Blog do Chico Maia

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Para refletir

As aulas recomeçaram hoje e o inferno do nosso trânsito, também. Belo Horizonte aguarda, há quase meio século, boas notícias sobre a construção de um metrô decente ou trens urbanos para desafogar o tráfego horroroso da região metropolitana. Nada!

Recebi este e-mail de quem vive em países evoluídos. A mensagem serve muito bem para as autoridades brasileiras, dos governos e do empresariado, quase todas perdidas nessas histórias de Copa do Mundo e Olimpíadas:

“Olá Chico,

 Falando em Olimpíadas, acabei de chegar de Londres aqui em Nova York , e estou aqui desfrutando da infra-estrutura de um dos terminais do aeroporto JFK, enquanto espero um vôo para Seattle. Nada mal depois das reformas, e eu ainda acho que o aeroporto de Chicago, onde já até dormi em uma noite de neve, é melhor ainda. Chicago só não leva as Olimpíadas de 2016 se houver algum “critério oculto” (para bom entendedor…). 

Ano passado, fui ao Rio de Janeiro, e tive de esperar meia-hora enquanto consertavam “ao vivo” uma das esteiras do aeroporto do Galeão. O aeroporto de Confins só não parece ainda pequeno porque não tem vôos suficientes para mostrar suas deficiências. Até o aeroporto de Londres, que eu chamo de “extensão da rodoviária de Londres”, é mais confortável.  e está atualmente cheio de obras, preparando-se para as Olimpíadas de 2012. A Inglaterra já tem muito tráfego aéreo, e agora sofre com a concorrência da Holanda, que tem aeroportos mais modernos, que cobram menos taxas das empresas aéreas. Estão receosos de que os turistas de fora da Europa em 2012 façam sua base na Holanda, com uma pequena visita à Inglaterra apenas para alguns eventos da Olimpíada. 

Eu acho que toda vez que falam em Olimpíada no Brasil, focam em construção de estádios, e se esquecem de infra-estrutura de transporte e acomodação para os turistas. Aliás, se o Brasil tivesse isto, seria uma dos maiores destinos turísticos do mundo. Como não tem, deve se contentar com seus 5 milhões de turistas estrangeiros por ano. Quase perde de Cambridge, que tem 4.5 milhões de turistas de fora da cidade por ano, e mais da metade são estrangeiros! 

Um abraço,

 Alisson Sol”


Desmanche, não!

O cruzeirense João Duarte discorda da expressão “desmanche” para as atuais vendas do Cruzeiro e apresenta argumentos interessantes: 

“Prezado Chico Maia, 

Não concordo com o uso da palavra desmanche.

Saíram peças importantes como Ramires, Wágner e Gérson Magrão. Também vejo que a permanência do Kléber é muito complicada uma vez que os tais 10 milhões de euros podem ser assumidos com facilidade por equipes da Europa.

Ao contrário do que muitos disseram, nesta janela não está sendo fácil vender jogadores para os europeus. Dentro da Europa a gente até observa alguns disparates, mas, quando se fala em importar jogadores, a conversa é bem outra.

Nilmar, Seleção Brasileira, saiu por pouco mais de 10 milhões de euros.

Ramires, Seleção Brasileira, por 7.5 milhões de euros.

Wágner, um talentoso meio-campista, por 6.5 milhões de euros.

Cristian, saiu por 5 milhões de euros.

André Santos, Seleção Brasileira, por 5.5 milhões de euros.

Douglas, meio-campista, saiu por US$ 4 milhões.

Elano, Seleção Brasileira, do Man-City ao Galatasaray por 6.5 milhões de euros.

Que o Atlético não se iluda ao vender o Diego tardelli agora… o mercado está com o escorpião no bolso…

E vender para os portugas é fria…

Um abraço – João Chiabi Duarte”


Decisão de domingo

Domingo tem decisão importante para todo o futebol mineiro. O América poderá retornar à Série B nacional, caso vença o Brasil de Pelotas, no Independência. Empate com gols dá a vaga ao clube gaúcho.

O americano Márcio Amorim, enviou e-mail com um alerta importante. Confira:

“Caro amigo Chico Maia!
Precisamos iniciar o mais rápido possível uma campanha que mostre aos dirigentes, principalmente do América, a necessidade de o horário do jogo de domingo, contra o Brasil de Pelotas, não coincidir com o horário de transmissão envolvendo Atlético ou Cruzeiro. Precisamos banir essa burrice do nosso meio. Muitos amigos meus, atleticanos e cruzeirenses, com certeza, estarão presentes ao Independência, caso não seja, claro, no horário em que os seus times jogam. Dá para fazer!”


