Blog do Chico Maia

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As histórias e dificuldades da mineira, de Abaeté, Léa Campos, árbitra de futebol pioneira no mundo, reconhecida pela FIFA

Léa Campos (direita) em ação na década de 1970. Foto: www.museudofutebol.org.br/pagina/exposicoes-virtuais

Tive a satisfação de conhecê-la nos meus primeiros tempos de Rádio Capital no início dos anos 1980., apresentado pelo então Secretário Geral da Federação Mineira de Futebol, o saudoso Elmer Guilherme. Ela e o Marco Antônio Bruck (Rádio Itatiaia), na época também da Capital, disputavam quem contava mais casos e provocada mais risadas na sala do Elmer. Uma mulher forte, determinada e corajosa. Vive atualmente nos Estados Unidos, passando apertos como o mundo inteiro, em função da Covid-19.

No dia 27 de abril ela concedeu ótima entrevista à Renata Ruel, do portal da ESPN:

* “Primeira árbitra do mundo, brasileira Léa Campos passa necessidade e pede ajuda”

A arbitragem feminina, assim como o futebol feminino, vem de uma história de luta, preconceito, determinação. Não se pode falar de mulher na arbitragem sem citar Asaléa de Campos Fornero Medina, conhecida historicamente por “Léa Campos”. Ela simplesmente foi a primeira mulher reconhecida pela FIFA, no mundo, como árbitra de futebol. Nascida em 1945 na cidade de Abaeté, Minas Gerais, graduada em educação física e jornalismo, Léa também lutou Boxe e atualmente mora nos Estados Unidos, fez parte do quadro da FIFA entre os anos de 1971 e 1974.

Com a pandemia do COVID-19 muitas pessoas estão passando por dificuldades e não somente no Brasil. Léa e o marido, Luiz Medina que está com câncer, estão sem poder trabalhar com o isolamento social, foram despejados do apartamento que moravam e momentaneamente vivendo em um quartinho na casa de uns amigos, porém brevemente pode ser que precisem deixa-lo, pois o filho dos amigos deve retornar.

Léa, agora com 75 anos e usando um colar cervical, pois há pouco tempo cai e precisou ser socorrida de ambulância, está pedindo ajuda financeira para os colegas da arbitragem e do futebol.

Os árbitros e dirigentes resolveram fazer uma campanha junto com uma “vaquinha” para poder ajudar a grande pioneira da arbitragem feminina no Brasil e no mundo.

Ao conversar com a Léa pelo WhatsApp e perguntar como está a situação dela e do marido, a resposta foi:

“Bem difícil. O dono do apartamento trabalha na mesma empresa que meu esposo trabalha. Ficou acertado que assim que normalizar vamos pagar a ele. Nossa alimentação e comprada por nós. O governo americano deu uma ajuda financeira à todos que perderam o emprego. Mas é incômodo a liberdade nunca é a mesma. Com a campanha que as árbitras e árbitros estão fazendo para arrecadar dinheiro vamos sair dessa se Deus quiser e Ele quer.”

Léa ainda agradece toda a mobilização para ajuda-la e fica feliz com o espaço ocupado pelas mulheres no futebol e na mídia. (mais…)


Português que ousou cutucar a grande lavanderia do futebol deixa a cadeia, graças à Covid-19

O hacker Rui Pinto (direita), em foto do www.geracaobenfica.blogspot.com/2019/01/escandalo-hacker-rui-pinto-quer.html

Nunca consegui compreender os valores absurdos das transações e salários do futebol. Sempre acreditei que este meio é uma grande fonte de lavagem de dinheiro. Mas, como jogador de futebol é considerado “artista”, o seu valor é subjetivo, estimativo, tanto para compra e venda quanto em termos salariais. Não é à toa que alguns dos maiores conglomerados financeiros do mundo e pessoas físicas ricas, das mais variadas atividades econômicas, entraram de sola no mercado do futebol e passaram a controlar clubes, federações, confederações e carreiras de atletas. A “profissionalização” da FIFA, na “era João Havelange” a partir de 1974 abriu este caminho. Até então o futebol vivia um amadorismo sofisticado e seguia o lema Olímpico inventado pelo criador dos Jogos modernos, o francês Pierre de Coubertin, em Londres 1908: o importante é competir.

