Claro que não são todos os veículos e nem todos os profissionais. Mas são muitos que abusam do sensacionalismo, nas tintas das manchetes escandalosas para chamar a atenção e atrair audiência, vendas, visualizações, “curtidas”, “clicks” e o etecetera e tal.
Este episódio de que um monte de clubes estaria ilegal com a documentação na disputa da Libertadores e Sul-Americana é o exemplo da vez. “Bomba: Conmebol pode protagonizar novo escândalo na Libertadores e Sul-Americana”
Na sequência, em outro lugar, li que o Atlético estava entre os 21 clubes que estariam irregulares. A primeira coisa que pensei: “Uai, será que o Galo será eliminado da disputa?”.
Mudo de rádio aqui, leio outro site ali, uso o controle remoto para assistir outra emissora e num deles aparece lá: “Assim como na última temporada, a Libertadores de 2019 pode ser manchada com um escândalo, dessa vez em maiores proporções. Nesta quarta-feira, nove dias após a Conmebol punir o Barcelona de Guayaquil por inscrever um jogador fora do prazo, o canal argentino Tyc Sports revelou que ao menos 21 clubes cometeram o mesmo erro tanto no principal torneio do América do Sul quanto na Copa Sul-Americana…”
Pronto, fudeu!
Aí, parei de pensar como cidadão comum (apenas consumidor de informação), para raciocinar como jornalista quase cobriu até a “Santa Ceia”: uai, mas ninguém ouviu nenhum diretor da Conmebol?”. Que informação estranha é essa? Vão tirar tantos clubes dessas principais competições do continente? Tem um trem errado aí!
O presidente do Atlético, lá em Montevidéu, também surpreso, deu entrevista manifestando a sua estranheza. O clube sempre teve fama de departamento técnico perfeito, que nunca cometeu um erro de inscrição de jogador, nem da base, quanto mais no profissional e na Libertadores. Será que chegou o dia da primeira vez? Mas junto com tantos clubes? Antes de encerrar a entrevista o comandante atleticano fez uma ressalva: “Tenho certeza que enviamos a nossa lista um dia antes do encerramento do prazo, para a CBF; se houver algum problema é com ela”.
Ih, CBF? Epa! Aí tem.
E nada de alguém da CBF para esclarecer. Enquanto isso as manchetes e notícias alarmantes pipocavam cada vez mais. Audiência em alta.
Até que, finalmente a responsável pela primeira informação, a senhora Monserrat Jimènez, subchefe da secretaria geral da Conmebol apareceu e disse: “… mandaram a lista assinada dentro do prazo estabelecido, no entanto, com atraso entre minutos e 24 horas…”
Hummm.
E continuou: “…a Conmebol tinha a segurança que os jogadores estavam sendo inscritos e estavam regulares na federação, mas, de todo modo, o regulamento fala que a aprovação também tem que se dar via COMET…”
PQP! Será que antes de promover mais um “escândalo” no futebol sul-americano grande parte da imprensa não poderia ter apurado melhor ou ouvido essa burocrata da Confederação para dar essas explicações?
A dona Jimenez (foto do Superesportes) finalizou explicando que “são três passos até a confirmação do registro: o primeiro é a inscrição no COMET, um sistema da Conmebol onde estão todos os jogadores; depois, as federações nacionais devem aceitar essa lista. A aceitação busca demonstrar que esses atletas estão devidamente inscritos na federação. Depois, por uma questão de segurança, pedimos que essa lista seja assinada tanto pela secretaria e pela presidência do clube, como pela secretaria e presidência da federação a maioria dos erros foi no segundo passo; inscreveram no COMET e nos mandaram a lista assinada dentro do prazo estabelecido…”
Como diria o saudoso Gil Costa: “Nossa Senhora da Penha; cavaco de pau é lenha”!
No frigir dos ovos, poderá gerar uma multa, e mesmo se o erro foi da CBF, os clubes pagam uma multa e vida que segue. Aliás, tanto a CBF quanto Conmebol e federações adoram uma multa, né?
Então tá bão!
Por essas e tantas outras é que concordo cada vez mais com o Paulo César Vasconcelos, grande jornalista, a quem conheci nos tempos dele no saudoso Jornal do Brasil. Em 2017, numa conversa com ele depois de um “Redação Sportv”, no camarim, disse: os jornais não estão morrendo; eles estão suicidando, ao não investir na qualidade da informação, que só pode ser produzida por bons profissionais, que entretanto, custam mais caro”.
E acrescento: os jornais e demais veículos de comunicação.