveis é comum no dia a dia do nortes-americanos.
Com a vitória sobre o Equador e a presença dos Estados Unidos nas semifinais a Copa América passou a ganhar mais espaços na mídia norte-americana. A Eurocopa também, mas com enfoque, diferente. Muito pouco sobre futebol e muito a respeito da violência. Zero de problemas neste aspecto na competição sediada por eles e confusão antes da abertura da disputa europeia, durante e após quase todo jogo, nos estádios ou nas ruas da França. Este é um tema delicado para eles e pauta permanente dos jornais e Tvs. O atentado à boate em Orlando continua entre os principais do dia a dia, misturado aos temas do debate eleitoral, envolvendo o livre comércio de armas, terrorismo e a legislação.
Mas o esporte os relaxa, na prática e nas conversas. Na imigração do aeroporto de Los Angeles, em minha chegada, o agente federal que recebeu meu passaporte, sorriu ao ver na tela do computador que eu era jornalista e que estava chegando a trabalho, para cobrir a Copa América de “soccer”. Espinosa é o nome dele, que brincou: “Você seria mais feliz se estivesse vindo cobrir a NFL (National Futebol League), muito melhor que essa Copa América…”.
Acredito que a sisudez daquele momento tenso de toda chegada ou saída de qualquer aeroporto norte-americano só é quebrada em função de um assunto como este, o esporte, que eles adoram. Tanto para ter alguma bandeira para torcer como na prática. Todos os dias se vê milhares de pessoas de todas as faixas etárias praticando algum esporte nas ruas, praças e incontáveis parques, cheios de equipamentos e espaços exclusivos para isso. Em um domingo como este, qualquer cidade deles se transforma em um grande centro esportivo com o fechamento de espaços públicos para a prática de alguma atividade esportiva.
Por todos os motivos o Brasil poderia e deveria e ser assim.
Uma pena
Mas no Brasil não existe política pública voltada ao esporte. Raramente um secretário municipal ou estadual de esporte, ministro ou coisa assim, tem a ver com o setor. O eventual prefeito, governador ou presidente da república nomeia para o cargo algum aliado derrotado nas urnas ou algum afilhado deste, do partido, para o cargo. Nem tomam conhecimento ou querem saber que o esporte, a cultura e a educação são os maiores fatores de inserção social de qualquer sociedade. De países subdesenvolvidos, como o nosso, principalmente. Exemplos não faltam. Gosto de citar o meu próprio, que quando pré-adolesncente sonhei ser jogador de futebol.
Eu era goleiro do juvenil do Democrata de Sete Lagoas, tomei bomba no teste no Galo, mas quis continuar no futebol. Virei mais um jornalista, porém feliz, em ter ocupado espaços que jamais sonhei ocupar. Nessa brincadeira já foram oito Copas do Mundo de cobertura presencial, um punhado de copas américas como essa, indo para a sexta Olimpíada, dessa vez em território nacional, a primeira da América do Sul.
É claro que bate um sentimento de frustração muito grande quando se aproxima a hora de voltar ao Brasil depois de alguns dias de trabalho em um país como Estados Unidos, Europa e muitos outros, inclusive da América do Sul. Poderíamos ser o melhor lugar do mundo para se viver, mas, este é um sonho cada vez mais distante, e o nosso dia a dia mostra isso.
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