Jogadores do Fluminense não treinaram em protesto por falta de salários, mas o clube repatriou Ganso, uma das contratações mais caras do futebol brasileiro este ano.
A legislação do futebol brasileiro permite o surgimento de determinados dirigentes que em países minimamente sérios jamais chegariam ao comando de alguma instituição. A certeza da impunidade faz com que este tipo de elemento apronte as maiores irresponsabilidades e tudo fica por isso mesmo.
Em novembro do ano passado, quase terminando a temporada, os jogadores do Fluminense ameaçaram entrar em greve por falta de pagamento de salários. Antes do jogo contra o América deram o ultimato ao presidente Pedro Abad e só entraram em campo porque receberam, depois do jogo de volta da semifinal da Copa Sul-Americana, no Maracanã, contra o Atlético-PR.
Escapou do rebaixamento muito provavelmente devido àquele pênalti perdido pelo Luan para o Coelho. Semanas atrás o Fluminense anunciou a contratação de Ganso, excelente jogador, enquanto estava inteiro fisicamente. Depois que operou os dois joelhos (ligamento cruzado anterior e reparar o menisco lateral,em 2007 e 2010) nunca mais foi o mesmo. Uma das contratações mais caras do país em 2019.
Domingo na decisão da Taça Guanabara, Fluminense e Vasco poderiam ganhar um bom dinheiro, já que a previsão de público era acima de 60 mil pessoas. Mas por vaidade e picuinha puras, o senhor Pedro Abad foi pra Justiça e conseguiu que um homem de toga determinasse que o jogo fosse com portões fechados. O Vasco conseguiu que uma mulher de toga mandasse abrir os portões, durante a partida, para quase 30 mil vascaínos que adquiriram ingressos entrassem.
O jornalista Rodrigo Capelo, especialista em números escreveu no twitter dele, ontem: @rodrigocapelo “Saiu o borderô da final da Taça Guanabara. Vasco e Fluminense receberam R$ 109 mil líquidos cada pela partida, justo a que minimizaria prejuízos de um campeonato esgotado e falido. Este é o resultado da tosca confusão em relação ao lado das arquibancadas. Parabéns aos envolvidos!”
Hoje à tarde a manchete dos jornais, sites, rádios e TVs eram: “Jogadores do Fluminense se recusam a treinar por causa de salários atrasados”.
Mas, este presidente pouco ou nada deve se importar. Afinal, daqui alguns dias haverá eleições no tricolor e ele cairá fora, deixando a bomba na mão do sucessor. Aliás, pleito antecipado, já que ele quase sofreu impeachment ano passado e ganhou a chance de ter uma saída menos humilhante.