Num dos posts anteriores pegamos gancho do jornalista Alexandre Simões reclamando do “futebol de resultados” muitas vezes praticado pelo Cruzerio (https://blog.chicomaia.com.br/2019/05/05/cruzeiro-vence-a-segunda-consecutiva-em-casa-contra-candidatos-ao-rebaixamento/), implantado por Sebastião Lazaroni em fins dos anos 1980 no Vasco da Gama, levado à seleção que fracassou e foi eliminada pela Argentina na Copa da Itália em 1990. Que gerou também a “Era Dunga”. E quando a maioria achava que aquele estilo de jogo estava morto e enterrado no futebol brasileiro houve a ressurreição em 1994 com a conquista da seleção de Carlos Alberto Parreira da Copa dos Estados Unidos. Venceu a Itália nos pênaltis e chegou à final graças à genialidade de Romário, chutes pontentíssimos do lateral Branco, jogos inspirados do Bebeto e reflexos apurados do Taffarel para pegar pênaltis. Mesmo jogando feio e quase 100% defensivamente chegou à final e conquistou o “tetra”. No Brasil, quando se ganha, a cegueira toma conta e os defeitos são esquecidos por todo mundo. Depois dessa conquista, mesmo incompetente para o cargo, Dunga virou até técnico da seleção brasileira, perdendo uma Copa (2010) e quase indo pra outra (2018), ressuscitado depois dos 7 a 1 da Alemanha em 2014.
Aquilo (a conquista de 1994) foi um tiro no futebol brasileiro que abandonou seu estilo ofensivo, de liberdade aos mais talentosos e passou a copiar o que há de pior do futebol europeu e suas famosas retrancas e “goleadas” de 1 a 0, 2 a 1, etecetera e tal. Enquanto isso os europeus se adaptavam à forma de jogar do Brasil e da Argentina. Como diria o gaúcho Lupicínio Rodrigues em “Esses moços”, deixam o céu por ser escuro e vão ao inferno à procura de luz.
A mídia mundial está repercutindo a entrevista do Rafinha ao canal Fox Sports, sobre seus tempos de jogador do Pep Guardiola no Bayern de Munique: “Rafinha: Guardiola exibia jogos brasileiros como exemplo do que não fazer”.
Como se sabe, Guardiola é discípulo do holandês Johan Cruijff, que por sua vez era fã e se inspirava em Telê Santana, como treinador, na forma de jogar.
E o mais triste, para nós, mineiros, Pep Guardiola mostrava nas preleções, jogos da seleção brasileira, Corinthians e também do Atlético e Cruzeiro, para dar exemplo de como não se deve jogar.
Veja essa reportagem do UOL:
“Rafinha contou uma história no mínimo curiosa a respeito de Pep Guardiola, na manhã de hoje (5), em entrevista ao “Fox Sports”. O lateral-direito do Bayern de Munique revelou que ex-treinador do clube bávaro passava vídeos de jogos brasileiros. Contudo, a intenção do técnico espanhol era apontar o que não deveria ser feito dentro de campo. De acordo com Rafinha, que assinou contrato recentemente com o Flamengo, Guardiola ensinava os jogadores a saírem do campo de defesa com toques rápidos e com muita velocidade, diferentemente do que o público costuma assistir no Brasil.
“[Guardiola]Cansou de mostrar em preleção vídeo de jogo do Brasil. Porque ele pegava uma jogada que a bola saía do lateral-direito para chegar no lateral-esquerdo. A bola começava na direita, ia para um zagueiro, depois para outro zagueiro e depois para o lateral. Essa transição passou por quatro jogadores e perdeu tempo”, disse Rafinha. O ala ainda relatou que o comandante do Bayern de 2013 a 2016 assistia aos jogos de Corinthians, Cruzeiro e Atlético-MG. “O Guardiola vê muito jogo do Brasil e mostrou muitas vezes. Mostrava de Corinthians, de Atlético-MG, na época que o Ronaldinho estava lá. Ele acompanhava bastante também o Cruzeiro. Não era uma crítica dele, mas o futebol é assim. É difícil ver um lateral virando uma bola, aqui na Europa é muito mais rápido”, arrematou”.