Começou fazendo logo o primeiro gol, aos quatro minutos com Miquéias e em determinados momentos parecia que iria golear. Porém, aos 36, Ricardo Silva, fez contra e o jogo ficou equilibrado. Muita gente pensou que o Coelho fosse aprontar mais uma das suas com a sua torcida, em casa.
Porém, no intervalo, o técnico William Batista deu uma sacudida na rapaziada e o time voltou acesso, fazendo 2 x 1, aos 4 minutos, por meio do Fabinho. Aos 17, Figueiredo “fechou a tampa”, garantindo a segunda vitória no campeonato, chegando aos seis pontos e à sexta posição na tabela. O Amazonas foi para o 17o lugar. Tem um ponto.
Próximo jogo do Coelho, domingo (20), 20 horas, no Independência, contra o Goiás, que ficou no 2 a 2 no clássico goiano contra o Vila Nova, depois de estar duas vezes à frente no placar.
O time de ontem: Matheus Mendes, Mariano (Júlio), Ricardo Silva, Lucão e Marlon; Miquéias, Cauan Barros (Kauã Diniz) e Miguelito; Fabinho (Elizari), Figueiredo e Willian Bigode (Stênio).
Amazonas: Renan, Bruno Ramires (Luis Felipe), Alyson, Wellington Nascimento e Fabiano; Larry Vásquez, Fernando Neto (Tiago Cametá) e Rafael Tavares (Zabala); Alex Sandro, Rodrigo Varanda (Luquinhas) e Henrique Almeida. Técnico: Eduardo Barros.
Kaio Jorge, o nome do jogo. Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
De novo começou jogando com Fagner e Matheus Pereira titulares, Dudu e Gabigol no banco. O time entrou com sangue nos olhos e encurralou o Bahia, merecendo placar dilatado no primeiro tempo. Mas foi só 1 x 0, com direito a pênalti desperdiçado aos 11 minutos pelo Kaio Jorge (que ele mesmo sofreu), do goleiro Ronaldo, que entretanto se redimiu, fazendo boa defesa.
Impressionantes os desempenhos dos Lucas, Silva e Romero, no meio campo. E o Romero coroou sua atuação com um golaço, de longe, abrindo o marcador, aos 51 minutos.
O segundo tempo foi no mesmo ritmo e Kaio Jorge foi o grande nome, marcando dois belos gols e correndo muito. Parece que ele começou justificar o alto investimento feito nele. Jogador de 22 anos, nascido em Recife, revelado pelo Sport, se destacou no Santos, até ser vendido para a Juventus de Turim.
Lá, fez 11 jogos, nenhum gol e teve uma contusão grave, que o afastou do futebol por quase um ano. Retornou, foi emprestado para o pequeno Frosinone, por quem fez 22 partidas, três gols e rebaixado na temporada 2023/2024.
Em junho do ano passado o Cruzeiro pagou 7,2 milhões de euros por ele, (em torno de R$ 41,52 milhões), mais salários de R$ 600 mil.
Na entrevista que deu depois da partida, definiu bem o que está acontecendo para que o time mostre este futebol: “O professor Leo encontrou a formação certa e nós estamos cumprindo bem o que ele quer de nós”.
Aos 34 do segundo tempo, partida definida, o técnico Leonardo Jardim mandou Dudu e Gabigol entrarem, nos lugares de Christian e Kaio Jorge.
O Bahia é fraco, dirigido por um treinador bom de conversa, mas igualmente fraco: Rogério Ceni. E o Cruzeiro soube colocá-lo no lugar dele, acuando-o o tempo e marcando três gols. Sua principal estrela, Everton Ribeiro, 36 anos, não está bem fisicamente e ficou no banco. Entrou no segundo tempo e aos 19 minutos perdeu uma bola que originou o segundo gol cruzeirense.
O Cruzeiro subiu para a quinta posição, com sete pontos, junto com o Bragantino e o Ceará. Próximo jogo, domingo, 20h30, contra o Bragantino, lá.
O zagueiro Zé Ivaldo abriu o placar. Foto: x.com/SantosFC
Uma noite em que ninguém jogou nada. O time piorou em relação aos empates e derrotas anteriores e por isso ocupa a vice lanterna do campeonato.
Ontem, 16, quem leu o comentário do Silvio Torres aqui no blog, às 4h22, certamente o achou exagerado no pessimismo em relação ao Atlético esta noite contra o Santos na Vila Belmiro.
