Foto: Bruno Cantini/Atlético
Demorou, já vão tarde. Diretor Rui Costa, Dudamel, Marques e demais da Comissão Técnica, demitidos, mas as multas contratuais e demais contas caríssimas, morais e financeiras ficam em Belo Horizonte.
O futebol é o carro chefe de qualquer clube grande e por conseqüência, depois da presidência, diretor de futebol e treinador são os principais cargos. Têm um poder descomunal, trabalham com fortunas. A competência e correção deles são decisivas para o sucesso ou fracasso da instituição e a sua diretoria. Alexandre Gallo foi muito mal na função e o sucessor dele, Rui Costa, tão ruim quanto, ou pior.
Demitido após o vexame em Afogados da Inghazeira, o Atlético fica com a conta e pagará pelos erros dele em contratações, contratos e renovações, de jogadores, comissão técnica e dirigentes das categorias de base, importados do Sul do país. Aliás, ele também foi importado do Sul do país, com um histórico ruim no Grêmio, como mostra essa reportagem do Globoesporte.com do dia 07 de maio de 2016:
* “Quedas, 48 reforços e nenhuma taça: os 41 meses de Rui Costa no Grêmio –
Executivo foi desligado oficialmente do clube nesta sexta-feira, após a 11ª eliminação em três anos no clube, nas oitavas de final da Libertadores, diante do Rosario Central”
Contratado para substituir Alexandre Gallo, chegou no dia seguinte à goleada que o Atlético tomou do Cerro Porteño e a iminente eliminação na Libertadores do ano passado, em 10 de abril.
Foi mal na sua primeira importante missão, de contratar o sucessor do demitido Levir Culpi. No dia 24 de abril, escrevi aqui no blog: “Rogério Ceni não foi procurado; velho capitão diz que é “tempestadezinha, futuro brilhante” e o novo diretor faz efusivos elogios ao grupo do Atlético”
No dia 17 de maio, também do ano passado, estranhei o oba-oba sobre este Rui Costa: “Muito oba-oba sobre um prêmio que o diretor de futebol do Atlético ganhou. E o time? Vai ganhar alguma coisa?”
No dia 24 de setembro, no Campeonato Brasileiro, o Eduardo de Ávila, um dos atleticanos mais apaixonados que conheço, abria o verbo no blog dele no Uai:
* “Omissão da diretoria tira o sono do Torcedor”
Depois de tentar dormir e levantar algumas vezes durante a noite, cá estou eu no meio da madrugada, tentando escrever e entender o que se passa com o Galo. Sinceramente, o que dizer depois de seis derrotas seguidas no Brasileiro. Nas dez últimas partidas, são três vitórias e sete derrotas. No campeonato nacional, nenhum ponto em 18 disputados. Isso, zero, nenhum!
Vergonha! Ontem, ao final do jogo, arrisquei algo que raramente faço. Ouvir as entrevistas dos jogadores e do treinador. Confesso ter imaginado, doce ilusão, que o presidente ia dar as caras e tentar colocar ordem nessa bagaça. Nada! Ouvi um dos jogadores dizendo que o time “tentou e criou”. Outro sugerindo que é preciso chegar logo aos 45 pontos para não correr riscos. Desanimador, um e outro. O primeiro, com todo respeito, fora da realidade.
https://blogs.uai.com.br/cantodogalo/omissao-da-diretoria-tira-o-sono-do-torcedor/
E aqui a reportagem completa sobre Rui Costa no Grêmio:
* “Quedas, 48 reforços e nenhuma taça: os 41 meses de Rui Costa no Grêmio”
Envolto em um ambiente de frustração no hotel do Grêmio em Rosário, Rui Costa cedeu ao fardo que carrega desde 20 de novembro de 2012, quando aceitou o convite de Fábio Koff para ser diretor executivo do clube. Ali, frente a frente com o atual mandatário, Romildo Bolzan, o agora ex-dirigente entregou o cargo após a queda para o Rosario Central nas oitavas de final da Libertadores. Encerrou, assim, uma trajetória de 41 meses imerso em pressão no futebol tricolor, com 48 reforços, cinco técnicos e nenhuma taça no armário.
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Foram 1263 dias entre o “sim” à convocação de Koff, uma espécie de padrinho pessoal dentro do Tricolor, e o desligamento oficial do clube. Ainda antes de assumir o cargo, Rui já atuava ao lado do mandatário, no final de 2012, para assegurar a renovação de Vanderlei Luxemburgo. De lá para cá, o executivo alternou entre contratações de peso e apostas para reforçar o elenco, ora comandado por técnicos de prestígio junto à torcida, como Felipão e Renato Gaúcho, e por emergentes, como Enderson Moreira. Também passou por uma profunda reformulação no futebol, em meio a diferentes realidades financeiras.
Sem títulos, guarda algumas conquista pessoais, como o histórico 5 a 0 no Gre-Nal, que suplanta seu retrospecto negativo diante do maior rival. Em 2016, chegou a ter seu nome gritado pela torcida e foi chamado de “mito”, no desembarque de Miller Bolaños como reforço de quilate para a Libertadores. Viu a idolatria passageira se dissipar diante de mais cobranças sobre seu trabalho, costumeiras ao longo dos três anos, como o GloboEsporte.com relembra abaixo:
ELIMINAÇÕES EM SÉRIE
A dolorida e traumática eliminação para o Rosario Central, numa atuação apática do Tricolor na derrota por 3 a 0 no Gigante de Arroyito foi o estopim para a saída do executivo, ainda em solo argentino. Mas passa longe de ser um tropeço isolado na carreira de Rui Costa. O dirigente, é bem verdade, teve de lidar com a pressão de mais de uma década anterior sem títulos, mas teve sua parcela de culpa nos concomitantes 15 anos de jejum.
Em mais de três anos no cargo, o executivo colecionou eliminações em 11 torneios, dos quais três ainda em 2016 – além da Libertadores, o Tricolor caiu no Gauchão, para o Juventude, e na Primeira Liga, para o Inter (confira na tabela abaixo). Por falar no maior rival, o Grêmio sofreu derrotas marcantes nas finais dos dois últimos Gauchões justamente para o Colorado.
Durante a gestão de Rui Costa, o clube ainda disputou três Brasileiros sem sucesso na briga pelo título, ainda que tenha alcançado a vaga na Libertadores em duas edições. A equipe foi vice em 2013, sétimo colocado, em 2014, e terceiro, no ano passado.
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