No O Tempo de amanhã

Só um

Nessa janela de transferências de jogadores para a Europa, o Atlético corre o risco de perder apenas um jogador: Eder Luiz, que tem proposta de um clube Espanhol disposto a pagar quatro milhões de euros. O presidente Alexandre Kalil resiste, mas já tem dois argentinos na mira, para suprir uma possível perda e melhorar o grupo visando a sequência do ano.

Na mesma

O presidente Lula iniciou a operação prometida em sua vinda a BH semana passada. Acha que a simples adaptação do calendário do nosso futebol ao europeu vai segurar os jogadores em nossos clubes. Já conversou com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que concorda. Está totalmente equivocado. A resolução do problema passa, também, por mudanças na Lei Pelé.

Essas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã no Jornal O Tempo www.otempo.com.br


Na coluna de amanhã no Super Notícia

Avante Coelhão!

O 0 x 0 em Pelotas foi ótimo, mas o América não pode ficar comemorando, achando que a classificação já está garantida. O Brasil tem um bom time e vai dar trabalho aqui. O mais interessante é que antigamente se dizia que “tem coisa que só acontece com o América”, pelo lado negativo. A coisa parece ter mudado, para o positivo. Nesse empate, os gaúchos perderam pênalti num momento crucial da partida.

Cruzeiro muda até de capitão

Além das vendas e aquisições que têm sido feitas na base do “atacado”, o Cruzeiro está mudando até detalhes para ver se melhora o desempenho e recoloca as coisas nos devidos lugares. Único jogador que o Zezé Perrella não pretende vender, o goleiro Fábio perdeu a condição de capitão do time, e contra o Coritiba, o zagueiro Leonardo Silva estreou nessa função.

Essas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã no Jornal Super Notícia www.supernoticia.com.br


Desmanche de risco

Zezé Perrella está confiando novamente na sua habilidade para montar grandes times, ao desmanchar o Cruzeiro que chegou à final da Libertadores.

Operação altamente arriscada!

Disse que o goleiro Fábio é o único que não corre o risco de ser vendido. Zezé tem crédito para agir da forma que bem entende no comando do Cruzeiro, porém, montar equipes competitivas contratando por atacado é uma dificuldade imensa. Nem tanto pela qualidade técnica dos jogadores que chegam, mas pelo tempo que se leva para se criar o espírito de grupo, a união dentro e fora de campo.


Prensa na boate

Agora há pouco, durante a transmissão do amistoso entre Internazionale e Lazio, ouvi o Silvio Lancelotti, comentarista da ESPN, informar que torcedores do Milan deram uma “prensa” no Ronaldinho Gaúcho e no goleiro Dida, que estavam numa boate, neste período de preparação para o campeonato italiano. A coisa ficou feia, até que os dois caíram fora.

Novidade mesmo nessa informação foi a presença do Dida, sempre tão sisudo, sério, entrando nessa também.


Coluna do Anselmo: Motim na Toca existe messssmo!

Coluna do Flávio Anselmo, que estará amanhã em vários jornais do estado

MOTIM NA TOCA EXISTE MESSSSMO

O racha na Toca da Raposa não é invenção de ninguém.Muito menos da Trincheira que primeiro ressaltou o fato. A reação de Adilson Batista insinuando divisão, também, na Imprensa (50% de gente boa e 50% presos a algum tipo de dossiê, segundo ele) é prova que o grupo forte provocou o motim. Os jovens são liderados; os recém chegados ficam de tocaia; os amigos de Batista cerram os dentes com a faca gaúcha entre eles.

Daí Perrela ter aparecido pra desmentir tudo, prestigiar Adilson e anunciar mais negócios.

A milionária transação de Wagner, nos atuais padrões tupiniquins, renderá bom dinheiro ao clube. O meia custará 6 milhões de euros ao Lokomotiv da Rússia e a parte do Cruzeiro não será revelada. Ficará na moita.

A de Gerson Magrão, uma merreca de 220 mil euros, foi anunciada em altos brados. A possível venda do goleiro Fábio por 4 milhões de euros, que Perrela vetou por entender que se trata do único atleta inegociável do elenco, tem o peso das verdades de Alexandre Kalil.

A melhor do Urso Bravo: ‘o Galo teve propostas milionárias por vários de seus craques e não venderá nenhum. Só ano que vem”. Ou seja, tanto lá, como do outro lado da lagoa, tudo não passa de conversa fiada. Se a grana aparecer sai Tardelli, sai Fábio, sai Kleber e, se bobear, sai até o Maluf.