Confira:
“O Santos tem um ponto e está na zona de rebaixamento. Neymar, gordinho e desacreditado, foi colocado no bolso pelo Samuel Xavier. Dois mortos-vivos desesperados à procura de uma Madre Teresa pra ressuscitar. Não se preocupe, seus problemas acabaram! Vem aí o Clube Atlético Mineiro!! Junto com São Januário, a Vila Belmiro é outro local onde o Atlético adora tremer, amarelar, borrar as calças e dar vexame. Meu conselho: não assista esse jogo pra não passar raiva e perder o sono depois.”
Pois, foi por aí!
Péssimo primeiro tempo, reação depois que tomou 2 a 0, mas longe de mostrar futebol ao menos razoável, como nas partidas anteriores.
No primeiro gol do Santos, aos 24 minutos, mesmo tão experiente, Scarpa fez exatamente o contrário do que qualquer jogador de escolinha aprende: nunca tentar sair jogando em frente a área. Ele tentou, errou, e começou a jogada que originou o gol do zagueiro Zé Ivaldo.
Aos 27, nova jogada em alta velocidade e Barreal amplia. Neymar, que voltava a ser titular depois da contusão que o afastou do time, estava tendo atuação discreta e saiu de campo aos 32, sentindo a coxa.
No segundo tempo o jogo foi mais equilibrado e o Santos soube administrar o placar.
Para concluir, outro comentarista aqui do blog: o Luiz Souza, no intervalo da partida:
“Chico, fim do primeiro tempo. Estou desesperado som a incompetência desse time do Galo. Os caras estão marcando com os olhos!. Como erram passes . Ninguém dividiu uma bola sequer com o Neymar. Aliás estavam mais preocupados com a presença dele do que com o time do Santos. Para mim, o Cuca subiu no telhado. Ou o Cuca dá uma sacudida nesse time ou podemos nos preparar para mais um vexame. Vou dormir, amanhã alguém me fala o resultado. Só espero que não me venham com o Bernard.”
Santos x Atlético, 21h30 na Vila Belmiro. Nenhum dos dois venceu ainda no Brasileiro. O Galo é o 16º colocado, dois pontos, e o Santos, 18º, um ponto.
Em campo, de cada lado, dois dos mais badalados jogadores do país e do mundo: Neymar e Hulk.
Na tarde de ontem, Pedro Martins, diretor geral do Santos usa discurso antigo, mais manjado do futebol, dizendo que o clube precisar se “modernizar” e que vive de passado. Culpa as gestões anteriores e tenta passar alguma novidade numa entrevista coletiva mais do mesmo.
Importante lembrar que este mesmo Pedro Martins foi o substituto do Alexandre Mattos no Cruzeiro, com a chegada do Ronaldo como dono da Raposa, e depois substituiu novamente o Alexandre Mattos, no Vasco, quando aquela 777 comprou o clube carioca. Teve passagem rápida pelo Botafogo ano passado, a tempo de incluir no currículo que foi campeão da Libertadores. Aliás currículo recheado de cursos de Administração, MBA nisso, naquilo, aqui, ali, no exterior e etecetera e tal.
Na sequência bajula o chefe dele, o presidente Marcelo Teixeira, o mesmo que detonou o treinador Pedro Caixinha, ainda no vestiário, depois da estreia contra o Vasco, em São Januário, desestabilizando o trabalho do português, sem entretanto, mandá-lo embora imediatamente.
O Caixinha ficou lá, sangrando mais duas rodadas, até ser demitido oficialmente.
A maioria da imprensa e das pessoas engole e aceita mansamente conversas moles como essa desse e de tantos outros dirigentes diplomados pela CBF e outras instituições mundo afora, que dão cursos de cartolas, treinadores e etecetera no futebol brasileiro. Muita teoria e nenhuma prática, nesse atoleiro que virou o mundo da bola no Brasil.
Horas depois dessa entrevista do Pedro Martins, vem a manchete da ESPN e outros veículos: “Sampaoli recua após análise com estafe e retorno ao Santos fica mais distante”
O velho Sampaoli e suas loucuras e grosserias que seria ressuscitado pelo clube que tem este Pedro Martins como diretor geral, “CEO”, como se classifica a nova cartolagem do nosso futebol, nunca ou raramente contestada pela cordeira imprensa da atualidade.
