Os campeonatos estaduais já rolam país afora e o Mineiro começa neste fim de semana.
Entendo que a fórmula deveria ter sido mudada há muitos anos para o bem do futebol como um todo, principalmente para os clubes do interior, que jogam menos de três por ano, montam times apenas para essa disputa e vivem numa gangorra perversa.
Os mais tradicionais são como elevadores, que sobem e descem em rotatividade, com direito ao desaparecimento temporário ou definitivo de alguns.
Outros nascem, crescem, vivem seus momentos de glória e daí a pouco também desaparecem como num passe de mágica. Ou mudam de cidade, de nome sem cumprir com a finalidade básica que seria representar de forma permanente a comunidade onde nasceu.
Assim como dezenas de partidos políticos do país, alguns clubes são de aluguel, embalados por empresários do mundo da bola que visam apenas ganhar dinheiro. Enquanto for interessante, tudo bem; caso contrário, fecha-se a portas e aquele abraço para quem acreditou!
Em Minas gerais a primeira mudança deveria ser o fim da Terceira Divisão, chamada hipocritamente de “Segunda”, já que esta é chamada de “Módulo II”.
Ridículo!
Há várias sugestões de fórmulas interessantes. Uma das que mais gostei, foi inspirada na Copa do Mundo: durante quase o ano todo os muitos clubes mineiros em todas as regiões do estado disputariam a Primeira e Segunda Divisões, com 15 ou 20 clubes cada uma, com acesso e descenso de quatro.
A primeirona sem Atlético, Cruzeiro, América e o campeão do interior do campeonato passado, que só entrariam na fase decisiva que poderia ter 32 clubes, que decidiriam o título nos mesmos moldes da Copa, durante um mês de disputa.
Ou seja: durante a maior parte do ano os clubes do interior disputariam a classificação, assim como os países disputam as eliminatórias do Mundial. Os custos seriam mais baixos, já que poderia haver a regionalização nas fases iniciais, visando viagens mais curtas e a montagem das equipes teria como base a prata da casa. Há bons jogadores em todo o estado, mas sem oportunidades.
Tenho certeza que todo ano veríamos mais revelações e jogos muito mais disputados, equilibrados e atraentes para o público.
A TV Minas, do governo mineiro, poderia transmitir a Segunda Divisão com um jogo ao vivo para todo o estado em cada rodada, gerando visibilidade, aumentando o interesse de prováveis patrocinadores para os clubes. A Globo ou qualquer outra rede privada continuaria com a Primeira, do jeito que já funciona, e Atlético e Cruzeiro não perderiam o filé da ótima e justa verba que recebem todo ano.
E quem sabe uma novidade do interior sendo campeão ou disputando a final contra um dos grandes da capital?
Certamente teríamos times bem entrosados, com jovens e bons valores lutando por seu espaço no futebol.
Na atual fórmula alguém acredita que o título escapará do Galo ou da Raposa? Talvez valha uma aposta no América, que muito de vez em quando dá o ar da graça na briga pelo título.
Alguém poderia dizer que estou me esquecendo do Ipatinga, campeão em 2005; vice em 2006, mas essa foi uma exceção, rara, e mesmo assim porque o Cruzeiro fez do clube do Vale do Aço a sua filial; uma chocadeira de luxo, onde ex-juniores promissores e contratados sem espaço na Toca da Raposa faziam o seu estágio. Como a ninhada era de boa qualidade, inclusive o treinador, Ney Franco, o Tigre fez história.
Mas, bastou sair debaixo do guarda chuva celeste que a carruagem virou abóbora e deu no que deu.
Depois de zanzar por Betim, Nova Serrana, Sete Lagoas e outras paragens, inclusive com o nome “Betim”, voltou às origens, retomou o nome e tomara que represente bem o Vale do Aço, honrando novamente a pujante Ipatinga.
Cidade forte econômica e politicamente, detentora de imprensa poderosa, que tem como um dos principais nomes o Fernando Rocha, que escreveu em sua coluna de hoje no Diário do Aço, a respeito da temporada mineira 2014:
—
* “… no próximo domingo teremos o início do Campeonato Mineiro da 1ª Divisão e, logo depois, a 2ª Divisão ou “Modulo II” como convencionou chamar a Federação Mineira.
Emoções fortes nos aguardam com as presenças simultâneas e inéditas de Galo e Raposa na Libertadores, a Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, tudo muito apertado com jogos até três vezes por semana, por conta da realização da Copa do Mundo em junho/julho.
Há, especialmente para nós do Vale do Aço uma grande expectativa em relação à volta do Ipatinga, sob o comando técnico de Reinaldo, o “Rei”, ídolo não só dos atleticanos, mas de todas as torcidas, pois se trata de um dos maiores jogadores na história do futebol brasileiro.
Também pela presença do Social na mesma disputa do “Módulo II”, elevando o termômetro da rivalidade regional, com asas presenças não menos ilustres do Democrata-GV e América de Teófilo Otoni, todos imbuídos do mesmo propósito de retornar à elite do futebol estadual…”