Acionadas por uma campanha relâmpago através das redes sociais, mais de duas mil pessoas foram para a porta do centro de treinamentos Juan Pinto Durán, levar apoio à seleção chilena na véspera da final contra a Argentina. Se apenas a pressão de uma torcida e a vontade dos jogadores prevalecesse no futebol o Chile já poderia entrar com as faixas de campeão da Copa América. Em compensação, se a lógica predominasse, a Argentina é quem já entraria como campeã. Esta final será o choque de um time em formação, que tem tudo para marcar época no futebol e entrar para a galeria dos inesquecíveis, comandado por Messi, contra uma seleção guerreira, possuída pelo espírito “Mapuche”, os bravos índios do Sul do Chile, únicos das Américas que não foram vencidos pelos colonizadores espanhóis, cujo líder Colo-Colo, é homenageado, dando o nome ao clube mais popular do país.
Há também um componente político importante para os chilenos nesta decisão. Segundo o professor de filosofia Miguel Barrios Alvear, “o futebol é o único fator de união nacional, já que social e politicamente o Chile é dividido meio a meio, entre direita e esquerda”. A presidente Michele Bachelet, socialista, também disse isso em entrevista, sobre a presença dela no jogo inaugural da Copa América e de todos da seleção: “É muito bom estar presente naquilo que une a todos os chilenos”.
Quando a bola rolar, todos estes ingredientes estarão misturados, numa festa que mais uma vez não tem a seleção brasileira presente devido à incompetência de quem comanda o nosso futebol.
Santiago vive momentos de intensa alegria e expectativa, com bandeiras e buzinaços dos chilenos e o barulho e a irreverência dos argentinos. Sem violência, sem escaramuças e sem a necessidade de intervenção policial. Pelo menos até o momento em que esta coluna foi enviada, no fim da tarde de ontem. Mas assim deverá continuar até o fim da competição já que em momento algum houve clima diferente entre torcedores de todas as seleções que continuam e que estiveram no Chile para a Copa América.
Como ocorre em todo país sede de competições como Copa do Mundo, Olimpíada e Jogos Pan-Americanos, a Copa América de 2016 já está sendo divulgada no Chile com o convite para que todos estejam nos Estados Unidos ano que vem, quando será realizada uma disputa extra, especial para comemorar os 100 anos deste que é o torneio entre seleções mais antigo do mundo. Mas as investigações e detenções promovidas pelo governo norte-americano trouxeram muitas dúvidas quanto à realização da competição lá.