E as torcidas vão sendo enganadas país afora neste circo do “futebol comercial”, como diz o comentarista José Luiz Gontijo.
No frigir dos ovos a história é a mesma de sempre: só vitórias para espantar crises e mudá-las de lado.
Que o Santos não comece sair de sua crise de incompetência esta noite contra o Atlético, useiro e vezeiro em pisar na bola contra adversários em situação semelhante.
O Galo sem Arana, machucado, mas contando com a volta do Lyanco.
Quando viaja, não perde a chance de conhecer grandes templos do futebol, como no Camp Nou, do Barcelona, por exemplo.
Cobriu a Copa do Mundo do Catar em 2022, com pautas diferentes do mundo da bola.
Um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, da Rádio Itatiaia e da TV Alterosa, atualmente, e de outros veículos muito importantes como Record e Band, é o nosso convidado de hoje, a partir das 14 horas, ao vivo, em nosso canal no YouTube.
Ele é por dentro de tudo e fala com autoridade sobre todo tipo de assunto. Comunicação, cidadania, política e também futebol.
Muita gente o confude com um xará igualmente famoso, o cantor. Ele vai falar sobre isso.
Em 2017 fez uma entrevista com o então presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, arrancando informações muito legais, que nem os repórteres de futebol ainda não tinham.
Mande a sua pergunta, ao vivo, no canal.
O programa poderá ser assistido em qualquer outro dia e horário também, já que fica gravado no YouTube e no Spotify, aúdio e vídeo.
Aqui, gravando reportagem especial com o cantor Eduardo Costa e a Shirley Barroso pra Record Minas
Nos estúdios da Band, com o Hevérton Guimarães
Nessa foto, de 2023, uma agradabilíssima coincidência numa sexta-feira: ele à direita, depois de interromper a caminhada vespertina dele, nas Seis Pistas, em Nova Lima, para um rápido “chá com torradas” conosco, de Conceição do Mato Dentro, no Dorival, um dos melhores bares/restaurantes que conheço. À esquerda o brilhante advogado, Dr. Guilherme Mattos, o empresário Christiano Lages, eu e o também empresário Otacilinho Costa, que veio a se tornar prefeito de Conceição, ano passado e está fazendo excelente mandato, diga-se.
Xará também do ex-jogador, atual treinador, Eduardo Costa, ex-Avaí, Grêmio, São Paulo, Mônaco e vários outros clubes.
Foto: x.com/Mineirao – Frustração para 23.234 atleticanos presentes hoje no Mineirão
O Atlético entrou demonstrando soberba contra o Vitória, na crença de que o gol sairia a qualquer momento.
Mas o time baiano se defendia bem e arriscava contra ataques. Primeiro tempo morno, sem lances de muito perigo.
No segundo o Vitória surpreendeu logo aos dois minutos, envolvendo a defesa do Galo, abrindo o placar por meio do lateral Lucas. Aí o Atlético acordou e começou jogar futebol. Empatou aos 15, com Fausto Vera, que está ganhando a posição do Gabriel Menino.
Aos 19 o Vitória voltou a envolver a defesa atleticana e fez segundo gol, e só aos 41 veio novo empate, por meio do Igor Gomes.
Incômoda esta situação do Galo que ainda não venceu no campeonato. E diferentemente das partidas anteriores, em que jogou bem, esta noite não foi lá essas coisas, contra um adversário que vinha de duas derrotas na competição.
Além do bom time do Remo, parece que o América ficou encabulado com o estádio Mangueirão lotado e a fanática torcida empurrando os donos da casa.
Logo aos 12 minutos, o lateral direito Marcelinho arrancou da sua área foi levando todo o time do Coelho pra defensiva e cruzou na medida para o Pedro Rocha fazer 1 a 0. No segundo tempo, aos 20, novamente Pedro Rocha balançou as redes e o Remo passou a administrar a vitória.
Este Pedro Rocha é capixada, de Vitória, tem 32 anos e começou na base do Atlético, onde jogou de 1998 a 2004. Rodou Brasil e boa parte do mundo, esteve no Cruzeiro em 2019, jogou pelo Criciúma ano passado até ser contratado pelo Remo.
Próximo jogo do Coelho, quinta-feira, 21h30, contra o Amazonas no Independência.
