Como sempre genial, Duke, no Super Notícia e O Tempo
Depois de uma rodada dessas é bom debater o que os nossos clubes estão vivendo. Recebi e-mail do Paulo César Ferreira, de Brasília, e convido os senhores a trocar ideias sobre o que ele escreveu:
* “Olá Chico, acompanho aqui de Brasília, sempre que posso, as partidas dos times mineiros e tenho algumas observações a fazer:
- a) O Cruzeiro trocou um meio de campo de toques leves e eficientes por jogadores considerados “brucutus”, pois só sabem bater e dar chutões para a frente.
- Além disso contratou um treinador totalmente ultrapassado, que só se preocupa com seus negócios.
- b) Quanto ao Atlético, sinto que o maior problema é que tem dois ou três jogadores que não merecem estar no time. Guilherme e Tiago Ribeiro são dois “chupa sangue”, que além de não correr estão sempre mal colocados. Aliás ontem o Tiago teve participação direta nos gols do Grêmio. E tem o Marcos Rocha, que, pelo menos para mim, não convence.
- c) Os cartolas Mineiros, tem que tomar cuidado com as arbitragens, pois os times do Rio e São Paulo, são sempre beneficiados, em especial, o Corinthias e o Flamengo. Aliás o Sport Recife foi roubado contra o Flamengo, Atlético do Paraná e Corinthias.
Um abraço,
Paulo César Ferreira
SQS 309 ….
Brasilia DF”
* * *
Concordo e discordo do Paulo em algumas coisas, começando pelo Cruzeiro. Vamos apenas às quais discordo. Não vejo o Luxemburgo como ultrapassado. Ele enfrenta o mesmo problema que o antecessor, Marcelo Oliveira: tem poucos jogadores à altura da grandeza do Cruzeiro, resultado do desmanche feito pela diretoria no fim do ano passado e das contratações mal feitas. O negócio agora é lutar para ficar numa posição intermediária da classificação final e já pensar em 2016, do jeito que foi feito em 2012, quando foi montado um time para evitar o rebaixamento, visando um time melhor em 2013, quando tudo saiu melhor que o previsto, com reprise feliz em 2014.
Quanto ao Atlético, considero o Thiago Ribeiro uma boa contratação e jogador muito útil ao time, mas precisa ser bem municiado, o que não ocorreu nem contra o Goiás, nem contra o Grêmio. Com Giovanni Augusto, Luan e Lucas Pratto em campo, ele é ótimo, mas sem qualquer um deles, a situação se complica.
Marcos Rocha é um dos jogadores mais importantes do Galo, mas em termos físicos é um atleta como qualquer outro, um ser humano. Para desempenhar as funções ofensivas, fundamentais para o sucesso do ataque, precisa ter a devida cobertura. Quando ela falha e Victor não pratica algum “milagre”, dá no que deu contra o Grêmio. Futebol é esporte coletivo, uma engrenagem e quando uma peça falha, o adversário se beneficia. Vence quem erra menos.
Não sou “ingênuo” como alguns comentaristas aqui do blog me chamaram em relação às armações extra-campo. Não tenho a menor dúvida de que elas existem, como sempre existiram, principalmente num país como o nosso. Porém, não embarco nessa histeria, de que há armação em qualquer jogo, de que “tudo e todos estão contra o meu time” e essas coisas. Cada caso é um caso. O Corinthians e o Flamengo são clubes muitos ajudados pelas arbitragens, em função da pressão econômica nacional a favor deles, porém não é da forma como a maioria dos adversários afirma.
É na mesma proporção, por exemplo, de Atlético e Cruzeiro no Campeonato Mineiro, contra os clubes do interior e contra o América. Do mesmo jeito que a favor do América contra os times do interior: na dúvida, o árbitro apita a favor daquele que exerce maior poder de pressão.
É uma reação natural, que felizmente não atinge a maioria dos apitadores. Apenas aos mais fracos de personalidade e aí sim, alguns do bolso do colete da cartolagem. Como um galo de briga, cujo dono recorre ao viveiro e busca para determinados tipos de adversários, e manda: “vai lá e resolve!”.
É “cirúrgico”, como dizem alguns comentaristas de redes de TV cujas sedes estão no Rio e São Paulo, que muitas vezes têm interesses diretos também na vitória de um desses clubes, por paixão e ou outros interesse$. Para evitar isso é preciso fazer o que o Alexandre Kalil fez na disputa das oitavas de final da Libertadores contra o São Paulo em 2013: manobrou e impediu que o árbitro fosse brasileiro. Não para que um gringo desse o serviço a favor do Galo, mas para impedir que um brasileiro ajudasse ao São Paulo. Apitaram Antônio Arias (Fifa/Paraguai) na virada de 2 a 1 no Morumbi e Roberto Silvera (Fifa/Uruguai) nos 4 a 1 do Independência.
Times fora do eixo Rio/SP têm de enfrentar essas coisas todas para serem campeões, como o Cruzeiro fez nas duas temporadas anteriores. Não pode perder pontos para um Goiás, como o Atlético, andando em campo, perdeu, pois perde gordura para eventuais tropeços contra concorrentes do mesmo nível, como ontem. É preciso ter margem para perder ou empatar com a turma da prateleira de cima, e se manter distante de “especiais” como Corinthians, Flamengo e um ou outro da moda do Rio e de São Paulo.
No mais, obrigado ao Paulo, que de Brasília, nos honra com a leitura.