A partir dos anos 1980 a Europa começou importar em grande quantidade os melhores jogadores de futebol do Brasil, da África e de onde mais houvesse um craque, ou promessa. Dos anos 1990 para cá os valores foram aumentando de forma inacreditável. Em fevereiro deste ano jornal francês “L’Équipe”, informou que Messi é o mais bem pago atualmente: 8,3 milhões de euros/mês ou R$ 52,2 milhões. Seguido por Cristiano Ronaldo, E$ 4,5 milhões (R$ 28,3 milhões) e Neymar E$ 3 milhões (R$ 18,8 milhões). É até difícil imaginar, mas é verdade. Os salários dos treinadores são mais “modestos”. O também argentino Simeone, do Atlético de Madri, encabeça a lista com E$ 3,6 milhões (R$ 22,6 milhões), seguido por Guardiola (Manchester City), com E$ 1,94 milhão (R$ 12,2 milhões), José Mourinho (Tottenham) e Jurgen Klopp (Liverpool), E$ 1,46 (R$ 9,1 milhões).

Nessa “cadeia produtiva”, de critérios e definição de valores, sobra para intermediários, empresários e associados de todo tipo e forma, numa engenharia impossível de ser desvendada, pois há interesses inconfessáveis de múltiplas ordens para se esconder, começando pelo fisco de cada país envolvido. Normalmente estes números são protegidos por uma cláusula simples, de quase todo contrato: confidencialidade.

Só quebrados quando há algum desentendimento entre as muitas partes ou aparece algum gênio dos computadores que consegue entrar nas contas dos envolvidos e espalha as informações mundo afora. São os malditos (para este grupo de privilegiados) hackers, que complicam a vida da maioria e os obrigam a se explicar e muitas vezes devolver dinheiro ou fazer acordos com os governos. O mais famoso do momento, é Rui Pinto, um português de 21 anos de idade, que acaba de ser beneficiado com prisão domiciliar. Estava numa cadeia de Lisboa, preventivamente, mas a Justiça o mandou para um apartamento, por causa da pandemia Covid-19. Rui corre o risco de tomar 30 anos de cadeia. Ele enfrenta a ira dos maiores graúdos do futebol mundial que se juntam nestes momentos para acabar com a vida de quem ousa tocar ou denunciar os interesses maiores deles.

Reportagem do Uol do dia 3 de maio, conta um pouco dessa história:

* “Hacker que expôs clubes deixa prisão e quer ser visto como colaborador” (mais…)


Pelo menos uma notícia animadora em tempos de pandemia: a lista de dispensas do Atlético

Em foto do Bruno Cantini/Atlético, Ricardo Oliveira, que foi útil no primeiro ano no Galo, mas, agora, aos 40 anos de idade, impossível atuar em alto rendimento.

***

Tradicional comentarista e colaborador do blog, o professor de pintura, ilustrador e chargista Márcio Luiz Rodrigues escreveu:

* “Boa noite, correligionário alvinegro!

… nem só de pandemia vive o homem.

Em meio a tanta escuridão e incertezas, uma certeza que se traduz em uma notícia EXCELENTE para a Massa Alvinegra: a lista de dispensa do Sampaoli, que é encabeçada por ninguém mais ninguém menos do que o “intocável” Ricardo Oliveira. Seguida por Di Santo e outros menos votados…

Só faltou, na minha opinião, o Fábio Santos.

Espero um destaque seu neste assunto lá no seu sempre democrático Blog.

Grande abraço. GAAAALOOOOOOOO!!!!!!!”

* Márcio Luiz Rodrigues

***

A lista completa:

Ricardo Oliveira, Di Santo, Edinho, Zé Welison, Ramon Martínez, Lucas Hernandez e Cleiton.

Entendo que ficou de bom tamanho.  Gostei da manutenção do Fábio Santos, que ainda tem gás para mais uma temporada no Galo, para compor o grupo.

Pelo que li nas diversas redes sociais a dispensa mais comemorada foi a do Ricardo Oliveira, cujos lobistas chegaram a plantar a informação de que o Sampaoli o manteria no elenco.


Saudade dos bares. O mundo sem bar, “É um mundo sem amor ao próximo”

No antigo Bar da Rosinha (hoje, Radiola Disco Bar) os irmãos Grilo e Renato (da banda Zé da Guiomar) em Conceição do Mato Dentro.

