Alguém disse, com toda a razão que no Brasil “o ouro trouxe o barroco, e o minério o barraco”. Nas belíssimas paisagens da África do Sul a história se repete, só que sem o barroco. Ao longo das excelentes estradas deles pode se ver mineradoras que exploram platina, carvão, silício e outros metais preciosos, ao lado de barracos de lata e adobe. De quilômetros em quilômetros se vê também condomínios de luxo, cercados por grandes muros, cerca elétrica e arame farpado.
Na maior cara de pau o Ministro da segurança da África do Sul e o chefe do comitê organizador da Copa, falaram que está correndo tudo bem na Copa das Confederações, e que os problemas de furto no hotel do Egito e do Brasil foram “fatos isolados”. Conversa fiada, a mesma que todo brasileiro está acostumado a ouvir dos políticos verde-amarelos. Aqui, o bicho pega e quem dá bobeira dança mesmo!
Uma bonita bandeira do nosso América ficou estendida apenas os sete minutos iniciais de Brasil x Itália. Estava localizada bem diante das câmeras de TV, do lado do goleiro Buffon. Ao contrário de todas as Copas, a África do Sul está reprimido bandeiras e faixas que não sejam dos países que estão em campo. Nada de nenhum clube. Nos primeiros jogos houve tolerância, mas ontem, todas foram retiradas, inclusive do Atlético, Corínthians, Santos e Flamengo. Quem insistia podia ser expulso do estádio. As autoridades alegam tratar-se de precaução contra manifestos terroristas.
Depois do jogo contra os Estados Unidos, Kaká, Robinho e Felipe Melo falaram a mesma coisa sobre a entrada do Ramires, pela primeira vez como titular da seleção brasileira: “ele torna o time mais ofensivo, devido à sua capacidade de articulação e movimentação em campo”. Mas só agora, depois de um ano de comentários quase unânimes da imprensa do país é que o técnico Dunga está se conscientizando disso. Mantido no time contra a Itália, o ex-jogador do Cruzeiro não apareceu tanto quanto no jogo contra os norte-americanos mas, de novo, teve uma grande atuação. Com ele o time se solta e sua condição física permite que corra o campo todo.
E que time feio, esse da Itália! Nem parece que é o atual campeão do mundo.
A primeira foto publicada neste blog, onde apareço ao lado do Marcel Desailly, é de autoria do Eugênio Sávio, um dos grandes nomes da fotografia do Brasil. Estamos juntos em mais uma grande cobertura, a exemplo da China ano passado, Alemanha 2005 e 2006, França 1998 e Estados Unidos em 1994. Temos rodado pela África do Sul, junto com o Fernando Valeika, outra fera do jornalismo brasileiro, que dentre outros grandes feitos profissionais já entrevistou Yasser Arafat para as páginas amarelas da Veja.
Acabei de conversar com o ex-craque Neto, hoje comentarista da Band, aqui no Centro de Imprensa do estádio de Pretória. Perguntei a ele porque aquele time do Atlético, de 1994, cheio de estrelas, chamado de “Selegalo”, fracassou. Ele não mediu palavras: “O presidente Afonso Paulino contratou grandes jogadores mas não conseguiu encontrar alguém para tomar conta. Vantuir Galdino de técnico, era muito fraco; aí veio o Valdir Espinoza, que foi pior ainda porque quem mandava era o Renato Gaúcho”.
Neto disse ainda que reconhece que não jogou nada e que ficou devendo à torcida do Atlético, mas foi o único dos contratados que deu retorno financeiro ao Galo: “Abri mão de cinco meses de salário e o clube ainda me trocou pelo lateral Dinho, com o Santos, sem ter que pagar nada”.
Desde o dia 10 de junho estou escrevendo direto aqui da África do Sul, para os jornais O Tempo e Super Notícia. Também faço boletins diários para a Rádio AlvoradaFM 94,9, às 12, 18 e 21 horas. Nas colunas falo tanto sobre o cotidiano das pessoas aqui quanto de futebol. As inevitáveis comparações com o Brasil e perspectivas para a Copa deles ano que vem. Quem quiser ler todas as colunas é só acessar o site, cujo link está do lado esquerdo deste blog. Em Belo Horizonte é o jornalista e grande colaborador do site Filipe Araújo, quem cuida de atualizá-la diariamente.
Atendendo a sugestão do meu amigo e conterrâneo, jornalista Renato Alves, do Correio Braziliense, fui visitar hoje o monumento em memória dos colonizadores holandese aqui em Pretória. Obra gigantesca, muit0 bem feita, que mostra a chegada deles, as guerras contra os nativos e contra os ingleses. Fica a três km do Centro de Pretória e realmente merece ser visitado. Quando acabou o apartheid, em 1994, os negros queriam destruí-lo, mas foram convencidos a não fazê-lo, por ninguém menos que Nelson Mandela, que usou um argumento simples e fatal: “a humanidade precisa ver isso para nunca se esquecer do que foi feito com o nosso povo”.