Chico Maia
Melancólicos e coléricos
A imprensa do Brasil inteiro ainda avalia os motivos da perda do título da Libertadores pelo Cruzeiro dentro do Mineirão. Entre achismos e profecias do acontecido, tudo deve ser levado em consideração, não só pelo Cruzeiro mas por todo clube que almeja chegar a grandes decisões e conquistá-las. Li, vi e ouvi tudo o que pude das mais diversas regiões do país e até da Argentina.
No Brasil, procuramos saber porque os argentinos vencem a maioria absoluta das decisões contra os nossos clubes. Lá, as declarações dos jogadores e dirigentes resumem a situação: “os brasileiros são autoconfiantes além do normal”. A perda da Copa de 1998 para a França é um bom exemplo. Essa mania de achar que “já ganhamos” é uma praga! O Cruzeiro empatou o primeiro jogo em Buenos Aires e voltou comemorando como se já tivesse vencido a final.
Na tarde de quarta feira quase não acreditei no que estava ouvindo: Zezé Perrela, numa entrevista coletiva, se autoelogiando, dizendo dentre outras coisas que o único título que lhe faltava como dirigente é o de campeão do mundo, e que parecia que este seria o ano.
E o presidente do Estudiantes vendo e ouvindo aquilo, para mais tarde contar tudo aos seus jogadores! Uma injeção a mais!
Torcedores
Quem viu o ônibus do Estudiantes chegando ao Mineirão, inicialmente pensou que fosse mais um grupo de torcedores. Os jogadores tanto cantavam e socavam os vidros e teto do veículo, que mais parecia um ritual de guerra. Desceram do ônibus gritando e dando vivas ao clube. Realmente havia uma guerra para ser enfrentada, e o jogo já estava rolando para eles.
Experiência
Cassiá, ex-jogador do Grêmio falou sobre esse tipo de decisão: “Nessas horas o jogador não pode ser melancólico nem colérico; tem que ser racional”. E explicou: “melancólico é o que afina e se esconde do jogo; colérico é o que se enerva, quer partir para a briga, perde o controle da situação e acaba sendo expulso, prejudicando todo o grupo”. Foi o caso.
Manha
Os argentinos são os reis da catimba. Provocam, dão porradas, esperam o adversário se irritar e nunca se abalam com as porradas que levam. Verón entrou em campo com um esparadrapo no rosto, como se a cotovelada que levou do Ramirez em Buenos Aires tivesse deixado alguma marca. Não deixou, mas assustou ao meia do Cruzeiro que esteve nervoso do começo ao fim.
Colérico
Wagner também surpreendeu negativamente. Quis mostrar braveza aos argentinos e só se preocupou com isso. Mal demais. Dos três jogadores que a torcida mais esperava, apenas um jogou: Kléber. Parecia um argentino. Outro detalhe: a presença do governador Aécio Neves no vestiário antes do jogo. Para quê?
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