“Farião”, o Estádio Waldemar Teixeira de Faria, do Guarani de Divinópolis, dos mais tradicionais do nosso futebol
Caso o Cruzeiro tivesse se classificado para as semifinais do Campeonato Mineiro pouca gente ficaria sabendo que este torneio existe, pois se trata de um “prêmio consolação” que é dado aos clubes do interior que chegam perto das quatro vagas decisivas do Campeonato. Mais datas para que eles preencham o calendário anual, que é curtíssimo no caso deles. Aí jogam nestes horários esquisitos, como hoje, 14h30. A FMF, os grandes e a imprensa da capital enxergam os clubes do interior como apenas um acessório do futebol mineiro. Até os anos 1980 eles tinham mais relevância, eram mais competitivos, revelavam mais e abasteciam os maiores de Minas e do país com bons e excelentes jogadores. Isso acabou com a criação da Lei Pelé, que beneficiou aos empresários em detrimento dos clubes formadores. O interior perdeu não só a sua maior fonte de renda, mas também a importância, porque ficaram mais frágeis, dependentes dos novos donos do futebol que são os empresários, re batizados nos últimos anos com o pomposo nome de “agentes FIFA”.
A maioria dos clubes do interior também perdeu a sua identidade, a identificação com as suas cidades e as respectivas populações. Conheço muito bem essa situação porque sou do interior e desde criança acompanho de perto o nosso Democrata de Sete Lagoas, o Jacaré, que luta bravamente para sobreviver e não se entregar a um destes “agentes FIFA”.
Para ficar em dois exemplos de clubes que estão em foco nos últimos anos: o Tombense é um “feudo” do Eduardo Uram, um dos empresários mais poderosos do futebol brasileiro. No dia em que ele não quiser mais, o clube acaba ou vai perambular para continuar vivendo. O Boa, originalmente, é o Ituiutaba, do pontal do Triângulo Mineiro, fundado em 1947, como Boa Vontade Esporte Clube, e que depois se tornou o Ituiutaba Esporte Clube. Até que em 2011, os irmãos que comandavam e comandam o clube até hoje, não chegaram a um acordo com a prefeitura da cidade e se mudaram para Varginha, cujo município ofereceu apoio para que houvesse essa mudança. Contando, obviamente, com uma das brechas da legislação sempre mutável do mundo do futebol.
Felizmente a Caldense é um ótimo exemplo oposto, da resistência de um tradicional e legítimo clube do interior, que continua identificado com as suas origens, à sua cidade e região, Poços de Caldas. Muito bem administrado inclusive.
Já que está no Troféu Inconfidência, que o Cruzeiro aproveite para fazer treinos de luxo, observando e testando jogadores para o mais importante que terá ainda em 2020 que o Brasileiro da Série B. Detalhes do jogo desta tarde contra o Patrocinense, no Superesportes:
* “TROFÉU INCONFIDÊNCIA”
Cruzeiro enfrenta Patrocinense no Mineirão pela semifinal do Troféu Inconfidência
Sem ambições, time celeste entra em campo às 14h30 deste sábado
Fora da briga pelo título do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro enfrenta o Patrocinense neste sábado, às 14h30, no Mineirão, em jogo único da semifinal do Troféu Inconfidência, torneio que reúne clubes que ficaram do quinto ao oitavo lugar na primeira fase do estadual. Em caso de empate no tempo regulamentar, o vencedor será definido em disputa por pênaltis. No outro duelo, Uberlândia e Boa medem forças às 19h de domingo, no Parque do Sabiá, em Uberlândia. Os classificados farão a decisão na quarta-feira, às 19h, em estádio a ser definido pela Federação Mineira de Futebol. (mais…)