Diz Milton que “… Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece
Como não fui eu que fiz…”

Pois é! Volta e meia me bate este sentimento quando leio algo genial, como esta crônica do Gilberto Amendola, no Estadão, dia 4. Sempre ótimo Gilberto. Aproveito para matar saudade e recomendar alguns dos melhores lugares que conheço na vida, para quando passar essa pandemia,voltarmos a encher a cara com todos os “chás com torradas possíveis”.

* “Um mundo sem bar”

Um mundo sem bar é um mundo sem empatia. É um mundo sem amor ao próximo. É um mundo de indiferença. Um mundo cheio de “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”. 

Eu não quero viver em um mundo sem bar. Não sei qual vai ser o novo normal depois do fim da quarentena, mas, definitivamente, não quero viver em um mundo sem bar.

Não é pelo álcool, acreditem. Se fosse só por beber, ficaria em casa com meu estoque de garrafinhas. Não tem nada a ver com porres, ressacas ou qualquer comportamento autodestrutivo.

Ao contrário, amigos. Bar é a celebração da vida, do amor, da inteligência e do companheirismo. No final da linha evolutiva traçada por Darwin, podem apostar, o que se vê é um homem sentado no balcão de um bar, tomando sua cervejinha em paz.

Sem bar, o que nos resta é o meteoro (ou a pandemia).

Bar é igreja, startup, salão de beleza, consultório psiquiátrico, UTI, SUS, ONU, OMS… Bar é meio ambiente, Ministério da Cultura, Economia, Educação, Justiça e Direitos Humanos.

O bar é a arena das nossas maiores emoções. Bar é o consolo de quem perdeu. O pódio dos campeões. E o olimpo de quem não quer competir.

Sou um sujeito adaptável. Posso viver sem muitas coisas. Abro mão de quase tudo que possa resultar na aglomeração de seres humanos e, consequentemente, facilitar a disseminação da nojenta da covid-19. Ou seja, estádios de futebol, festivais de música e clubes de swing não mais contarão com a minha presença pelo tempo determinado pelas autoridades.

Mas um mundo sem bar é um mundo pior.

É um mundo sem happy hour, sem aquela olhadinha para o relógio perto do fim do expediente, sem a gravata frouxa e torta no pescoço, sem aquele suspiro de alívio ao se aboletar em um banco e encostar os cotovelos no balcão.

Um mundo sem balcão de bar é um mundo muito pior. É um mundo sem a nossa tábua de salvação, sem a lousa em que rabiscamos projetos, fugas e desastrados sonetos de (des)amor.

Eu não quero viver em um mundo sem bolovo, shot de Cynar, caipirinha, dry martini ou negroni. Não quero viver em um mundo sem amendoim, porção de azeitona ou pururuca. Eu não quero viver em um mundo sem saideira. Eu não quero viver em um mundo em que eu não possa desenhar no ar aquele gesto universal que, em qualquer idioma, significa “fecha a conta, por favor”.

Um mundo sem bar é um mundo sem as melhores pessoas. Como deve ser ruim um mundo em que nenhum garçom nos chame pelo nome, em que nenhum bartender saiba qual o nosso coquetel preferido, em que nenhuma musa nos lance um olhar de desprezo ao deixar o recinto com o cara errado.

Um mundo sem bar é um mundo sem empatia. É um mundo sem amor ao próximo. É um mundo de indiferença. Um mundo cheio de “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”.

Vai por mim! Mesmo que esse próximo esteja na mesa ao lado falando bobagens, contando mentiras ou piadas ruins, ele também será digno desse sublime amor de bar. Mesmo que seja um mala, um inconveniente, alguém exaustivamente alegre ou infeliz como um cactos, ele sempre será digno do infinito amor de bar.

No bar, todo desconhecido ganha um voto de confiança imediato. Todo estranho confirma Rousseau – e é bom por natureza.

O bar é a nossa maior invenção. É a nossa alma coletiva. Nosso colo de mãe. Bares funcionam como postos de abastecimento da humanidade.

– Enche aí meu coração com sua melhor gasolina aditivada de alma.

Um brinde, saúde! 

Eu não quero viver em um mundo sem bar.

Quando tudo isso passar, vou sair de casa e ir direto para um balcão. Quem puder que me siga. 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,cronica-de-sp-um-mundo-sem-bar,70003289806

Rua da Quitanda, em Diamantina: à direita está A Baiúca, do Braga e Emilio, um dos mais agradáveis bares do mundo.


