Nesta obra monumental vivi muitos dos melhores momentos da minha vida, pessoal e profissional. Por incrível que pareça, até hoje, toda vez que passo em frente ou entro no Mineirão, me emociono e o reverencio como se fosse a primeira vez, quando eu tinha 11 anos de idade.
A minha gratidão eterna a tantos jogadores, dirigentes, treinadores, companheiros de trabalho, funcionários da antiga ADEMG e principalmente a todos os torcedores, de todos os clubes de Minas, do Brasil e do mundo. Acredito que o sentimento de quem já entrou neste gigante seja semelhante ao meu.
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“A gente sente que está bem no clube é pelo roupeiro, não pelo presidente!” – Joel Santana
Esta frase é citada na coluna do Fernando Rocha, que será publicada amanhã no Diário do Aço, de Ipatinga, que compartilho em primeira mão com as senhora e senhores do blog:
* Xô confusão!
Erros à parte, o Cruzeiro terá neste jogo das 11hs contra o Figueirense, – com o apoio de uma numerosa torcida no Mineirão-, a grande chance de se desgarrar da “confusão” e, caso vença a partida, respirar mais aliviado.
Vale secar, sobretudo Goiás e Avaí, este último o 17º colocado e primeiro da zona de rebaixamento, distante apenas 2 pontos do time celeste.
A vitória suada e difícil sobre a Ponte Preta na última quarta-feira, coincidindo com a chegada do novo treinador, Mano Menezes, foi providencial na medida em que serviu para amenizar o clima pesado, que poderia levar o clube a uma crise sem precedentes.
Mano Menezes é um bom treinador, tem um excelente relacionamento com a imprensa, sabe se comunicar sem ser bajulador, mas…
Se o Cruzeiro mandou embora Marcelo de Oliveira, com a faixa, o título e o status de bicampeão brasileiro no peito; passou a régua em Vanderlei Luxemburgo, com toda a sua história de campeão da “tríplice coroa”, por que não demitiria Mano Menezes se as vitórias não vierem e continuar à beira da zona de rebaixamento?
Prefiro me acautelar ao máximo quando se trata de analisar a longevidade dos nossos “professores”, ou a forma como os nossos clubes lidam com seus treinadores, até porque planejamento para eles é um zero à esquerda. “A gente sente que está bem no clube pelo roupeiro, não pelo presidente”. Joel Santana.
“Muy Amigo”
Há alguns dias atrás, quando o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, acompanhado do ex-presidente, Alexandre Kalil, esteve na sede da CBF para reclamar dos inúmeros erros dos árbitros contra o Galo, já previa que nada iria adiantar.
Citei inclusive como exemplo da embromação da CBF, um antigo personagem do humorista Jô Soares, o argentino Gardelón, famoso pelo bordão “Muy amigo!”, que fez grande sucesso na TV dos anos 60/70.
Na rodada passada, diante da ação devastadora dos assopradores de apito prejudicando novamente o Galo, além de interferir diretamente nos resultados de vários outros jogos e beneficiando novamente o Corinthians, aí o caldo entornou de vez.
Kalil, bem ao seu estilo, usou o twitter para defenestrar a arbitragem e o diretor Sérgio Corrêa, cuja demissão foi solicitada pelo presidente Nepomuceno.
O grande escritor mineiro Otto Lara Rezende, um dia escreveu que “Minas está onde sempre esteve”. De fato este filme é bem antigo e já o vimos repetidas vezes aqui nos nossos grotões, portanto, ouso afirmar que, se continuar nessa toada, o Corinthians só perde o título este ano se o Sargento Garcia prender o Zorro.
- A notícia não traz novidades, mas é no mínimo intrigante. O presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, disse que o clube “dificilmente irá jogar alguma partida no Mineirão neste segundo turno de Brasileiro”. Segundo informações de bastidores, o problema seria a mudança na direção da Minas Arena, que administra o estádio. Certamente envolve acerto financeiro, que no final por intransigência das partes resultará em prejuízo para ambos os lados.
- O Mineirão completa 50 anos vivendo uma nova fase, desde que foi reformado para atender às exigências da Fifa para a Copa do Mundo do ano passado aqui no Brasil. As obras trouxeram também retrocessos, entre eles o encolhimento a menos da metade de sua capacidade original, que era de aproximadamente 130 mil espectadores. Pior: as autoridades de segurança não permitem que seja vendida nem sequer a carga máxima atual do estádio, que é de cerca de 64 mil torcedores.
- Em suma: a simples lei da oferta e da procura tem tudo para transformar em caos qualquer jogo de maior apelo popular. Falta sobretudo transporte público de qualidade para levar o torcedor ao estádio e, para complicar ainda mais a situação, proibiram o estacionamento nas ruas de seu entorno, obrigando idosos, mulheres, crianças, a percorrerem grandes distancias à pé, expostos à violência.
- Por isso, em determinadas situações, é possível cobrar preços bem maiores. Aí, entra em cena a questão da elitização. Se houvesse, de fato, preocupação com isso,- não só em relação ao Mineirão, mas em relação a todas as novas Arenas construídas para a Copa do Mundo -, seria simples. Basta retirar as cadeiras dos setores atrás dos gols e transformá- los em arquibancadas com preços populares.
- Em contrapartida, os outros locais poderiam ser bem mais caros e com a obrigação de se assistir aos jogos sentado e respeitando os lugares marcados. Não acho difícil tomar uma medida dessas e bastaria ter a tal da “vontade política”, vide estádios na Alemanha, na Argentina e a Arena do Grêmio, a única dessas novas onde se adota arquibancadas com preços populares.
- Tenho muitas saudades do antigo Mineirão, que foi por duas décadas (80/90) a minha segunda casa, meu destino até três vezes por semana fazendo a cobertura jornalística de jogos pela Rádio Vanguarda. Nesse tempo convivi com grandes profissionais da imprensa, muitos já partiram para o outro plano espiritual, além de presenciar jogos e jogadas memoráveis. Sinto saudades da movimentação pré e pós-jogo, do Restaurante Scotelaro com a sopa de legumes e frango desfiado acompanhado da Salinas, ponto obrigatório de todos os profissionais da imprensa, antes de tomar o ônibus de volta ao Vale do Aço. A vida é muito breve, mas não posso me queixar, pois tenho consciência de ter vivido uma época de ouro do radio-esportivo regional que jamais irá voltar. “O futebol, cheio de dúvidas, incertezas, contradições, emoções, alegrias e tristezas, é uma metáfora da vida”. Tostão.(Fecha o pano!)
- * Fernando Rocha – Diário do Aço – Ipatinga