Caso esteja no meu juízo perfeito sou capaz de usar a veemência dos caratinguenses pra repetir que Perrela, dias atrás, disse a mesma coisa sobre Kleber. Agora já estuda a melhor maneira de passá-lo nos cobres por 10 milhões de euros, multa prevista no contrato do craque.

PITACO: Zezé Perrela deu as caras, subiu no tamborete e anunciou: Adilson Batista tá prestigiado; e Kleber só sai por 15 milhões de euros. Nem uma, nem outra afirmação merece crédito…

Em outro espaço de Imprensa da Toca, ou seja, na redação do EM e na mesa de Jaeci Carvalho, o empresário de Kleber, Giuseppe Dioguardi, dizia que por contrato o clube é obrigado a negociar o atleta caso surja uma proposta européia superior a 10 milhões de euros. Convenhamos: 10 milhões e um é proposta superior. Ou não.

A ditadura de Zezé Perrela eliminou o contraditório na Toca da Raposa. Verdade, só aquela que mandam o ex-global ler em nota oficial. Estultice pura essa de afirmar que tem gente vendo fantasma. Pode ser; afinal as as viúvas a gente vê nos gramados dos jogos no Mineirão. Um chororó sem fim por causa da perda da Libertadora. Troço mais enjoado!

Segundo Adilson “há 20 dias nós éramos os melhores do mundo e a gente sabe que é assim que funciona o futebol”. Não corresponde a nenhum comentário que tenha ouvido, lido ou visto. Qual o trouxa diria que o Cruzeiro era, há dias, o melhor time do mundo? E o Barcelona?

Tais declarações sim, como as dos dossiês, representam a falta de equilíbrio e amadurecimento de Adilson Batista. Os mesmos defeitos que o levaram a perder a Libertadores, apesar do elenco, nos dois últimos anos. O bom Eduardo Maluf abordou o assunto mais bravo, ainda, e disse que o Cruzeiro não entraria nessa de grupo dividido, que tem uma ala que não gosta do Adílson. Isso é mentira! É mentira!” Rosnou bravo. “Nós não vamos – disse mais o diretor – aceitar coisas plantadas de fora. Se existisse, eu era o primeiro a ir ao presidente e falar que existe. Ninguém vai plantar coisa que não existe dentro do Cruzeiro”. Maluf jogou pra torcida: ele sabe melhor que ninguém as histórias das multas por expulsão e que pra muitos dos indisciplinados elas não seriam aplicadas em Kleber.

E Maluf conhece este filho de dona Geralda há bastante tempo; desde os tempos em que Eduardo era goleiro frangueiro do Valério, apadrinhado pelo gente boa Liu, presidente do clube. Sabe que não minto.

Tá que chega a hora de mais uma noite de autógrafos do Marias Chuteiras. Arnaldo Vale, líder da Rádio Ceasa, Kleber Valadão, meu ídolo, e Talardo José dos Santos, pai de todos já confirmaram presença no Bar do Alexandre – ex-publicitário – na rua Rafael Magalhães esquina com Paulo Afonso, no Santo Antônio pra testarem as geladas e os tira-gostos da casa. Livros não; já comprou uns 30 cada. Mãos abertas esses meninos.

Atenção Santelmo e Flávio Júnior: vamos acionar as tchurmas porque o papai comprou carro novo e não tem o dinheiro da entrada.

Também confirmaram João Veras, Eduardo Viegas, Maria Ercília Viegas, Junior Viegas, Aloísio Drubsky; novo desembargador Eduardo Machado, me desculpa a falha e apareça. A turma do Hoje em Dia, liderada pelo Carlos Lindemberg, Editor Chefe, e mais Leopoldo José, Rogério Perez, com caneta nova pra distribuir seus próprios autógrafos, o editor Pérsio Fantin, Julia Prazeres e Haroldo Lemos que deixaram de viajar de férias pra prestigiar minha noitada e uma pá de leitores que me pedem uma nova chance duma noite de autógrafos. Aproveitem que tá acabando.


Cruzeiro e Coritiba na história

CRUZEIRO X CORITIBA

 

 

RESUMO ESTATÍSTICO

 

TOTAL DE JOGOS: 33

Vitórias do Cruzeiro: 14

Empates: 12

Vitórias da Coritiba: 7

 

TOTAL DE GOLS: 94

Gols do Cruzeiro: 55
Gols da Coritiba: 39

 

 

CAMPEONATO BRASILEIRO

As equipes se enfrentaram 25 vezes pelo Campeonato Brasileiro com nove vitórias do Cruzeiro, 11 empates e cinco vitórias do Coritiba. O ataque cruzeirense marcou 40 vezes e a defesa sofreu 30 gols.