“É justo falar de futebol?” Homenagem à imprensa voltada ao esporte, que está se virando para não deixar a bola parar

O cineasta Ugo Giorgetti assina coluna no Estadão e dedicou a do dia 26 de abril aos repórteres e comentaristas que cobrem o esporte, futebol principalmente, e que estão fazendo das tripas coração para manter os noticiários em dia e garantir audiência. Realmente, não está fácil para ninguém.

Giorgetti é o produtor dos filmes “Boleiros – Era uma Vez o Futebol…” de 1998 e “Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos” de 2004, muito bons, que abordam os bastidores e o submundo  do futebol. Sempre atuais.

Confira essa ótima reflexão dele sobre as conseqüências da Convid-19, também na vida de quem vive do esporte:

* “É justo falar de futebol?”

Esporte deve seguir por conta dos profissionais que trabalham com ele e famílias que ajuda a sustentar

A pergunta do título é relevante na medida em que se agravam os problemas que assolam o país. Quem vai se ocupar de futebol, quando o coronavírus é uma fonte de angústia permanente, na medida em que não se sabe bem o que está acontecendo? O que se sabe é que entrou um novo ministro, que “precisa de tempo” para poder agir. E a mortalidade parece aumentar. Ou não? Também ninguém consegue informar precisamente.

A política vive assombrada pelos porões do Planalto, que viveu na sexta-feira seu lance mais dramático com o desabafo público, de 40 minutos, no qual o ministro que supostamente dava o aval moral a este governo se retira exatamente denunciando problemas morais. São essas bombas explodindo sucessivamente que dão razão à pergunta: vale a pena falar de futebol hoje?

Sim vale, por um motivo não tão difícil de compreender. Há muita gente que depende do futebol para viver e não pode parar. Não tem o direito de parar se quiser levar pra casa o que resta dos salários. Me refiro a uma verdadeira legião de cronistas, repórteres, jornalistas especializados, que compõem um vasto campo dedicado a divulgar o futebol. Apesar de estar escrevendo sobre futebol há muitos anos, ainda não me considero um deles. Não tenho esse direito, porque minha profissão é outra, mas todo esse tempo fez com que eu, de alguma forma me aproximasse deles, fizesse amigos, mesmo distantes. Amizade forjada mais pelo gosto em comum do futebol do que pela frequência constante.

Aprendi e admirar essa grande quantidade de profissionais que surgiram nas últimas décadas, gente que faz do futebol realmente sua profissão. Havia isso no passado. Cronistas, críticos, narradores sempre existiram e eram bons. Só que não eram muitos e sempre me pareceu que uma boa parte exercia concomitantemente outras profissões que completavam seus orçamentos. Gente que se dedica em tempo integral, que estuda, pesquisa, viaja, acorda pensando futebol e vai dormir pensando futebol é coisa bem mais recente. Às vezes, como sou de uma geração muito anterior, me irritam e discordo. Mas respeito, talvez pelo velho hábito de admirar o esforço de estudar e de saber.

É a eles que dedico esta coluna. A esses profissionais que pela primeira vez em suas vidas viram o chão lhes faltar porque lhes falta o futebol. E nem assim se rendem. Falando e debatendo de suas casas, com som precário, imagem sem qualquer confiabilidade, falam de futebol. Ou de esportes. Dá para ler em seus rostos a preocupação e a dificuldade de superar esse momento, mas não pararam. Faço questão de ouvi-los e vê-los, essa é minha forma de solidariedade.

Vejo naquelas falas interrompidas e entrecortadas, cuja imagem é tão precária que quase não os reconheço, uma forma de resistência notável e do amor ao que fazem. Há uma aflitiva espera na expressão de cada um. Uma espera do dia em que as coisas vão voltar ao normal. Será que voltarão? Qual será o normal da volta, tão ansiada? Criar notícia da não notícia, debater num deserto de silêncio, opinar quando mal se compreende o que falam.

A atitude dessa geração de comentaristas de futebol, acrescida de alguns craques do passado, é uma forma de resistência clara a um desmando, tanto da natureza, como da vileza dos homens, uma forma de permanecer em pé. Não importa se o equipamento não é o mais adequado, importa que esteja funcionando. É um momento em que o conforto pessoal e o esmero técnico passa a não ter nenhuma importância.

