Gil César, em 2009, numa de suas últimas visitas ao Mineirão, em foto do Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Aos 90 anos de idade. Uma grande figura humana, boa prosa, gente boa toda vida. Descansou, já que há muitos anos enfrentava problemas de saúde, especialmente no que se refere à memoria e mobilidade.
Foi conselheiro e diretor do Atlético, e o Conselho Deliberativo emitiu uma nota de pesar:
*Nota de Falecimento*
… Com profundo pesar, informamos o falecimento do nosso Conselheiro Grande-Benemérito, Dr. GIL CÉSAR MOREIRA DE ABREU.
Nascido no dia 02/08/1931 na cidade de Juiz de Fora, em sua trajetória, formou-se em Engenharia Civil e de Transporte pela UFMG 1953/1957.
Dr. Gil César foi Diretor da ETEA – Escritório Técnico de Engenharia e Administração; Gerente e Construtor de Complexos Esportivos nas cidades de Uberlândia, Campina Grande, São Luís, João Pessoa e em Belo Horizonte atuou na construção do estádio “Mineirão”.
Em sua carreira política, foi vereador nos anos 1973 a 1977, Deputado Estadual de Minas Gerais nos anos 1983 a 1987, tendo se licenciado para assumir o cargo de Secretário de Assuntos Metropolitanos do Estado de Minas Gerais em agosto de 88.
Pelo Clube Atlético Mineiro, concorreu e ganhou a eleição como 3º Vice-Presidente na Chapa A – “GALO DO FUTURO – NOVO TEMPO DE GLÓRIAS” em 2006, tendo como Presidente Dr. Luiz Otávio Ziza Mota Valadares; 1º Vice-Presidente Dr. Renato Moraes Salvador Silva e 4º Vice-Presidente Dr. Ronaldo Vasconcelos Novaes.
O velório e sepultamento será hoje, dia 26/03/2022, e estará restrito somente aos familiares.
Atenciosamente,
Secretaria do Conselho Deliberativo
No site da Rádio Itatiaia, Alexandre Simões, dono do maior acervo da história do futebol mineiro, contou detalhes importantes e muito curiosos da luta do Gil para que o Mineirão deixasse de ser um sonho e fosse construído.
* “Morre Gil César Moreira de Abreu, que ficou marcado como o engenheiro do Mineirão”
… A participação de Gil César na história do Gigante da Pampulha é importante antes mesmo da sua construção, que o teve como engenheiro.
Para a construção foi feito um convênio entre o governo mineiro e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mas ele precisava ser assinado. E o episódio da assinatura escancara a paixão que Gil César Moreira de Abreu tinha pelo Mineirão.
Quem revelou a história no livro sobre os 40 anos do estádio foi Jorge Carone, ex-prefeito de Belo Horizonte e autor do projeto que destinava 4% da receita da loteria estadual para a construção do Mineirão, isso como deputado estadual.
Ele lembra que apesar do convênio firmado entre o governo mineiro e a UFMG, faltavam as assinaturas do ministro Clóvis Salgado (Educação) e do presidente Juscelino Kubitschek, que foram conseguidas de forma inusitada.
“O JK veio a Belo Horizonte com o Clóvis Salgado para a inauguração da Faculdade de Medicina. Foi colocada uma mesa enorme, que os separava dos convidados. O Gil César e eu não tivemos dúvida. De joelhos, passamos por debaixo da mesa e saímos em frente ao presidente. O JK deu uma risada com a cena e assinou o convênio, fazendo um pedido: queria que o Mineirão tivesse a frente – o hall – para a lagoa da Pampulha”, revelou Carone.
Além de ser o engenheiro principal da construção do Mineirão, Gil César Moreira de Abreu foi por muito tempo também o administrador do estádio.
O sucesso do Gigante da Pampulha fez com que ele fosse convidado para participar da construção de outros grandes estádios, entre eles o Parque do Sabiá, em Uberlândia.
Em 5 de setembro de 1965 o Mineirão foi inaugurado com a partida em que a seleção mineira venceu o River Plate, da Argentina, por 1 a 0.
Era a realização de um sonho de Gil César Moreira de Abreu, que tem seu nome como uma das marcas do Gigante da Pampulha.