Essa foto do Douglas Magno, no jornal O Tempo, depois de Brasil x Chile, no Mineirão na Copa de 2014, mostra a fragilidade emocional do então capitão da seleção brasileira, sendo acalmado pelo técnico Felipão.
A avaliação é do Fernando Rocha, na coluna dele, no Diário do Aço de Ipatinga, e concordo. Confira:
* “Volta no tempo”
Com as competições paralisadas, o recurso encontrado pelas emissoras de TV aberta ou fechadas tem sido recorrer aos arquivos e reprisar jogos, decisões de campeonatos ou jogos de Copas do Mundo, de boas ou más recordações.
Na ultima sexta-feira, o Sportv reprisou um jogo das oitavas de final da Copa de 2014, disputado no Mineirão, onde a Seleção da CBF com Neymar empatou 1 x 1 com o Chile, que era dirigido pelo Jorge Sampaoli, atual técnico do Atlético, classificando-se nos pênaltis graças ao “Sobrenatural de Almeida”, personagem fictício criado pelo grande Nelson Rodrigues, para explicar as peças inusitadas que o futebol nos proporciona.
Além de tomar sufoco, a Seleção comandada por Felipão e Parreira teve uma bola chutada no travessão pelo chileno Pinilla, no último minuto da prorrogação, que poderia ter nos deixado pelo caminho, e evitado o vexame dos 7 x 1 na semi-final para a Alemanha, o maior vexame da história do nosso futebol.
Tirar lições
O que tem sido muito debatido ultimamente pelos colegas da imprensa nacional é se a Globo deveria ou não reprisar o 7 x 1.
Sou totalmente a favor da reprise, por tudo o que aconteceu antes, durante, depois, mas sobretudo porque não se trata de apenas um jogo.
Hoje, as análises seriam menos apaixonadas, mais equilibradas, para aí sim tirar conclusões a respeito da escalação escolhida por Felipão, atuações individuais, esquema tático, adentrar também nas mazelas que perduram até hoje na estrutura do futebol brasileiro.
Alguém escreveu que “o tempo é o grande senhor da razão”. Embora este episódio do 7 x 1 ainda seja recente, já deu para esfriar as emoções, permitir um olhar mais específico sobre o que poderia explicar algo tão ou grandemente atípico.
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· Na sexta-feira à noite, após assistir no Sportv a reprise do jogo das quartas-de-final contra o Chile, também disputado no Mineirão, recorrí aos arquivos desta coluna e pude constatar que em nenhum momento botei fé naquela Seleção, dirigida pela dupla Felipão-Parreira, que a rigor e não só naquele jogo, dependia exclusivamente do talento de Neymar, sem esquema tático, um verdadeiro amontoado de jogadores em campo.
· Se houvesse justiça no futebol, a nossa Seleção deveria ter sido eliminada neste confronto com os chilenos, diga-se de passagem, muito bem dirigidos pelo argentino Sampaoli. O massacre alemão por 7 a 1 na semi-final foi apenas o complemento daquele fracasso retumbante, que já estava previsto por quem enxerga o futebol com os olhos da razão e não apenas da emoção.
· Triste mesmo é constatar que de 2014 até agora , o futebol brasileiro parou no tempo e no espaço. Neste período pós-7 x 1 tivemos alguns bilharecos com a chegada do falante e midiático Tite, que agora já parece ser uma “bananeira que deu cacho”, passou da hora de ser substituído. Por isso, na minha opinião, rever a partida com os alemães se torna algo válido e relevante
· A bem da verdade, só a partir do ano passado, com as chegadas de dois técnicos estrangeiros, Jorge Jesus no Flamengo e Jorge Sampaoli no Santos, vimos algo de novo do ponto de visto tático aqui nos nossos grotões. O momento é propício para refletir, pensar o futuro, pois há tempo de sobra para isso em meio ao isolamento. Não só nas nossas vidas, mas também no futebol que é uma das suas imitações, nada mais atual do que o genial Milton Nascimento no clássico da MPB: “Nada será como antes”.
Por Fernando Rocha