O que vale é o gesto. E é importante para todos os espectadores verem que seus comentaristas estão lá como uma resposta adequada a tempos tão terríveis. Se o futebol, graças a essa turma de jornalistas, está vivo apesar de sequer existir, se continua, mesmo sem ninguém em campo, por que não o País? Por isso vale a pena falar de futebol.

Hugo Giorgetti em foto do www.fiesp.com.br/noticias/Julia Moraes

https://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,e-justo-falar-de-futebol,70003283150


E tem gente que quer retornar com os jogos, já: “Flamengo faz testes e confirma 38 casos positivos de coronavírus no clube…”

Técnico Jorge Jesus, em foto de Marcelo Cortes/Flamengo

Eu, hein!?

Do site do ESPN:

* “… três são jogadores”

Flamengo divulgou no fim da noite desta quarta-feira, em nota oficial, que três jogadores do elenco principal testaram positivo para o novo coronavírus. Os nomes dos atletas foram mantidos em sigilo pelo clube. Os três fazem parte de um grupo de 38 infectados, de acordo com exames realizados pelo Flamengo entre 30 de abril e 3 de maio. O clube testou 293 pessoas, desde funcionários diretamente ligados ao dia a dia até familiares e pessoas próximas aos jogadores.

A relação dos que testaram positivo para o novo coronavírus tem seis funcionários do grupo de apoio, dois terceirizados que prestam serviços ao clube regularmente e 25 familiares ou funcionários de jogadores, além de dois atletas que apresentaram anticorpos positivos.

Agora, por determinação do Flamengo, os atletas que tiveram contato com familiares e funcionários infectados entrarão em quarentena. Eles terão acompanhamento diário da comissão técnica do clube e farão novos testes para serem reintegrados aos trabalhos. https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/6919515/flamengo-faz-testes-e-confirma-38-casos-positivos-de-coronavirus-no-clube-tres-sao-jogadores


Em tempos de coronavirus, Cazares e Otero deveriam guardar a bola deles para quando o Galo voltar a campo

Cazares é capaz de lances fantásticos como este drible no Egídio, da mesma forma que comete irresponsabilidades fora de campo. Esta foto, do Denis Dias, virou quadro, que está na sala do apartamento do jogador.

Uns cabeças cozidas, como milhões de brasileiros por aí afora e estrangeiros espalhados pelo mundo. Mas, num país em que o presidente da república não dá a devida importância para assunto tão grave, é difícil crucificar jogadores de futebol. Ainda mais no caso de um Cazares, que apronta coisas bem piores para prejudicar a si próprio e a milhões de atleticanos em toda parte.

O jornalista Henrique André, do Hoje em Dia, fez uma ótima reportagem com o Dr. Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, e integrante do grupo de gestão da Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, sobre o assunto. Além da situação dos jogadores, eles aprofundaram a conversa para as perspectivas de retorno dos jogos de futebol no país, sequência dos estaduais e início do Brasileiro. Confira:

* “Infectologista vê ‘peladas clandestinas’ como inadequadas e teme ‘efeito dominó’; entenda”

Muito além de uma simples “escapada” durante a quarentena. Assim pode ser classificada a atitude dos meias Otero e Cazares, ambos do Atlético, que nesta terça-feira (5) foram flagrados jogando futebol numa quadra de Santa Luzia, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Por meio de nota, o clube afirmou que a recomendação passada pelo Departamento Médico foi para que todos os atletas ficassem em casa. Além disso, o alvinegro afirma que o equatoriano e o venezuelano serão orientados novamente e se submeterão aos testes antes da volta aos treinos, que continuam sem data estabelecida.

Contudo, o assunto é bem mais sério do que se imagina. Em contato com o doutor Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o Hoje em Dia teve acesso a informações importantes. Segundo ele, inclusive, a atitude dos atletas foi, no mínimo, inadequada.

“Não estamos ainda no momento de aglomerações. O futebol, a pelada, e o encontro de pessoas, em qualquer objetivo, aumenta a chance de transmissão e também de aquisição da Covid-19. É mais do que claro que, o futebol, pela proximidade das pessoas, é um terreno fértil para esta transmissão”, destaca o infectologista.

“No mínimo, existe uma possibilidade pequena de alguém (presente na pelada) ter adquirido o vírus, estar numa fase assintomática, tendo a imensa capacidade de transmiti-lo, como num ‘efeito dominó’. Temos que lembrar que este vírus apresenta rápida passagem de uma pessoa a outra. Se houve momento de contato, cria-se o terreno”, acrescenta.

