Richard Dubois, o novo “dono” do Mané Garrincha, em foto da epocanegocios.globo.com
O Mané Garrincha, de Brasília, maior vergonha da gastança pública desnecessária da Copa disputada no Brasil, agora pertence à iniciativa privada. Estive lá durante os Jogos Olímpicos de 2016 e ainda havia obras por terminar, dentro e principalmente fora do estádio, mesmo depois de vários “aditivos”, que custaram quase R$ 2 bilhões aos cofres públicos. E o governador da época, responsável pelo empreendimento, o ex-Ministro dos Esportes, Agnello Queiroz, curte a vida livremente.
Menos mal que o estádio agora é administrado por um grupo privado. Li sobre o novo “dono” no site Infomoney, numa reportagem da Agência Estado:
* “Richard Dubois: o homem que quer ‘comprar’ Brasília”
O apetite do investidor levou nada menos que dez governadores do País a procurarem Dubois para apresentarem propostas de concessão de espaços públicos
Em 2014, durante a Copa do Mundo, o empresário Richard Jean Marie Dubois trabalhava como auditor da PwC Brasil, em um prédio que ficava em frente ao estádio de Brasília, o Mané Garrincha. Da janela, via o símbolo maior dos “elefantes brancos” erguidos para o torneio, com custo de R$ 1,7 bilhão aos cofres públicos. “Eu sabia que havia um potencial de negócios muito grande aqui.”
Quase seis anos depois, na semana passada, a arena passou a ser administrada integralmente pelo grupo de Dubois, que tem dominado as privatizações de diversos espaços da capital federal. Além do estádio, ele arrematou o autódromo de Brasília e apresentou propostas para levar a Torre de TV Digital, a rodoviária e o metrô da cidade.
O apetite do “homem que está comprando Brasília” levou nada menos que dez governadores do País a procurarem Dubois para apresentarem propostas de concessão de espaços públicos. O empresário avaliou e já descartou negócios como o estádio do Pacaembu e o autódromo de Interlagos, em São Paulo, mas se mostrou interessado na administração do Maracanã, no Rio.
Com mais de dez anos de trabalho em consultorias que ajudaram a formatar concessões do governo federal em diversas áreas, Dubois abriu uma empresa própria – a RNGD Consultoria de Negócios – no fim de 2015. O capital inicial, diz ele, veio do que ganhou no mercado financeiro. “Já tinha ajudado muita gente a ganhar dinheiro, e resolvi correr um pouco mais de risco.”
Ele bateu à porta do então governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), para sugerir um programa amplo de concessões. Mesmo assim, o processo levou mais de quatro anos para ser concluído e o contrato só foi assinado na gestão do atual governador, Ibaneis Rocha (MDB). “Vi que Brasília era a cidade com mais oportunidades de negócios. Há empresários brilhantes aqui, mas eles são poucos. São Paulo e Rio de Janeiro têm uma competição maior.”
Além de um projeto de R$ 22 milhões para recuperar o estádio – já sucateado após seis anos de uso público -, a concessão de 35 anos do Mané Garrincha prevê investimentos de mais de R$ 300 milhões em seu entorno, com a construção de um “boulevard” de compras e lazer. O empreendimento é a maior aposta para retorno financeiro com a operação da arena. (mais…)