Sampaoli em foto do Bruno Cantini/Agência Galo
O Atlético é o terceiro clube da prateleira de cima, do primeiro mundo do futebol, na vida de Jorge Sampaoli. Começou em clubes bem pequenos no interior da Argentina: Alumni de Casilda, Belgrano de Arequito, Argentino de Rosario, Alumni de Casilda, Belgrano de Arequito, Aprendices Casildenses, Argentino de Rosario e Alumni de Casilda. Depois no futebol do Peru: Juan Aurich, Sport Boys, Coronel Bolognesi e Sporting Cristal. Uma passada pelo Equador, onde comandou o Emelec e depois foi para o Chile. Lá começou ganhar visibilidade maior na América do Sul dirigindo o O’Higgins e Universidad de Chile, de onde foi para a seleção chilena, conquistando o primeiro grande título do país, a Copa América 2015, sediada por eles. Trocou a seleção pelo Sevilla, de lá para a Argentina para a disputa da Copa da Rússia 2018, em que foi mal. Aí veio a experiência brasileira, ano passado, vice-campeão com o Santos e este ano no Galo.
Estudioso do futebol adepto de treinos técnicos e táticos até a exaustão. Segue a máxima do Telê Santana, de que a repetição das jogadas e de fundamentos nos treinos, resulta em gols e vitórias nos jogos. Seu maior inspirador na carreira é o patrício Marcelo Bielsa, que assim também como Telê, é adepto do futebol ofensivo, custe o que custar. E tal como estes dois grandes treinadores, Sampaoli tem dificuldades com o sistema defensivo. Seus times marcam muitos gols, mas também tomam muitos. No dia em que não marca, perde e empata jogos inacreditáveis.
A disciplina rígida imposta por ele no dia a dia e o seu grau de exigência dos jogadores costuma lhe causar problemas. Na seleção argentina, quebrou a cara, ao não conseguir estabelecer diálogo com os principais jogadores. Quase caiu durante a Copa, por pressão de Lionel Messi, Agüero, Mascherano e Lucas Biglia. Eu estava no estádio de São Petesburgo, bem perto do banco argentino, no jogo de vida ou morte contra a Nigéria e, junto com centenas de colegas jornalistas, o vi chamando Messi para trocar ideias sobre substituições.Logo depois da Copa, caiu.
No Atlético não dá papo para ninguém que não seja da sua comissão técnica, mas o trabalho dele é excelente. Cometeu um grande erro: como não acreditava nos estragos que essa praga de Covid-19 é capaz de fazer, não era rigoroso nos cuidados básicos, como o isolamento social e o uso de máscara, por exemplo. Nem exigia dos seus comandados. Este erro provocou uma avalanche de casos no grupo, desfalcando o time (dele inclusive) em vários jogos. Isso está custando caro, ao ponto de o time ser obrigado a vencer o São Paulo esta noite, para ficar há um ponto de diferença do líder. Justamente contra o time que adotou todos os rigores contra a Covid-19 e não teve nenhum caso positivo em seu elenco. Ponto para o técnico Fernando Diniz, que assim como o próprio Sampaoli é tarado pelo futebol ofensivo e também toma gols demais. Parece que aprendeu a equilibrar ataque e defesa, por isso deu essa arrancada que o levou à liderança do Campeonato.
Jorge Sampaoli custa muito caro ao Galo, mas caso o clube consiga segurá-lo, certamente seu trabalho apresentará resultados mais positivos em 2021. Ele é inteligente, desses que aprendem com os próprios erros. Está aprendendo a lidar com o futebol brasileiro e a convivência com os mineiros está lhe mostrando que é preciso conversar mais, mesmo que seja ao pé de ouvido. Em 2021 ele vai trabalhar com Sérgio Batista Coelho, um presidente que é especialista em dialogar, comerciante de sucesso que é. Sabe ouvir, sabe a hora certa e sabe o que falar com cada interlocutor.
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