Como diria a amiga Jaísa Gontijo, “estou mal, mas vou piorar”. Ligo a TV e vejo essa aí: “Justiça Federal absolveu mineradora pelo rompimento de barragem em Mariana”.
Seria a mesma justiça que ainda não pôs ninguém na cadeia, por causa da barragem de Brumadinho?
Ou aquela que anulou multas, e “descondenou” corruptos e corruptores?
Melhor voltar para o nosso “mundinho” do futebol; “mundinho” que movimenta bilhões Brasil e mundo afora, onde tudo pode e não há necessidade de “descondenar” ninguém, já que nessa área ninguém vai a julgamento. E quando vai, a pena é reduzida para menos da metade, transformada em multa ou esquecida.
Por falar nisso, que coisa impressionante, os pronunciamentos do Atlético e do vice-governador do estado, ontem, hein!?
Quer dizer que foram identificados 21 criminosos e marginais que mancharam a imagem do Galo na final da Copa do Brasil, agredindo rivais e jornalistas, além de depredar a Arena MRV. Hummm!
E os nomes deles? E as caras deles para serem amplamente mostradas em todos os meios de comunicação possíveis. A exposição pública desses elementos seria a única punição a eles, porque a tradição nos diz que já já todo mundo esquece de tudo e eles voltam a delinquir. E outros vão aprontar até pior, sabedores que são, de que vivemos no país da impunidade. Não só Minas Gerais!
No primeiro clássico com o Cruzeiro, o Galo perdeu em campo, mas a indignação maior da diretoria foi por causa da depredação de instalações da Arena “mais tecnológica” do Brasil. Opa, com tantas câmeras espalhadas lá, fácil identificar e entregar as imagens para a polícia, né? Na teoria, pois até hoje não tenho conhecimento de ninguém preso ou punido por aquele vandalismo.
Se não pegaram nem os marginais rivais, vão pegar os marginais caseiros?
Foto: twitter.com/Atletico
Importante lembrar também que toda ação gera reações. Não vender cerveja nos bares que atendiam a torcida adversária resolveria o problema da defesa do time? Retirar portas e até papel higiênico dos banheiros resolveria a falta de pontaria dos atacantes naquela derrota? Ou só atiçariam a raiva dos visitantes depredadores?
No caso da Copa do Brasil, depois de mais uma derrota na bola, em jogo limpo e de toda a confusão, pra quê mandar botar o som do hino do Atlético no maior volume possível, atrapalhando a solenidade de premiação e o trabalho da imprensa?
Coisa de gente pequena, jeca no sentido ruim da palavra. Um funcionário cabeça cozida teria agido por contra própria ou foi mandado por algum dirigente infeliz e despreparado? A imprensa do país inteiro comenta e ainda faz essa pergunta.
As medidas preventivas e supostamente punitivas anunciadas ontem são as mesmas dos anos passados, desde os tempos do Mineirão “raiz”. E funcionavam bem, como funcionam, quando há vontade política e administrativa para isso.
A Polícia Militar, quando devidamente acionada, beira a perfeição sempre. A memória fraca e seletiva, principalmente dos políticos e dirigentes de futebol, se esquece facilmente das coisas. Não estão se lembrando, por exemplo, que o Cruzeiro perdeu a Libertadores da América de 2009 em pleno Mineirão para um time argentino, Estudiantes, e não houve violência nem atos de vandalismo, porque a PM cumpriu com a excelência habitual a sua missão. Da entrada do primeiro ônibus das torcidas deles no território mineiro, estadia deles em Belo Horizonte, e saída deles do nosso estado. Dentro do Mineirão também, nenhum problema: antes, durante e após a partida.
E olhem que ainda não imperava tanta chatice dos estádios “Padrão FIFA”, que estariam por vir.
Por medida de economia, os clubes passaram a dispensar a PM dentro dos estádios. E por mais competente que seja a segurança particular, ela não tem poder de polícia, não pode usar armas e certamente os clubes não contratam a quantidade que deveria ser a ideal para os jogos, também por medida de contenção de custos.
Em resumo, senhoras e senhores, é tudo muito simples, apesar de trágico e desanimador: enquanto a impunidade e interesses inconfessáveis prevalecerem a história se repetirá.
Não é à toa que somos um dos países mais violentos e perigosos do mundo e a bandidagem não teme nem respeita mais ninguém. Ontem um carro (Toyota Corolla) da equipe do Ministro Secretário Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, foi roubado no Rio, durante o encontro do G20.
Na antevéspera da eleição municipal de outubro passado, um carro do Gabinete de Segurança Institucional do presidente da república também foi roubado, em São Bernardo do Campo/SP, perto do apartamento dele e da escola onde ele vota.
Nem falemos do sujeito que queria matar um Ministro do Supremo, e não conseguindo, se explodiu quase na porta da sede da corte mais alta do país.
Se a insegurança está nessas esferas que têm proteção oficial, imagine entre nós, mortais comuns.
Foto: twitter.com/Atletico
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