Em foto do Superesportes, presidentes marcantes na história do Conselho Deliberativo do Atlético: o atual, Rodolfo Gropen (esquerda), e o seu antecessor, Emir Cadar.
Este ano o nosso blog está completando 10 anos e não me lembro de ter recebido nenhum comentário elogioso a qualquer Conselho Deliberativo de nenhum clube. Aliás, nem em meus tempos de rádio, TV e jornal. Muito pelo contrário. Porém no dia 26 de junho passado, o Carlos Henrique Costa comentou aqui: “Gostei da reunião do Conselho, querendo dar transparência, ao Atlético, modernizar o clube, com a torcida sabendo das coisas e como foi falado, reuniões semestrais sobre a parte financeira. Sendo assim, corre menos risco de uma gestão temerária, como acontece no rival”.
Carlos Henrique
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O que o Cruzeiro está passando é muito ruim para qualquer instituição. Os piores anos do Atlético foram aqueles de grandes rachas internos e falta de transparência nas administrações. A polícia não foi à sede de Lourdes ou à casa de nenhum dirigente. Mas jogadores chegaram a ser despejados de hotéis por falta de pagamento e o então goleiro Taffarel liderou “vaquinhas” para diminuir o drama de jogadores que ganhavam menos e funcionários passando por dificuldades em casa, com salários atrasados. O presidente da época (1998) Paulo Cury, foi afastado pelo Conselho Deliberativo. O Atlético demorou se reerguer e recuperar a sua credibilidade. Mais precisamente em fins de 2008 quando Alexandre Kalil foi eleito presidente, ocupando a cadeira que estava vazia com a renúncia de Ziza Valadares, que não conseguiu conviver com as consequências da bagunça administrativa e guerra política interna. A partir de Kalil o Galo mudou de patamar, dentro e fora de campo, e a demonstração cabal disso foi a última reunião do Conselho Deliberativo em que o presidente do órgão, Rodolfo Gropen, apresentou proposta de modernização e aperfeiçoamento do estatuto do clube. Aliás, Gropen vai entrar para a história como um dos melhores presidentes do Conselho atleticano, pelo seu conhecimento técnico, conhecimento da alma atleticana e pela figura humana fantástica que é.
O Frederico Ribeiro, do Globoesporte.com fez uma bela reportagem com ele. Só lamento que nessa entrevista ele anunciou que não vai se candidatar à reeleição:
* “Novo estatuto do Atlético-MG e eleições: Gropen explica pauta e descarta tentar reeleição no Conselho”
Presidente do Conselho Deliberativo vai deixar o cargo em outubro deste ano e, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, explica a necessidade de uma modernização no estatuto do Galo
Por Frederico Ribeiro — de Belo Horizonte
A última reunião do Conselho Deliberativo do Atlético-MG, realizada na última segunda-feira, teve como ponto alto a aprovação da formação de uma comissão de conselheiros para estudo e proposta de reforma do estatuto do clube. Esta será uma das últimas ações de Rodolfo Gropen, atual presidente do Conselho Deliberativo, antes do término do seu mandato, em outubro.
Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Gropen esclareceu detalhes sobre a ideia de mudança no estatuto, que foi criado em 2008 e, segundo ele, necessita de modernizações.
– A minha ideia é modernizar todo o estatuto, aperfeiçoando-o na medida do possível. Este estatuto foi elaborado em 2008, ocasião em que o Atlético tinha como orçamento cerca de R$ 50 milhões. Hoje o orçamento do Atlético é cerca de seis vezes maior, por volta de R$ 300 milhões. E a tendência clarividente, com a nossa nova casa própria (não se pode esquecer o trabalho do Daniel Nepomuceno) e o direcionamento econômico que vem sendo trilhado em uníssono nos últimos dez anos, é que as receitas cresçam bastante. Refiro-me apenas aos últimos dez anos porque foi o período que participei.
O novo estatuto faz parte de um plano para garantir que as próximas gestões do Atlético-MG não façam ações que coloquem em risco a integridade do clube. – Na minha visão há que se colocar regras de compliance no nosso estatuto, repensando e desenvolvendo mecanismos de controle interno, aumentando cada vez mais a transparência dos procedimentos, a exemplo do sistema de gestão implantado pelo Sette Câmara e Lásaro Cunha, diminuindo os riscos de práticas indesejáveis, otimizando a governança, obrigando os próximos administradores do Atlético a seguir um comportamento baseado em regras e padrões éticos.
Saída do Conselho Deliberativo
Há dez anos no Atlético-MG, chegou a hora de Rodolfo Gropen deixar o clube. O dirigente relembra sua trajetória no Galo e os momentos importantes que viveu dentro do clube, trabalhando diretamente com as três últimas diretorias alvinegras. No entanto, o momento é de voltar para a arquibancada.
“Tenho direito à reeleição à Presidência do Conselho Deliberativo do Atlético, cargo que me honra muitíssimo, mas não irei me candidatar a novo mandato”.
– Por que? Em apertada síntese porque refleti muito e considero que devo encerrar, desta feita, meu ciclo no Atlético. Completei, há alguns meses, dez anos ajudando o Galo, remunerado exclusivamente pela paixão, friso. Comecei me apresentando ao Alexandre Kalil, dois dias antes da sua eleição de 2008, a quem não conhecia. Por generosidade dele, fui nomeado Diretor de Gestão e de Planejamento no período de sua administração e acabei tendo a felicidade sem par de integrar a gestão mais vitoriosa da história do Atlético, coroada pela Copa Libertadores em 2013 e pela mais especial e exclusiva Copa do Brasil, em 2014. Preciso fazer parênteses aqui. Os seis anos ao lado do Kalil, dia a dia, me permitem afirmar que ele é, de fato, duro, não verga a espinha em instante algum, um líder na melhor acepção da palavra, com uma visão sempre muito à frente, além de um executor extraordinário. (mais…)