Foto: x.com/CRBoficial
O Athletic está mandando seus jogos no Independência até que o seu estádio em São João Del Rei fique de acordo com as determinações da CBF. Um dos caçulas dessa Série B, perdeu de virada para o CRB, 2 a 1. Segunda derrota. Na estreia foi goleado pelo Atlético goianiense por 4 a 2 em Goiânia.
Próximo jogo, quinta-feira, 20 horas contra o Criciúma, lá.
Leonardo Jardim não estava satisfeito com o time que vinha escalando e resolveu mudar esta tarde contra o São Paulo no Morumbi.
Aliás, nenhum cruzeirense estava satisfeito. O técnico português deixou Gabigol e Dudu no banco, escalou Matheus Pereira, deu a condição de titular na lateral ao veterano Fagner, apostou em Kaio Jorge e a fórmula deu certo. Tanto que começou perdendo, não se apavorou e buscou o empate. E nem precisou pensar em acionar Gabigol, que ficou no banco o tempo todo. Diferente de Dudu, que entrou no lugar do Christian e deu mais velocidade ao meio.
Matheus Pereira entrou com vontade, mostrando a mesma determinação de seus melhores momentos no clube.
O time correu muito, se impôs na casa do adversário que também precisava demais da vitória, mas parou num meio campo bem postado e contra ataques perigosos do Cruzeiro.
A defesa é que continua precisando se acertar. Aos sete minutos, Ferreirinha subiu com uma facilidade danada para abrir o placar. O empate só saiu aos 20 do segundo tempo, com Kaio Jorge, que aliás, fez muito boa partida.
Foto: x.com/Cruzeiro
Próximo jogo pelo Brasileiro, quinta-feira, contra o Bahia, no Mineirão, 21h30.
Manga, em foto dos arquivos do S. C. Internacional
As escolinhas de futebol e todos os clubes, grandes, médios e pequenos, deveriam apresentar a história de jogadores fantásticos em todo o mundo, que foram ídolos por onde passaram, ganharam dinheiro, uns, muito, mas muito dinheiro (principalmente dos anos 1990/2000 pra cá), mas que não souberam administrar a própria vida, principalmente fora dos gramados, achando que o período das “vacas gordas” nunca acabaria.
Quando me pedem para lembrar os maiores lances, gols e jogadas que nunca saíram e nem vão sair da minha memória, cito, de cara, da bomba disparada pelo Nelinho para o Cruzeiro, numa falta pertinho da área do Internacional, no Beira Rio, jogo decisivo do Brasileiro de 1975. A bola fez curvas, passou pela barreira e ia entrando, quando de repente, Manga, que já caía para o lado esquerdo, conseguiu voltar e defender. Inacreditável. E o Inter foi campeão pela primeira vez, ao vencer por 1 a 0.
Já li demais sobre o Manga e suas proezas dentro e fora de campo. Também já conversei demais sobre ele, com quem conviveu com a fera. Muitas coisas nada nobres, que hoje pertencem à história.
Ele se foi dia 8, terça-feira, depois de passar seus últimos anos contando com a solidariedade de fãs e jornalistas, como o Marcelo Gomes e equipe da ESPN, que o resgataram passando por dificuldades no Equador e o instalaram numa confortável casa no Retiro dos Artistas, no Rio.
Depois da morte, li dois textos sobre ele que indico: do Thales Machado, no O Globo, e do próprio Marcelo Gomes, da ESPN, um dos responsáveis diretos pelos últimos prazeres do Manga.
“Obituário: morre Manga, um goleiro que não deixou a vida passar”
Campeão, controverso e marcante, seja pelos títulos, idolatria ou mãos gigantes, Manga foi um dos goleiros mais importantes da História
Por Thales Machado— Rio de Janeiro
As mãos gigantes, os dedos tortos, a mania de jogar sem luvas. A manga longa, o short curto. O goleiro do time de Nilton Santos, mas também de Jairzinho. Ídolo no Botafogo, no Internacional, mas campeão também pelo Grêmio. Pernambucano e brasileiro que virou herói também em terras uruguaias. Campeão onde passou, polêmico na mesma medida. Manga, falecido no início da manhã desta terça, aos 87 anos, não viveu discretamente.
Fez jus ao seu 1,86m e à sua elasticidade para aparecer. Campeão, controverso e marcante: uma vida sem deixar nada passar, um sinônimo de goleiro. Um paredão.
