Foi numa entrevista à Folha/Uol esta semana. Parece que ela entrou naquela de “ligar o fodas”. Igual a muita gente que conheço que segue a teoria de que “depois de uma certa idade a gente pode falar o que quer”.
Independentemente dessa fala, sou fã da Nana Caymmi, assim como continuo fã do Chico Buarque, Gil, Cateano e de Lobão, apoiador de Jair Bolsonaro. Gosto da música deles e respeito as opções políticas de cada. Não misturo e não me influencio pelo que eles e tantos outros artistas e intelectuais pensam e falam de política e qualquer assunto. Leio, ouço e vejo tudo que posso, converso muito, com gente de todas as posições e formo a minha própria opinião.
No tiroteio verbal das paixões políticas afloradas ano passado, consegui não brigar com ninguém. Uma das vantagens da democracia é essa: respeito ao contraditório. Quando eu tinha menos de 20 anos de idade ouvi uma frase que procuro exercer até hoje: “gosto não se discute; lamenta-se”, e respeita-se.
A entrevista da Nana Caymmi é boa demais. Vale a pen ser lida. E quem lê, sente perfeitamente que ela não fala com ódio. É uma gozadora. Amiga desses artistas todos, falou na entrevista como se estivesse numa mesa de bar. Óbvio que a frase mais pesada vira manchete, pois é assim que o mundo funciona.
O principal motivo da entrevista foi o disco que ela gravou com músicas do Tito Madi, que não coincidentemente estou ouvindo aqui em Tiradentes, agora. Muito bom, como quase toda a obra dela, porém, é música pra curtir dor de cotovelo. Dependendo do momento que o ouvinte está vivendo tem que tomar todas ou mergulhar de vez na deprê.
Confira: * “Nana Caymmi ataca Chico, Gil e Caetano e não quer netas em show de pagode”
Cantora lança novo disco, defende Bolsonaro, reclama da Bahia e diz irritar pássaros ao cantar ópera
Luiz Fernando Vianna
RIO DE JANEIRO
Nana Caymmi não lançava CD desde 2009. Ao completar 78 anos, em 29 de abril, terá realizado mais dois —“Nana Caymmi Canta Tito Madi”, que sai agora pela Biscoito Fino, e um com músicas de Tom Jobim, acompanhada de orquestra, que ela gravará para o Sesc a partir do próximo dia 15.
Parece o reaquecimento da carreira de uma das principais intérpretes do país, mas Nana diz que não é bem assim.
“Estou fazendo uma despedida sem ir embora. Saída à francesa. A vida que me resta, de uma senhora, quero viver em paz”, afirma. “Acordei pro mundo: não tenho muito tempo. Quero ouvir o que eu não podia ouvir. Criei três filhos sozinha. O pai ficou na Venezuela, fez outra família.”
Luiz Fernando Vianna
RIO DE JANEIRO
Nana Caymmi não lançava CD desde 2009. Ao completar 78 anos, em 29 de abril, terá realizado mais dois —“Nana Caymmi Canta Tito Madi”, que sai agora pela Biscoito Fino, e um com músicas de Tom Jobim, acompanhada de orquestra, que ela gravará para o Sesc a partir do próximo dia 15.
Parece o reaquecimento da carreira de uma das principais intérpretes do país, mas Nana diz que não é bem assim.
“Estou fazendo uma despedida sem ir embora. Saída à francesa. A vida que me resta, de uma senhora, quero viver em paz”, afirma. “Acordei pro mundo: não tenho muito tempo. Quero ouvir o que eu não podia ouvir. Criei três filhos sozinha. O pai ficou na Venezuela, fez outra família.”
“Mostrei pra Dori [seu irmão] e ele ficou de pau na mão. Falei: isso aí é que é cantar!”, anima-se, mas sem saber para quem deixará seus discos do gênero. “Minhas filhas são ignorantes em ópera. Nunca tive um marido que gostasse. Uns merdas.” Ela não confirma se foram dez maridos. Prefere dizer que “foi uma porrada”.
Em 71 minutos de entrevista à Folha, Nana falou 89 palavrões. É o seu jeito. Não foge de nenhum assunto, nem mesmo política, em que destoa do coro dos colegas artistas. Ela votou em Jair Bolsonarono segundo turno.
“É injusto não dar a esse homem um crédito de confiança. Um homem que estava fodido, esfaqueado, correndo pra fazer um ministério, sem noção da mutreta toda… Só de tirar PMDB e PT já é uma garantia de que a vida vai melhorar. Agora vêm dizer que os militares vão tomar conta? Isso é conversa de comunista. Gil, Caetano, Chico Buarque. Tudo chupador de pau de Lula. Então, vão pro Paraná fazer companhia a ele. Eu não me importo.”
Ela acha difícil voltar a se apresentar na Bahia, e isso também tem a ver com política. “Bahia não tem nada, é PT”. O partido está no governo do Estado há 12 anos. O pai, que morreu em 2008 aos 94 anos, já não tinha mais saudade da Bahia. “Ele ficou muito triste na última vez em que foi lá. E isso porque ainda era a época do capo, Antonio Carlos Magalhães [1927-2007]”. Nana diz que “toda a família se dava” com o ex-governador. (mais…)