Os primeiros movimentos da nova diretoria do Cruzeiro, sob comando do Ronaldo, estão tendo efeito de ducha fria para quem esperava o anúncio de grandes aquisições e uma revolução nos rumos do clube. Revolução, pode até haver, porém, num primeiro momento, diferente da forma que a torcida gostaria.
Até a manutenção do Vanderlei Luxemburgo, tida como uma boa perspectiva para a montagem de um time competitivo foi por água abaixo, com o anúncio da demissão dele e de toda a comissão técnica. Antes, já havia sido anunciada a dispensa do Alexandre Matos, que seria o manda chuva do futebol, e dos jogadores que ele já tinha contratado.
Novos tempos. O novo dono tem a fórmula e as pessoas da confiança dele. Algumas coisas eram necessárias e urgentes, como o enxugamento da folha, por exemplo. O Cruzeiro e a maioria dos grandes clubes brasileiros mais parecem estatais, à moda antiga, em que havia gente saindo pelo ladrão, sem necessidade.
Na recém montagem do grupo para 2022, causou a estranheza a contratação do goleiro Jaílson, do Palmeiras, para ser reserva do Fábio. O que justificaria um goleiro de 40 anos de idade, reserva de outro de 41, que raramente se machuca? Ainda mais em um clube que precisa investir em jovens para renovar seu elenco e fazer dinheiro com possíveis negociações.
A própria situação do Fábio, bastante questionável, cujo contrato foi renovado para que ele bata a meta de mil jogos pelo Cruzeiro.
Como diria o jornalista José Luiz Gontijo, muitas coisas mais parecem “ações entre amigos”, que não se encaixam em nenhum organograma de empresas. Como investidor, Ronaldo vai seguir a cartilha dos executivos que cuidam dos negócios dele. Neste sentido, o Cruzeiro realmente deverá passar por uma revolução, que como tal, tem um preço e envolve riscos. Só o futuro para dizer o resultado.
Só lamento que dentre todos os nomes que têm sido especulados para os cargos de direção do futebol e comissão técnica não conste o de nenhum mineiro. E temos, na capital e no interior, como no passado. Mas não têm oportunidade nem visibilidade, como já tiveram, por exemplo, Telê Santana, Procópio Cardozo Neto, Carlos Alberto Silva, Eduardo Maluf e o próprio Alexandre Matos. Paulo Bracks, que fez ótimo trabalho na FMF e no América, é respeitado e reconhecido como executivo do futebol do Internacional.
Diferente de outros tempos, grande parte da imprensa local só diz “amém” e raramente questiona o que a cartolagem do momento fala e faz.
Enderson Moreira fazia um bom trabalho, foi demitido e, na sequência, dois medalhões nacionais o sucederam com o mesmo discurso: não deixar o Cruzeiro ser rebaixado para a Série C. Conversa fiada absurda, aceita “cordeiramente” por cartolas azuis e imprensa. Pois o Enderson subiu o Botafogo, certamente em situação financeira tão ruim quanto o Cruzeiro, porém, de torcida e faturamento muito menores.
Essa fala do Ricardo Rocha, que no futebol, foi muito bom zagueiro, e trabalhou nesta diretoria do Sérgio Santos Rodrigues até o dia de hoje, mostra o tanto que o Cruzeiro estava se acostumando com as prateleiras inferiores do futebol brasileiro. O único fato verdadeiro dito por ele foi referente ao Pedro Lourenço, que segurou a barra do clube até agora, por ser cruzeirense raiz.
Reportagem do Hoje em Dia:
* “Ricardo Rocha se despede do Cruzeiro com sensação de dever cumprido: ‘não caímos para a Série C’”
Em um dia de despedidas do Cruzeiro, com direito às saídas do técnico Vanderlei Luxemburgo e do diretor da base Gustavo Ferreira, o então coordenador de futebol do time profissional, Ricardo Rocha, deixou uma mensagem em suas redes sociais.
“A todos os torcedores do Cruzeiro, meu muito obrigado, vocês me receberam com muito carinho e respeito. Saio com a sensação de dever cumprido, chegamos com a missão de não cair para a Série C e não caímos. O Cruzeiro precisava de investidores e parceiros, fui atrás e consegui. Precisávamos de jogadores e não podíamos contratar, fiz questão de olhar na base, trouxemos para o time principal alguns nomes, como vocês devem saber”, escreveu.
Ele disse entender a decisão de Ronaldo e ressaltou a parceria com Luxemburgo e o empresário Pedro Lourenço. “Ele apostou e confiou em mim, e assim juntos pudemos fazer muito dentro daquilo que era possível. Eu sei que fizemos, e por isso saio grato e em paz. Nosso corpo técnico foi guerreiro, nos unimos e acreditamos para fazer a diferença. Um agradecimento especial ao Pedrinho BH por ter acreditado no nosso trabalho, sem ele muita coisa não teria caminhado”, completou.
E também agradeceu à torcida cruzeirense. “Eu nunca vou esquecer daquele estádio lotado no último jogo. Vocês são incríveis e merecem que o Cruzeiro volte ao seu devido lugar. Estarei torcendo com vocês”, disse.
https://www.hojeemdia.com.br/esportes/ricardo-rocha-se-despede-do-cruzeiro-com-sensa%C3%A7%C3%A3o-de-dever-cumprido-n%C3%A3o-ca%C3%ADmos-para-a-s%C3%A9rie-c-1.869698
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Sob o comando anterior o Cruzeiro estava na base do “em quem e no que acreditar”, como mostra esta imagem e vídeo do canal Cruzeiro Sports, no Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=YpCJNPnKSJQ
Vamos ver como será na “era Ronaldo”