Mesmo em alta no Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores, o Grêmio cria uma própria crise nos momentos decisivos dessas competições ao demitir o diretor Valdir Espinosa. O que achei mais estranho foi a posição do Renato Gaúcho sobre o assunto: saiu de fininho ao ser questionado na entrevista coletiva de ontem sobre o tema. E foi ele quem levou o Espinosa para a comissão técnica, quando entrou no lugar do Roger Machado. Disse que se sente constrangido para falar sobre isso, já que é amigo do ex-diretor, mas que não se mete em assuntos da diretoria. Mudou muito o Renato, e entendo que para melhor. Em outros tempos compraria essa briga e chutaria o balde.
Estes e outros assuntos são tratados pelo Fernando Rocha, cuja coluna você lê em primeira mão, já estará só neste domingo no Diário do Aço, de Ipatinga:
* “Novo rumo”
É preciso resolver os problemas internos, como afirmou o presidente Nepomuceno após a eliminação na Libertadores, deixando entender que de fato o elenco está rachado, o que também passa pela rejeição ao trabalho do atual diretor de futebol, André Figueiredo.
Torna-se fundamental neste momento resolver estas questões internas, apaziguar os ânimos, para afastar a ameaça de rebaixamento, e depois pensar em uma vaga pelo menos na Pré-Libertadores de 2018, que seria a sexta participação consecutiva na maior competição continental.
Bem descansado
O que não se pode reclamar é de cansaço dos jogadores no Cruzeiro, que deu folga até a última quarta-feira a todos, após o empate com o Vitória, iniciando os preparativos para pegar o São Paulo pela manhã no Morumbí.
E o técnico Mano Menezes pensando no jogo de ida pela semifinal na Copa do Brasil, quarta-feira próxima em Porto Alegre diante do Grêmio, resolveu também poupar titulares, e escala um time misto para encarar este desesperado São Paulo, que se acha atolado na zona de rebaixamento.
Então, já que teremos um Cruzeiro totalmente descansado, de bem com a vida, um ponto apenas atrás do Sport, último do G-6, vamos esperar uma boa atuação e caso não volte com os três pontos, pelo menos um empate já será de bom tamanho.
Uma novidade para a torcida celeste neste jogo será a estréia do zagueiro Digão, que fará dupla com Léo, Manoel ou Murilo. Que não esperem nada muito além dos zagueiros que já tem na Toca II, mas Digão não é nenhum cabeça de bagre.
- A diferença entre a seleção e os nossos principais times ficou evidente neste meio de semana, após a eliminação do Atlético na Libertadores para um time boliviano, além do Palmeiras, que caiu diante do equatoriano Barcelona, além da vergonhosa participação do Flamengo, que já ficou prá trás faz tempo. Curiosamente, os três eram apontados como favoritos no Campeonato Brasileiro pela maioria dos críticos, incluindo este escriba de quimeras. Pior, ainda, o Galo que fez a melhor campanha entre todos na primeira fase e tinha direito a decidir em casa diante da torcida.
- Enquanto a nossa seleção, muito bem dirigida por Tite, tornou-se a primeira com vaga garantida na Copa da Rússia, superando a Alemanha (aquela dos 7 x 1) no contestado ranking da Fifa, nossos principais clubes há três anos sequer conseguem chegar à final da maior competição continental. A seleção de Tite precisa ainda provar seu crescimento contra adversários europeus, o que ainda não ocorreu, mas é fato que uma coisa é uma coisa (seleção), outra coisa é outra coisa (clubes).
- Um dia após derrotar o Godoy Cruz da Argentina e obter a classificação às quartas de final da Libertadores, a diretoria do Grêmio surpreendeu anunciando a demissão do coordenador técnico, Valdir Espinosa, até então tido como “homem de confiança” do treinador Renato Gaúcho. Claro que Espinosa não gostou, deu entrevista espinafrando a diretoria gremista, só poupando o presidente do clube, Romildo Bolzan. Quem conhece os bastidores do clube gaúcho afirma que Valdir Espinosa era uma figura decorativa há muito tempo, se mantendo no cargo graças à amizade com Renato Gaúcho, que não teria sido consultado antes da demissão ser concretizada e estaria cuspindo marimbondo. Resta saber se este fato vai causar algum estrago tambgém no ambiente interno dos jogadores.
- Muita luz, saúde e paz para Zagallo, que completou na última quarta-feira 86 anos bem vividos. Se João Saldanha, que se estivesse aqui completaria 100 anos em 3 de julho passado, foi quem deu a arrancada para a conquista do tri no México, Zagallo reorganizou e conduziu aquela seleção fantástica, que tinha entre outros, Pelé, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, o capitão Carlos Alberto. A seleção de 69, nas eliminatórias, ficou conhecida como as “feras do Saldanha”. Já no ano seguinte, na campanha do tri, virou a seleção do Zagallo e dos gênios que tinha no campo. Verdade que hoje os tempos são outros e temos poucos gênios. Não chega nem perto da geração do tri, muito longe disso, mas com Tite no comando surge uma luz no fim do túnel”.
- “Heróis são reféns da glória. Vivem sufocados pela tirania da alta performance”. Armando Nogueira. (Fecha o pano!)
- * Por Fernando Rocha – Diário do Aço – Ipatinga