O apelido de Haílton Corrêa de Arruda veio ainda no Sport, onde começou, ao ser comparado com Manga, grande goleiro do Santos. Mal sabia que se tornaria o “Manga do Botafogo”, grande rival do time da sua inspiração no futebol brasileiro da década de 1960.
E viu muito mais que duelos históricos entre Garrincha e Pelé. Quatro vezes campeão carioca (1962, 1963, 1967 e 1968) – além de três Rio-São Paulo – pelo time de General Severiano, Manga viu da sua área dois Botafogos que se confundem na história como um só. Era um jovem goleiro titular do time do Mané, de Didi e Nilton Santos, base da seleção nos títulos de 1958 e 1962; e um já experiente arqueiro na equipe que teve Gerson, Jairzinho e PC Caju, pilares do Brasil tricampeão no México em 1970.
Pela seleção, jogou apenas a Copa de 1966. Há quem acredite que não teve mais espaço pela personalidade polêmica. Dizia, por exemplo, que contra o Flamengo, “o bicho era certo”, dando como garantia o prêmio pela vitória contra o maior rival, irritando os rubro-negros antes das partidas. Bom, e era quase certo mesmo. De 1960, quando assumiu a titularidade de Ernâni, a 1968, quando foi para o banco para Cao assumir o posto, foram 30 clássicos entre Botafogo e Flamengo, com apenas seis derrotas para o rubro-negro. Mais da metade dos duelos (16) saíram com o alvinegro vencedor, e o bolso de Manga mais cheio.
Acusado por João Saldanha, que o indicara para o Botafogo anos antes, de se envolver em um suborno em partida contra o Bangu de Castor de Andrade, Manga quase tomou um tiro do jornalista quando foi tirar satisfações na festa do título carioca de 1967. Da confusão entre o bicheiro, o cronista e o jogador, uma história que agora vê o seu terceiro protagonista se despedir. Na época, foi também o começo do fim de sua trajetória no alvinegro, que ficou mais marcada pela quantidade de taças conquistadas do que confusões acumuladas – foram 20, no total, entre torneios oficiais e amistosos, a maior coleção individual da história do clube.
Dali pra frente, o goleiro, mesmo desacreditado, mostrou capacidade de ser ídolo também com outras camisas: foi tri gaúcho e bi brasileiro com atuações estonteantes no Internacional, voltando a conquistar o campeonato do Rio Grande do Sul, já veterano, pelo Grêmio, no fim da década de 1970.
Encerrou a carreira como campeão equatoriano em 1981, aos 45 anos, pelo Barcelona de Guayaquil. Antes, já vivera glórias maiores em outras línguas. Pelo Nacional, de Montevidéu, foram “só” um tetra uruguaio, uma Libertadores e um Mundial. As experiências e os amigos que fez fora do país o fizeram morar por anos no Equador e no Uruguai. Ganhou um sotaque espanhol, confundindo palavras entre o português e o castellano.
Esquecido, passou dificuldade quando os primeiros problemas de saúde começaram a aparecer.
Reencontrou o Brasil também através da solidariedade de quem o admirava em 2020. Torcedores, amigos e jornalistas o resgataram para cuidar da saúde no Rio de Janeiro, onde viveu seus últimos dias ao lado da mulher Cecília. Deixou também um filho. Recebeu, ainda em vida, quando já se sabia que eram os últimos anos, homenagens que o emocionaram e fizeram emocionar. Uma das últimas visitas que recebeu em casa, em dezembro, foi da taça da Libertadores, a mesma que ele conquistou em 1970 no Uruguai, agora tendo seu Botafogo como dono em 2024.
Agora torcedor ilustre, se emocionou, agradeceu, e desejou saúde ao alvinegro.
Após longa batalha contra o câncer de próstata, Manga se foi, e o 8 de abril virou o dia da sua morte. O 26 do mesmo mês, data do seu nascimento, virou há alguns anos o Dia do Goleiro, em sua reverência. Não haverá celebração dos seus 88 anos daqui a alguns dias. Mas, pra sempre, Manga estará consagrado. Nisso, o bicho também é certo. E sempre será.
Todo jornalista sabe o quanto é difícil vender uma pauta e/ou convencer seus companheiros de redação a apostarem em uma ideia, a princípio maluca. Comigo não foi diferente quando coloquei na cabeça que iria para Quito, no Equador, resgatar uma lenda esquecida do nosso futebol.
