Diário do Comércio/Tomaz Silva/Agência Brasil
Quais foram os seus três momentos mais marcantes, com você presente no Mineirão? Os meus foram
. . . a conquista da Libertadores pelo Atlético em 2013 . . .
. . . os 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil em 2014 . . .
. . . e Cruzeiro 3 x 0 River Plate, uma reversão de placar que garantiu o título da Supercopa ao Cruzeiro.
É até covardia selecionar só três, porque são milhares grandes momentos.
Frequento este, dos maiores templos do futebol mundial desde os 11 anos de idade. Atlético 2 x 1 Ceará, foi meu primeiro jogo, inesquecível, fantástico, pelas mãos do meu irmão, Gilmar.
Num dos maiores públicos pagantes da história, na arquibancada, junto com o meu pai, Vicente, vi Palhinha surgindo como nova estrela do Cruzeiro, comandando o time que derrotou o Galo, que começava montar aquele timaço de Cerezo, Reinaldo e Cia. Foi 2 x 1 para o Cruzeiro, na final do Campeonato Mineiro.
Pouco tempo depois o Mineirão passou a ser um dos meus principais locais de trabalho. Me tornei repórter e lá estava, quase todas as quartas, quintas, sábados e domingos. Tudo era novidade, todo jogo, tudo era prazeroso, só de estar ali, naquele ambiente. O convívio com os grandes jogadores, treinadores e colegas de profissão era a melhor coisa do mundo. E eu ainda recebia salário para estar ali.
Viva o Mineirão! O “Gigante da Pampulha”
Estar no gramado, ao lado de gente das Rádios Guarani, Inconfidência, Jornal de Minas, Itatiaia, TVs Itacolomi, Bandeirantes, Globo, Alterosa, como Paulo Celso, Walter Luiz, Dirceu Pereira, Afonso Alberto, Alair Rodrigues, Luiz Carlos Alves, João Natal, Marrocos Filho, Ronan Ramos de Oliveira, Paulo Roberto Pinto Coelho, Roberto Abras… Nas cabines batendo papo, me contendo pra não pedir autógrafo a Fernando Sasso, Kafunga, José Lino Souza Barros, Carlos Valadares, Waldir Rodrigues, Jairo Anatólio Lima, Jota Júnior, Lucélio Gomes, Luiz Chaves, Vilibaldo Alves, Luiz Otávio Pena, Osvaldo Faria . . . PQP! era sensacional.
Meus primeiros chefes em Belo Horizonte eram grandes ídolos que eu tinha do rádio: Gil Costa e Flávio Anselmo. Privilégio e honra estar ali.
Era feliz e sabia que era. Estar no “Vaticano” do futebol com tanta gente fora de série era um prazer. Aos domingos, para as partidas das 16 ou 17 horas, chegava lá ao meio dia e só saía por volta das 21/22, depois das resenhas no ar, e depois nos bares do próprio estádio. Era o mais novo de idade, entre todos. Aprendia com todos eles.
Começava a “jornada esportiva” da Rádio Capital e eu no “anel externo” descrevendo o movimento dos ambulantes, as raras ocorrências policiais e entrevistando os torcedores que chegavam. Faltando meia hora para a bola rolar, ia lá para dentro e aguardava o âncora da transmissão, normalmente o Waldir Rodrigues, me acionar:
__ E agora, direto do anel interno do Mineirão, o ‘força jovem’ Chico Maia…” e eu contava o que estava acontecendo na região dos bares, na divisa entre as torcidas nos clássicos, os arranca-rabos e eventuais “pescotapas” nos distraídos, principalmente do interior, que entravam pelo portão da torcida errada e caía da boca do leão adversário.
Agarrei a oportunidade que me foi dada, cobrindo inicialmente o América, três meses depois o Galo e eventualmente o Cruzeiro. Estava no paraíso. De lá até hoje, foram dez Copas do Mundo e seis Olimpíadas, presencialmente.
Tudo por causa deste fascínio que o Mineirão exercia e exerce até hoje. É a obra e o seu conjunto. Toda vez que passo em frente, me emociono e manifesto a minha gratidão. Quando entro, só falto ajoelhar.
Obrigado e parabéns Mineirão!
Antes da reconstrução, ainda nos tempos em que se permitia repórteres atrás dos gols, eu (direita), com os queridos Marcos Russo (esquerda), Almir Roberto e Roberto Abras, trabalhando no Mineirão.