Ainda de acordo com Estevão Urbano, isso pode ocorrer na pelada, no ônibus, numa corrida de rua ou em outros ambientes. (mais…)


Eleições no Cruzeiro dia 21: conselheiros não podem repetir um novo Wagner Pires de Sá

Em foto do Vinnicius Silva/Cruzeiro, o ex-presidente Wagner Pires de Sá 

Faltando duas semanas para a sua eleição mais importante das últimas décadas, o Cruzeiro continua vivendo incertezas e turbulência política. Dia 21, quinta-feira, de 9 às 16 horas, os conselheiros terão a responsabilidade de escolher a cabeça pensante que vai encarar a missão de tirar o clube do atoleiro no qual se encontra.

Serão eleitos, presidente executivo, primeiro e segundo vices; presidente e vice do Conselho Deliberativo, além do primeiro e segundo secretários da mesa diretora.

De estatuto com regime presidencialista, o que importa mesmo é o cabeça de cada chapa, o manda chuva geral, que escolhe quem ocupará os cargos diretivos e o treinador. Da competência, honestidade e habilidade dele estará o sucesso, o fracasso ou a marcação de passo da instituição, nos próximos dias e no futuro. Que a opção por Wagner Pires de Sá nas eleições passadas não seja esquecida pelos senhores conselheiros. As lambanças dele arruinaram o clube. Aliás, quem menos mandava era ele e sim os que ele escalou para “ajudá-lo”.

Pelo andar da carruagem, Sérgio Rodrigues ou Ronaldo Granata será o eleito. Cumprimento os dois pela coragem só de encarar essa disputa e mais ainda de topar a empreitada, dificílima. Porém, sabem que a situação é gravíssima, mas em compensação o potencial do clube é gigantesco.

Ambos têm apoiadores que foram ligados às diretorias anteriores, portanto, é bobagem a acusação que se fazem de ligações com o passado. Todos fazem parte do clube e sua história, que é riquíssima. Ninguém, de sã consciência pode dizer que Zezé e Alvimar Perrella ou o Dr. Gilvan de Oliveira, não tiveram grande méritos e têm enormes serviços prestados ao Cruzeiro. Também erraram muito, mas o crédito de cada um deles é bem superior. Não se pode dizer o mesmo do Wagner, este sim, uma aventura maluca, na qual estes mesmos atuais conselheiros colocaram o clube. Agora terão a oportunidade de consertar.

E ao contrário do que prega a hipocrisia reinante no país, na imprensa principalmente, vejo como ótimas as trocas de acusações e ataques entre as chapas em disputa. Dessa forma, eventuais vícios comprometedores de algum dos candidatos são expostos e podem nortear o voto do pequeno grupo de eleitores. E caso o eleito tenha realmente algum comprometimento nocivo, olho nele, para que não apronte lambanças que compliquem mais ainda o Cruzeiro.

Cobranças e transparência precisam existir, por parte de todos, interna e externamente, no Cruzeiro e em qualquer clube. Não deveria, mas na prática, os conselhos fiscais são peças de ficção, e o Conselho Deliberativo só serve para eleger a diretoria, no caso, de três em três anos. A imprensa, ao invés de esmiuçar e cobrar, bajula. Os noticiários se restringem ao futebol profissional. As compras, vendas e demais negócios milionários raramente ou nunca são questionados. Só quando o caos chega, como recentemente chegou.


Um dos grandes narradores do rádio brasileiro, José Silvério dá um tempo e pensa o futuro

José Silvério em foto do twitter da Rádio Bandeirantes, que no dia 2 de julho de 2018 postava: @RBandeirantes: “#Copa2018: Enquanto a bola não rola, José Silverio se reúne com a Equipe Bandeirantes no IBC do Estádio de Samara. A Seleção Brasileira entra em campo as 11h contra o México”

Só ontem li esta edição do jornal Zero Hora (RS), que informa detalhes da saída do José Silvério da Rádio Bandeirantes.  Além de ótimo profissional, grande figura humana, e mostra isso nas palavras que usou para falar sobre a demissão, por telefone, neste período de quarentena. Sem mágoa, sem rancor, consciente de que o tempo passa e a vida segue.

* “Fica uma lacuna na narração, diz José Silvério após deixar Bandeirantes”

Um dos maiores locutores do rádio, ‘pai do gol’ não sabe se continuará carreira

O telefone de José Silvério, 74, tocou em Lavras (MG), onde o radialista se refugia desde o mês passado diante da pandemia de Covid-19.

