Alexandre Mattos (centro) com Jorge Sampaoli (esq.) em foto do Bruno Cantini/CAM: “Galo brigará apenas pelo Mineiro neste ano, mas o Brasileiro só acaba em 2021”. Ele começou respondendo com essa frase sacana, para quebrar a tensão de uma conversa que certamente seria tensa, em tom de cobrança, como era de se esperar.
Gostei da entrevista do Alexandre Mattos à Rádio Itatiaia, domingo. Falou do passado, do presente e do futuro, dele e do Atlético. Procurou ser realista ao máximo, sem criar expectativas acima do normal na torcida em relação às possibilidades do time no Brasileiro. Falou da convivência e da forma de trabalhar do técnico Jorge Sampaoli, e também sobre os Menim, pai e filho, Rubens e Rafael: “sem eles, não teríamos a menor chance de montar o grupo que estamos montando e ter, pelo menos, a esperança de um bom futuro próximo para o Atlético”.
Mattos procurou minimizar o “favoritismo” que a maioria da imprensa está creditando ao Galo para ser o grande concorrente do Flamengo na temporada que deverá se iniciar em agosto. Acha que há pelo menos quatro clubes à frente, na conjugação de qualidade do elenco/tempo de trabalho: Palmeiras, Grêmio, Internacional e São Paulo.
Concordo com ele em relação ao Grêmio. Tenho dúvidas em relação a Palmeiras e Inter. O São Paulo, para mim, está batendo cabeça, sem saber o que fazer com um Daniel Alves (contratação de peso apenas midiático), e com sérios problemas financeiros, mais inclusive que a maioria dos concorrentes.
Sobre Sampaoli, o diretor de futebol atleticano destacou as qualidades dele, acima da média dos treinadores Sul-americanos, a tara pelo trabalho intenso, diário e ininterrupto. Sem deixar de mencionar uma característica, da qual o argentino não abre mão: quando acerta com um clube, exige que tenha um elenco em condições de disputar títulos. Por isso essa insistência em querer a contratação de um goleiro que saiba “jogar com os pés”, que atue como uma espécie de zagueiro/volante e dê mais agilidade nas saídas e reposições de bola. Segundo ele, isso está sendo conversado com o treinador, já que não está fácil conseguir alguém no mercado e os que existem custam caro demais.
Por tudo que falou, parece que só faltam este goleiro e um centroavante para que todas as exigências de Jorge Sampaoli sejam atendidas. Se o Galo vai “voar” e abafar no Brasileiro, Alexandre Mattos foi bem claro: o sucesso de um time depende de uma série de fatores, dentro e fora de campo. Com uma comissão técnica competente, bons jogadores e salários em dia, um bom ambiente interno se forma.
É o que penso também. E, com o empurrão infalível da torcida, é feijão sem bicho. Mas, a união do grupo é fundamental e nisso o treinador tem que ser craque também. Ele é que dá o tom. Sampaoli conseguiu isso nos clubes chilenos que dirigiu, na seleção chilena e no Santos. No Sevilha/Espanha e na seleção argentina, não deu liga.