A decisão ficou boa mesmo a partir dos 10 minutos do segundo tempo quando o Atlético fez 1 a 0 e obrigou a Caldense a sair para o jogo. E ela saiu, empatando quatro minutos depois. E nenhuma reclamação contra a arbitragem se justifica. Erros acontecem e quando há alguma perspectiva de que há má intenção a percepção é absoluta. Não foi o caso neste Caldense x Atlético. O primeiro tempo foi monótono, parecido com o jogo do Mineirão, quando os times fizeram uma partida calculada e sem grandes emoções. Levir Culpi partiu para o tudo ou nada com as entradas de Giovanni Augusto, Thiago Ribeiro e Jô nos lugares do Leandro Donizete, Carlos e Rafael Carioca. Uma demonstração de que a Caldense merecia respeito de verdade e se não fosse isso o empate estaria garantido, dando o título para os comandados do Leonardo Condé. Aos 32 a bola quicou para o Jô como nos tempos do Ronaldinho Gaúcho e Bernard, e depois de um ano e três semanas sem marcar, ele balançou as redes, dando o título para o Atlético. Mérito dele por estar no lugar certo no momento certo, mas nada que valha alguma empolgação que justifique alguma previsão positiva de que ele tenha voltado a ser o grande artilheiro que já foi.
Essa final entre um clube do interior e o Atlético vale uma série de reflexões sobre o nosso futebol, porém nenhuma conclusão servirá para nada já que os dirigentes não querem sair da zona de conforto na qual se encontram há anos. Os comandantes de Atlético, Cruzeiro e América só pensam nas gordas cotas que recebem da Globo com os direitos de transmissão. A FMF sempre fingiu de besta, continua e continuará assim.
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A Caldense fez uma campanha extraordinária, mas que não representa nada em termos de crescimento dos clubes do interior. Ela é uma exceção neste mar de pobreza e falta de perspectiva que são os Villa Nova, Uberlândia, Uberaba, Democratas, Valério e etecetera e tal do interior de Minas e do Brasil. E apenas este ano, pois em 2016 só Deus sabe o que poderá acontecer com a “Veterana”; se vai brigar de novo na cabeça ou contra o rebaixamento.
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Na cabeça do torcedor fica a dúvida: a Caldense tem um ótimo time ou Atlético e Cruzeiro é que estão mal? A resposta só virá na sequência da Libertadores da América e no Campeonato Brasileiro. Até onde se compara um time cuja folha de pagamentos não passa dos R$ 160 mil com outros que beiram os R$ 6 milhões?
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O perigo de uma final dessas é a demagogia dos cartolas. Corremos o risco de um deles dizer que o futebol mineiro, principalmente do interior “está bem”, e que a Caldense é um bom exemplo disso. O clube de Poços de Caldas é realmente um exemplo administrarivo/financeiro, porém, exceção absoluta. Alguns anos atrás lutava contra a segunda divisão mas a sua diretoria recusava fugir do orçamento.