Um funcionário do departamento de recursos humanos da rádio Bandeirantes, segundo ele, o comunicou sobre a decisão de rescindir seu contrato, que iria até dezembro de 2022, depois da Copa do Mundo no Qatar.

Ele se preparava para narrar o 11º Mundial da carreira. O primeiro foi em 1978, na Argentina, pela rádio Jovem Pan. Silvério ainda não sabe se continuará trabalhando nas cabines dos estádios ou se colocará um ponto final na marcante trajetória.

Mineiro de Itumirim, ele começou na profissão na primeira metade da década de 1960 e entrou para a história como um dos mais importantes locutores esportivos do país. Para ele, seu possível adeus deixa órfãs as gerações mais conectadas com o rádio.

“Vai ficar difícil [encontrar um sucessor], vai ficar uma lacuna. O rádio não tem, infelizmente, uma revelação na narração”, disse Silvério à reportagem, por telefone, na segunda-feira (27). “Os meninos, antes, começavam no rádio. Hoje começam querendo ser locutor na televisão.”

Silvério, que completará 75 anos no próximo mês de novembro, afirma que não ficou chateado com a rescisão contratual, mas que teme que possa sentir falta daquilo que faz desde 1963.

O “pai do gol”, como o mineiro é chamado, tornou-se famoso também pelos bordões, entre eles “e que golaço” e “vou soltar a minha voz”.

“Minha cabeça está no meio de um vai e volta. Com 74 anos e meio, vamos ficando mais pesados, há dificuldades em relação ao transporte até o estádio, cabines, a convivência também no estádio. Em São Paulo não é fácil de se locomover, imagine para gente que é mais velho”, afirma o locutor.

Em outras épocas, esse ponto não era um problema. Na Copa de 1986, no México, por exemplo, ele precisava subir ao telhado ou em árvores para narrar treinos da seleção brasileira. Telê Santana, técnico do Brasil, havia proibido as transmissões das atividades do campo.

Hoje, Silvério reclama da dificuldade de trabalhar em algumas arenas por causa da distância entre a cabine e o gramado: “As pessoas não sabem, mas, no estádio do Corinthians, do Palmeiras, a gente fica muito longe dos lances. Aí os caras criticam, falam que estou cego. No Morumbi, até que não tem esse problema”.

Pela vontade da família, Silvério teria encerrado a sua carreira depois da Copa do Mundo de 2018. Pai de um filho e duas filhas, o radialista ficou viúvo em 2010, com a morte de Sebastiana. Ele se casou com Rosemary em 2012.

“Eles [filhos] dizem que me veem indo para o estádio ao meio-dia e voltando só depois das 21h, 22h. Realmente, não é fácil ir para Itaquera. Não tenho problema com torcedor, sou sempre bem-vindo, mas sempre tem alguns engraçadinhos, e não posso correr ou brigar”, diz Silvério aos risos.

Em mais de 50 anos de carreira, com passagens pelas emissoras Tupi e Itatiaia, além da Jovem Pan e da Bandeirantes, ele não consegue escolher uma só cobertura como a mais marcante. Cita as decisões da Copa do Mundo de 1994 e 2002, além das finais importantes entre os grandes de São Paulo. “Sou muito feliz com minha carreira, não há nada que possa manchá-la.”

https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/noticia/2020/04/fica-uma-lacuna-na-narracao-diz-jose-silverio-apos-deixar-bandeirantes-ck9k2426000j201o4e7b1crqc.html


Um dos papas no assunto, infectologista informa: futebol ainda sem previsão de data para recomeçar

Dr. Estevão Urbano, em foto do www.noticias.r7.com/minas

Inimaginável uma situação dessas, não é? Já pensou que algum dia na vida você viveria isso? Recomendações pra não sair de casa, atividades comerciais, escolares e etecetera e tal paradas, bares, restaurantes, fechados e ainda sem futebol. Pois é! No início parecia que estávamos em um sonho, pesadelo, que passaria rápido. Mas era e é real. Tomara que já já possamos começar retornar a vida cotidiana. Normalidade mesmo, vai levar um tempão.

Na Europa, a França e a Holanda já disseram que seus campeonatos não terão sequência. A Itália e outros países podem anunciar a mesma medida a qualquer momento. Aqui, quem sabe, junho ou julho, mas. . . ninguém sabe, ninguém tem certeza de nada.