Tudo começou quando soube, por meio do sociólogo Paulo Escobar, que o sonho de Manga era visitar o Brasil e pela última vez ver seu Botafogo jogar.
Essa era a pauta: trazer Manga para o Brasil em no máximo quatro dias para realizar seu último sonho, segundo o próprio ex-goleiro.
Sorte a minha que tenho na chefia gestores sensíveis que acreditaram na ideia quase insana, pois para você ir até à capital equatoriana é preciso ter uma boa verba para realizar o que só seria mais uma reportagem especial.
A ida ao Equador
Assim, partimos eu e o repórter cinematográfico Fábio Lonardi, o Fabão, para Quito. Embarcamos em Guarulhos, e as cenas aqui no Brasil já eram quase de pânico, tudo porque a impiedosa COVID-19 ameaçava a vida global.
Fomos em 9 de março de 2020. No aeroporto internacional, já sentíamos um certo medo daqueles que circulavam em Guarulhos. Muita gente com máscara, mas ninguém certamente imaginava as quase 700 mil mortes que teríamos apenas no Brasil.
Depois de passar pelo Panamá, pegamos outro avião para a cidade com 2,8 mil metros e trá-lá-lá de altitude.
O pedido emocionado de Manga
No dia seguinte, ansioso para que encontrássemos o grande Manga, partimos para o bairro de Pichincha, onde aquele senhor vivia de aluguel com a esposa Maria Cecília Cisneros.
Frente a frente com o monstro dos dedos tortos e extremamente emocionado, começamos a entrevista.
No meio dela, a surpresa. Manga começou a chorar e pediu para que o ajudássemos a arrumar uma casita assim que ele chegasse ao Brasil, a fim de passar os últimos dias de sua vida.
E se tem uma coisa que eu não consigo separar no jornalismo é a emoção, ainda mais vendo e gravando um senhor de 82 anos chorando como criança.
Terminada a entrevista, pedi para o Fabão fazer as imagens de cobertura, fotos, reações, enfim… Saí da pequena casa para refletir como poderia ajudar, já que estávamos lá e já que a emissora havia comprado as passagens dele e da esposa para ir ao Brasil e, em seguida, retornar ao Equador.
Foi aí que me lembrei do Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, e de seu presidente, o fantástico ator Stepan Nercessian. Um botafoguense roxo e uma alma supercaridosa e preocupada com a memória dos nossos artistas.
“Golaço, Fabão!”
Nossa viagem de volta ao Brasil estava marcada para a noite do dia 12. Na manhã do mesmo dia, Stepan atendeu ao pedido. A ideia era colocá-lo como o primeiro residente do futebol na instituição. No carro, em direção à casa de Manga, gritei: “Golaço, Fabão!”. E a pauta mudou a partir dali.
Ao buscar Manga e a esposa já para a viagem ao Brasil, passamos em um restaurante onde almoçamos todos os dias. Lembro até que Cecília me recomendou fritada, um delicioso prato local.
Estranho foi chegar ao restaurante, sempre lotado, mas daquela vez vazio, com o dono de olhos arregalados com o anúncio da pandemia.
Sem jamais passar pela minha cabeça o negacionismo, juro que pensei o tempo todo de forma positiva para que chegássemos ao Brasil com nossas saúdes em dia, mas não tinha jeito, o medo assolou.
As sair do restaurante, com as ruas completamente vazias, avistamos um funeral em que equatorianos carregavam um caixão fúnebre pela avenida.
A volta ao Brasil
No aeroporto, também praticamente vazio, acredito que fizemos parte do último voo com saída de Quito para outro país.
Meu maior temor era que o maldito vírus pegasse Manga e Cecília, pois o casal já tinha idade avançada. No voo até o Panamá, tudo bem. Avião vazio com a tripulação tentando amenizar o sofrimento dos poucos passageiros que não sabiam se seriam infectados ou não.
A tranquilidade durou pouco. Quando chegamos ao Panamá, estava um caos para voltar ao Brasil. Tudo porque o avião que nos levaria estava lotado de turistas vindos dos Estados Unidos.
Solicitamos que Manga usasse máscara, e assim ele o fez.
Desembarcamos no Rio de Janeiro na sexta-feira, 13 de março de 2020.
Manga no Rio de Janeiro
Levamos Manga, no mesmo dia, a um treino do Botafogo para falar com Paulo Autuori, Gatito Fernández, enfim, para ser recebido pelos atletas do Fogão que iria jogar com o Bangu no domingo seguinte.