Primeiro Jogo pelo Campeonato Brasileiro:

8/8/1971 – Cruzeiro 2 a 0 (em Curitiba, pela 1a rodada da 1a Fase. Gols de Tostão e Lima).

Recordes do Campeonato Brasileiro

– Maior número de pontos ganhos (100) – Brasileirão 2003

– Maior número de vitórias (31) – Brasileirão 2003

 

 

PRIMEIRO JOGO

1/11/1969 – Empate 1 a 1 (em Curitiba, pela Taça de Prata).

  

 

ÚLTIMO JOGO

31/8/2008 – Empate 1 a 1 (em Curitiba, pelo Campeonato Brasileiro).

 

 

MAIOR RESULTADO

1/5/1981 – Coritiba 5 a 1 (em Curitiba, pelo Torneio do Governador).
19/9/1998 – Cruzeiro 4 a 0 (no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro).

 

ESTÁDIO COUTO PEREIRA

Cruzeiro e Coritiba se enfrentaram 15 vezes no estádio Couto Pereira. O Cruzeiro conquistou cinco vitórias, cinco empates e cinco derrotas. Ao todo, o ataque cruzeirense marcou 24 gols e a defesa sofreu 22.

CRUZEIRO X CORITIBA

RESUMO DO CONFRONTO

JOGO

GP

X

GC

MOTIVO

DIA

MÊS

ANO

ESTÁDIO

CIDADE

1

1

x

1

Taça de Prata

1

Nov

1969

Belfort Duarte

Curitiba

2

2

x

0

Campeonato Brasileiro

8

Ago

1971

Belfort Duarte

Curitiba

3

3

x

2

Campeonato Brasileiro

19

Nov

1972

Belfort Duarte

Curitiba

4

0

x

0

Campeonato Brasileiro

23

Set

1973

Mineirão

Belo Horizonte

5

1

x

0

Amistoso

30

Jan

1975

Mineirão

Belo Horizonte

6

1

x

0

Campeonato Brasileiro

28

Ago

1975

Mineirão

Belo Horizonte

7

2

x

1

Campeonato Brasileiro

19

Set

1976

Mineirão

Belo Horizonte

8

1

x

5

Torneio Gov. Ney Braga

1

Mai

1981

Couto Pereira

Curitiba

9

1

x

2

Campeonato Brasileiro

31

Jan

1985

Couto Pereira

Curitiba

10

2

x

3

Campeonato Brasileiro

13

Mar

1985

Mineirão

Belo Horizonte

11

3

x

0

Campeonato Brasileiro

8

Nov

1987

Couto Pereira

Curitiba

12

2

x

0

Campeonato Brasileiro

15

Dez

1988

Couto Pereira

Curitiba

13

0

x

0

Campeonato Brasileiro

23

Set

1989

Couto Pereira

Curitiba

14

0

x

0

Campeonato Brasileiro

14

Nov

1996

Mineirão

Belo Horizonte

15

0

x

0

Campeonato Brasileiro

23

Set

1997

Couto Pereira

Curitiba

16

4

x

0

Campeonato Brasileiro

19

Set

1998

Mineirão

Belo Horizonte

17

2

x

2

Campeonato Brasileiro

15

Ago

1999

Couto Pereira

Curitiba

18

1

x

2

Copa Sul Minas

30

Jan

2000

Couto Pereira

Curitiba

19

3

x

0

Copa Sul Minas

6

Fev

2000

Mineirão

Belo Horizonte

20

1

x

1

Campeonato Brasileiro

19

Nov

2000

Durival de Brito

Curitiba

21

2

x

0

Copa Sul Minas

17

Mar

2001

Couto Pereira

Curitiba

22

3

x

0

Copa Sul Minas

21

Mar

2001

Mineirão

Belo Horizonte

23

2

x

3

Campeonato Brasileiro

19

Ago

2001

Couto Pereira

Curitiba

24

3

x

1

Copa Sul Minas

3

Fev

2002

Mineirão

Belo Horizonte

25

1

x

3

Campeonato Brasileiro

30

Out

2002

Couto Pereira

Curitiba

26

4

x

3

Campeonato Brasileiro

16

Abr

2003

Couto Pereira

Curitiba

27

2

x

2

Campeonato Brasileiro

20

Ago

2003

Mineirão

Belo Horizonte

28

0

x

3

Campeonato Brasileiro

4

Jul

2004

Mineirão

Belo Horizonte

29

1

x

1

Campeonato Brasileiro

6

Out

2004

Couto Pereira

Curitiba

30

2

x

2

Campeonato Brasileiro

21

Jul

2005

Mineirão

Belo Horizonte

31

3

x

0

Campeonato Brasileiro

25

Out

2005

Couto Pereira

Curitiba

32

1

x

1

Campeonato Brasileiro

1

Jun

2008

Couto Pereira

Curitiba

33

1

x

1

Campeonato Brasileiro

31

Ago

2008

Mineirão

Belo Horizonte

Fonte: Assessoria de Imprensa do Cruzeiro


Ainda há famosos contra a safadeza