Enquanto isso, o ideal é seguir o que dizem os especialistas da saúde. Como fez o Thiago Nogueira, para o Super FC, edição de hoje. Entrevistou uma das maiores autoridades brasileiras do assunto, Dr. Estevão Urbano, que inclusive gosta muito de futebol:

* “Infectologista vê confinamento e testes como requisitos pra futebol voltar em MG”

Retorno não é indicado neste momento, mas poderia acontecer com medidas preventivas e jogos sem público; CBF sugeriu retorno em maio, mas FMF e Estado ainda estudam protocolo

Por Thiago Nogueira

Enquanto o Brasil vive seu pior momento na combate à pandemia do novo coronavírus, com o aumento no número de casos e mortes diárias, CBF, federações e clubes começam a discutir possibilidades de retomada do futebol. A confederação sugeriu a volta dos campeonatos estaduais a partir de 17 de maio, mas isso depende do cenário e das autoridades de saúde locais.

Para o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e membro do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), esta ainda não é a hora para o retorno de treinos e torneios.

“Estamos vivendo um momento de aumento do pico no Brasil inteiro. Vamos estar jogando as pessoas para o campo quando o surto está em picos maiores, o que sugeriria uma incoerência. Quando a coisa está piorando, você libera o campeonato. Neste momento, é inadequado e tem que ser feito com a máxima segurança se ele for realizado. Se possível, não fazê-lo também, mas se fazê-lo, com todas as medidas de segurança”, pondera o especialista.

Para a volta do futebol no cenário em que vivemos hoje, além de realizar jogos sem público e adotar medidas preventivas, como higienização e uso de máscaras por profissionais do entorno do campo de jogo, Urbano aponta duas situações que seriam de extrema importância: o confinamento dos atletas em competição e a testagem de todos periodicamente, entre 48h e 72h antes das partidas.

“Do ponto de vista ideal, você teria que unir as duas coisas, mantê-los confinados e a disponibilidade de teste, pelo menos, uma vez por semana para todos os jogadores, para garantir que nenhum deles esteja transmitindo internamente. O confinamento mais a testagem seria uma alternativa mais segura a meu ver”, ressaltou.

O Brasil não tem ainda uma vasta rede consolidada para a testagem em massa da população, mas, para o infectologista, seria possível realizá-los com frequência em grupos de atletas.

A federação, os clubes, precisariam fazer contratos com os laboratórios e garantir essa testagem. Isso tudo precisaria já estar organizado, com certeza de cumprimento, para se adequar a proposta, o contrário, não teria como se fazer um campeonato. Todas as garantias precisariam ser cumpridas para se pensar em fazer os jogos, isso, para começar a discutir. Do ponto de vista da quantidade de testes, eu acho que é viável, de 200 a 300 testes por semana seria possível conseguir logística pra isso. Se não conseguir, não tem jeito, na minha opinião”, analisa.

Neste primeiro momento, a retomada do Campeonato Estadual é algo mais próximo de se avaliar. Um torneio nacional, como o Campeonato Brasileiro, ou mesmo, internacionais, como a Libertadores, seriam uma temeridade muito maior. ” Neste momento, ainda é prematuro, principalmente por causa das viagens, dos deslocamentos de hotel e aeroporto, principalmente em locais de alta transmissão, como Rio e São Paulo. É uma exposição alta dos jogadores. Regionalmente você tem menos riscos. Você analisa o cenário de Belo Horizonte, que ainda é confortável, não que seja zero, mas é um risco menor”, explica.

Em Minas, a Federação Mineira de Futebol (FMF) já vem discutindo a possibilidade de retomada do futebol com o Centro de Operações de Emergências em Saúde (Coes), estrutura criada pelo governo do Estado para dar respostas coordenadas às ações de combate à Covid-19. “Estamos discutindo a formatação de um possível protocolo. Nem estamos cogitando (a volta do futebol) nesse momento, é mais pra frente mesmo”, explica o presidente da FMF, Adriano Ano.

Membro do Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 da PBH, Estevão Urbano tem sua opinião formada como especialista na área, mas que ainda não há um consenso sobre no grupo de trabalho epidemiológico. Com outros pontos mais urgentes da pandemia a tratar, o prefeito Alexandre Kalil ainda não solicitou um parecer sobre a retomada ou não do futebol na capital.

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