Levamos também o ex-goleiro para reencontrar o filho que ele não via há anos.
Manga não estava bem financeiramente. Para se ter uma ideia, o único dinheiro que ele levou para a viagem eram US$ 10. Mesmo assim, até ali, não falei nada para o casal que eles seriam recebidos para morar no Retiro dos Artistas.
Assim como muitos jogadores, Manga não se programou para a aposentadoria. Ainda jogador, se envolveu com jogos e cassinos, nos quais torrou parte de suas economias.
Teve até um dia, antes do encontro com Stepan, que Manga me chamou no quarto pedindo US$ 500, um pedido impossível de atender. Mas a mudança de pauta já transformaria a vida dele.
A grande surpresa
Na segunda, dia 16 de março, levamos o casal para a grande surpresa. Stepan e equipe do Retiro dos Artistas aguardavam para o anúncio.
Manga mais uma vez se emocionou com a tão sonhada casita.
Stepan só pediu para que fizéssemos uma campanha para reformar e mobiliar a nova casa do casal.
Foi uma mobilização fantástica. Em dois dias, arrecadamos R$ 17 mil, com ajuda de jornalistas como como Paulo Vinícius Coelho, o PVC, Milton Neves e outros artistas do Rio, além da torcida que também vestiu a camisa de Manga.
Era só alegria até que descobrimos que o aeroporto de Quito estava fechado por conta da COVID-19.
E agora? O que fazer com Manga e Cecília, que voltariam para o Equador no mesmo dia 16?
Mais uma vez, sorte do repórter que foi acolhido pela ESPN e sua diretoria, e sorte do Manga, que ficou por quase três meses em um hotel quatro estrelas com tudo pago até que a casita pudesse ser reformada e habitada.
Com todo esse histórico, é impossível separar o profissional jornalista do carinho e da gratidão que adquiri pelo ídolo de tantos times.
Manga e Cecília foram morar na casita dos sonhos.
A mudança e a viagem final
Acostumado com um luxo que há décadas não tinha mais, logo começou a reclamar da distância da residência, que fica mesmo bem distante do portão de entrada do Retiro; logo, disse que não gostava da comida que era feita para todos os artistas residentes; e, logo, decidiu sair de lá para morar em um apartamento melhor, que, segundo Cecília, o presidente do Botafogo iria doar.
Confesso que não entendi direito porque o casal quis sair de um lugar onde eles tinham tudo, plano de saúde de graça, cinco alimentações por dia, sem custo de luz, água, enfim…
Faz um ano que perdi o contato com os dois, mas lembro com carinho de quando o casal me chamava de hijo pustiço.
Ficam as memórias de um goleiro lendário, ídolo de Botafogo e Internacional, e vai-se embora o homem, um cara cheio de erros e acertos, como todos nós.
Descanse em paz, lenda de grandes mãos, defesas e dedos quebrados bravamente.
Manga durante homenagem no Estádio Nílton Santos, do Botafogo Vitor Silva/Botafogo
Teoricamente a missão do Atlético é menos difícil. Recebe o Vitória no Mineirão, às 20h30. O adversário baiano é o lanterna, perdeu os dois jogos que fez. O Galo é o vice lanterna, 1 ponto.
O Cruzeiro tem três pontos, 13º colocado e enfrenta o São Paulo, do Luiz Zubeldía, com a corda no pescoço, ameaçado de demissão. Jogo às 17h30.
Assisti a estreia do Paulinho na vitória do Palmeiras, em casa, sobre o Corinthians, 3 a 0. Entrou aos 31 do segundo tempo, correu bastante e saiu satisfeito porque há cinco meses não jogava. Sua última atuação foi na final da Libertadores, 30 de novembro, em Buenos Aires, contra o Botafogo.
Na coletiva após a vitória sobre o Corinthians se mostrou feliz com a atuação, ressaltando que o importante é retomar a confiança e que vai dar retorno ao Palmeiras pelo investimento. E disse que jogou oito meses pelo Galo com uma fratura na pena direita.
Chico Maia é jornalista formado pelo Uni-BH (antiga Fafi-BH) e advogado pelo Unifemm-SL. Trabalhou nas rádios Capital, Alvorada FM, América e Inconfidência. Na televisão, teve marcante passagem pela Band Minas e também RedeTV!. LEIA MAIS contato@chicomaia.com.br