Ao contrário de muitas figuras nacionalmente conhecidas, como o escritor Carlos Heitor Cony, o jurista Saulo Ramos e outros, aparecem famosos indignados com a situação de José Sarney e sua turma. Veja o que escreveu ontem, na Folha de S. Paulo, a colunista Barbara Gancia: BARBARA GANCIA

 

Pede indenização, Sarney, pede!

Só faltou Sarney se dizer vítima dos militares e requerer indenização nos moldes das de Ziraldo e Cony


 

SEMPRE que ouço a expressão “ex-presidentes”, lembro-me daquela quadrilha de surfistas, um com a máscara do Reagan, outro do Nixon, outro do Ford, que assaltava bancos naquele filme com Patrick Swayze e Keanu Reeves em que o malucão do Gary Busey arrasa.
“Point Break” virou clássico dos anos 90 e, na minha cabeça de alfinete, criou uma associação peculiar entre ex-presidentes e malfeitores. Pois, na quarta-feira, quando me reclinei no sofá com um saco de pipocas de micro-ondas para assistir ao discurso do nosso José Sarney, nem me lembrava mais de que um dia eu havia assistido ao filme em questão.
Mas foi só o senador pelo Estado do Amapá (!) começar a falar, que logo a imagem dos surfistas com as máscaras de látex se fez presente, como se o quintal da minha memória tivesse sido invadido pela estátua do Borba Gato.
Vem cá: a Itália não instituiu a figura do ex-presidente que automaticamente, salvo renúncia, vira senador vitalício? E o Chile e o Peru não copiaram a ideia? Após o término de seu mandato como chefe de Estado, o presidente da República vira senador sem direito a voto e passa a dar bons conselhos e a emprestar sua experiência ao país. E não se fala mais em novas aventuras na busca pelo poder.
Não seria melhor ver os ex-presidentes tapuias se tornarem senadores vitalícios a suportar um senhor na casa dos 80 anos que não consegue domar seu apego pelo poder? Não seria mais apropriado para um membro da Academia Brasileira de Letras, que já está com mais um romance em andamento, ter a oportunidade de ir cuidar da vida, digamos, acadêmica, do que ficar às voltas com essa coisa pedestre de encaixar o namoradinho da neta nos bastidores do serviço público?
Não seria mais salutar vê-lo apenas aconselhar a seus pares do que sermos submetidos ao discurso de alguém que esteve ao lado do regime militar desde o primeiro momento, foi eleito indiretamente, apoiou o AI-5 e agora vem querer nos passar a ideia de que era praticamente um guerrilheiro do Araguaia? Só faltou Sarney se dizer vítima dos militares e requerer uma indenização nos moldes das de Ziraldo e Cony.
A verdade é que nós não merecemos ter a nossa inteligência pisoteada como foi nos 50 minutos em que Sarney usou o plenário para discursar. Para começar, seus colegas da Academia Brasileira de Letras devem ter cuspido chá para todo lado, tamanha a pobreza de sua oratória. Mas isso é problema dele. Problema nosso são as mentiras. Umas de rolar de rir, como quando ele disse que o Plano Real nasceu daquela trapalhada miserável que ele perpetrou em seu governo, o Plano Cruzado. Se tivesse algum juízo, Sarney perderia essa parte do seu legado debaixo de algum lençol maranhense.
Mas o que eu gostei mesmo foi de ouvir que ele se encontrou com o Zuleido Veras, da Gautama, “apenas três ou quatro vezes”. Você, meu nobre leitor, já se encontrou com Zuleido Veras? Pois é, nem eu. Vale lembrar que, enquanto Sarney contava vantagem no plenário, outro ex-presidente, Bill Clinton, voava de volta para os Estados Unidos com as duas jornalistas americanas que ele ajudou a livrar das garras do ditador Kim Jong-il.