Há entrevistas que são longas, chatas e que não esclarecem nada. Isso depende muito do entrevistador e do entrevistado. Quando ambos são bons de serviço a entrevista pode ser do tamanho que for, que há sustância, vale a pena ler até o fim. É o caso dessa, do Frederico Ribeiro, do Hoje em Dia, com o Dr. Lásaro Cunha. Fala de quase tudo que o torcedor tem curiosidade em saber, e o dirigente responde a todas, satisfatoriamente:
* “’O futuro do Atlético é ter estádio próprio’: diz vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido”
Frederico Ribeiro
Na sala do quarto andar perto da Praça Tiradentes, o velho rádio com a máquina de escrever Remington simbolizam a primeira profissão. A tela do computador aberta em sites judiciários revela a profissão. A chave do carro pendurada numa mini taça da Libertadores é a marca da paixão.
De ex-lateral-direito da URT pra vice-presidência do Atlético, o advogado e professor Lásaro Cândido, “com ‘s’, porque com ‘z’ eu não reconheço” não gosta de revelar a idade. Mas já são dez anos dedicados ao Galo. De processos trabalhistas, Arena MRV ‘popular e redentora’ e contratações, ele fala abertamente desses temas – já reservados para um livro de bastidores do clube – nesta entrevista exclusiva ao Hoje em Dia.
E o Tardelli? É muito difícil trazê-lo?
Sobre o Tardelli. Vi aí um sujeito candidato a presidente do Atlético, os valores dele não pagam um salário, um mês do Tardelli. O que ele está praticando no mercado. Ele apresentou uma proposta agora, registrou dia 6 de fevereiro no Conselho, mas nem tinha valor. Mas se tivesse também, chegou tarde, porque temos a concorrente dele, a Bamaq, que já tem contrato assinado. Ele não procurou o Atlético, procurou agora depois que já tinha…
Mas ele (Fabiano) foi no Cruzeiro e no Flamengo antes de ir no Atlético?
Ele não procurou o Atlético. Procurou agora. É difícil acreditar numa pessoa cujo o lema para presidir o Atlético era “avante Atlético”. Pelo amor de Deus! Não dá. E o caso atual está exigindo maior preocupação com o Villa Nova, já que ele é vice-presidente eleito de futebol do Villa. Ele tem que cuidar das questões do Villa. Então que fique bem claro que essa questão de patrocínio dele para pagar Tardelli, é um mês de salário, não tem noção das coisas. Então não há a menor possibilidade.
Então eu posso crer que a vinda do Tardelli também é algo perto da “menor possibilidade”?
É muito difícil. Se ele não abaixar, é quase que impossível. Mas houve conversa, lógico. É um ídolo e poderia ser muito útil ao Atlético. Mas não dá pra fazer loucura.
Mas dá pra descartar esse assunto?
Não! Se ele resolver efetivamente pretender jogar no Atlético, ele joga. Agora, pra isso ele tem que, de cara, renunciar a essa pretensão salarial de “salário chinês”. O Atlético não vai fazer isso, ele teria de reajustar a uma realidade do clube.
Ainda tem a questão do investidor, que o presidente citou…
Essa história de investidor, não existe essa figura. Na verdade é um patrocinador, ou vai emprestar e cobrar, não tem conversa. O Tardelli tem 33 anos, nenhum investidor vai chegar aqui e investir no Tardelli porque a revenda é quase zero.
O Chará eu já achei de alto risco, pela idade, pelo preço…
Mas ele ainda tem mercado em outros lugares, fora do circuito europeu. Você vê pelas próprias sondagens que ocorrem.
Teve a reunião na segunda-feira com o Bertolucci? Existe previsão de conversa formal?
Não teve. Nós estávamos todos (da diretoria) no Uruguai. A gente sempre conversa com o Tardelli. Ele conhece todo mundo, me conhece, tem meu telefone, eu tenho telefone, o Sérgio tem, o Marques tem. Mas não vamos iludir ninguém não. Salário chinês? Chance zero. Não tem jeito, não tem possibilidade.
Então dependeria só dele?
Nos atuais âmbitos, não existe essa possibilidade. A não ser que o clube resolva fazer uma loucura.
E o Grêmio está em cima dele. Mercado ele tem.
É o mercado, faz parte. Quem achar que pode pagar isso, que pague. Mas aqui, não tem essa possibilidade. E o elenco do Atlético é bom, tem boas peças. Qualificamos o elenco em relação ao ano passado, sem gastar tanto. Futebol é muito caro. Mas acho que neste ano praticamos uma coisa que sempre defendi com o Sérgio: essa figura do diretor de futebol mudou. Não tem essa figura. Hoje você tem analista de números, de dados. Tem que verificar consequências financeiras, viabilidade de revenda. (mais…)